Quando era convidado a mudar-se para outro bairro ou cidade, o saudoso líder comunitário Wanderley da Rocha Ananias, o Buda, ex-presidente da Associação dos Moradores, respondia com simplicidade: “o melhor lugar do mundo é aqui; e agora!”. Na resposta, ele sempre estava se referindo ao Jardim 1º de Março, na região Norte de Cuiabá, que completa 29 anos de fundação neste domingo, dia 1º de março de 2020.

Wanderley Rocha Ananias, o Buda, era apaixonado pelo Jardim 1º de Março

Buda Rocha Ananias (in memorian) era apaixondo pelo Jardim 1º de Março. Assim como quase 90% dos demais moradores do bairro. “A alegria é a alma do bairro! O Jardim 1º de Março inteiro é muito festivo. Tem um povo animado e criativo. E cada rua é como se fosse uma extensão de tudo isso”, explicava Buda, que era presença garantida, na Feira Livre da Avenda Principal (Rubens de Mendoça), em frente à distribuidora do Bacana, nas tardes-noites de sábado.

Para quem vive na área central de Cuiabá, o bairro da região Norte é visto como perferia ou então “caminho para a Ponte de Ferro”. Já para quem é residente, o Jardim 1º de Março é visto quase como Alphaville ou Florais dos Lagos, endereços nobres da Capital de Mato Grosso.

O atual presidente da Associação dos Moradores do do Jardim 1º de Março, Rodrigo Barulho Lara, prometeu uma festa inesquecível, para o 30º anivesário, em 2021, inclusive com  possibiliadade de um show nacional. “Para este ano não deu, porque assumimos a associação em janeiro [de 2020] e não havia como planejar nada”, citou Barulho Lara, para a reportagem do Cuiabano News.

Edio Martins Souza, presiente da Ucamb, mora no bairro desde a fundação

“O bairro reúne tudo o que você busca para sentir-se bem em um só lugar: escola, centro de saúde, igrejas, supermercados. Tenho esperança de dias melhores, pois a  localização permite fácil acesso tanto pelo prolontamento da Avenida Rubens de Mendonça quanto pelo CPA-IV ou Três Barras. O local proporciona conforto e praticidade”, pontouou a moradora Roselei Hendges da Cruz, que acaba de se mudar.

Morador desde os primórdios da ocupação, o presidente da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb), Édio Martins de Souza, se confessa um apaixonado pelo Jardim 1º de Março.

“Aqui eu constitui a minha familia toda e criei raízes. Tive cinco filhos. Tenho filha com 29 anos e um filho com 19. Plantei a minha primeira árvore”, pontuou ele, recordando que plantou oito mudas de oiti,  defronte à unidade do Programa Saúde da Família (PSF). “Plantei e  reguei. Aqui finquei minha raiz. O velho Zé Martins ajudou fazer as grades de medeira, para evitar depredação”, citou ele, lembrando do auxílio do seu pai, José Martins de Souza (in memorian).

Edio Martins recordou que, apesar de ser o nome mais tradicional, o bairro nem sempre se chamou assim. Após a ocupação da área, o primeiro nome dado ao bairro foi Morrinhos. Alguns anos depois, o bairro recebeu o nome atual: Jarim 1º de Março, por causa da data de fundação.

Leonel Mesquita foi o primeiro presidente da Associação dos Moradores

Ja o primeiro presidente da Associação dos Moradores foi Leonel Mesquita. Legalmente, o Jarim 1º de Março possui 2.251 lotes  registrados pela antiga Compahia de Habitação Popular (Cohab) e Indsittuo de Terras do Estado (Intermat), mas tudo indica que já passa fácil de 2.400 – porque surgiram construções não autorizadas pela Prefeitura de Cuiabá, inclusive às margens do córrego Três Barras.

O coração do bairro é o Centro Comunitário Joel Preza, construído em regime de mutirão,  no começo da década de 1990, com apoio financeiro e político do deputado estadual Wilson Santos. “É necessário registrar o apoio importante do deputado Wilson Santos, na edificação. Aliás, ele veio ajudar assentar tijolos”, pontou Edio Martins.

No período de fundação, para evitar despejo, foi criada a Comissão de Moradores. “A primeira comissão trabalhou demais e recebeu o   apoio fundamental de um morador da região: Ataíde Dias de Moura, servidor do antigo Dermat e depois Detran, com sua esposa, dona Geire Luce de Souza Moura. Aliás, a dona Geire  fazia comida para comissão e eram muitos membros. Houve respaldo muito importante e relevante   da família Moura”, argumentou o presidente da Ucamb.

Atualmente, o presidente Rodrigo Lara (d) e a vice Regina L. Santos comandam a Associação dos Moradores Jardim 1º de Março

As primeiras máquinas para abrir as ruas, por conta da mata fechada,  em 1991, eram tratores de esteira. Por vezes, o maquinário ‘dormia’ na propriedade de Ataíde Moura.

Edio Martins afirmou que os deputados estaduais Wilson Santos e Serys Slhessarenko (PT) tiverem papel  fundamental, na época,  para não permitir o despejo dos ocupantes da area.

O presidente da Ucamb recordou que a primeira remessa de asfalto da foi para o prolongamento da Avenida Rubens de Mendonça (CPA), em 1998, porque era linha de ônibus. O prefeito de Cuiabá era Roberto França, tendo o arquiteto Marcelo Padeiro de Oliveira como secretário de Obras, implementando co emenda do então  senador Carlos Bezerra (MDB).

A primeira creche, atual CMEI Padre Armando Cavallo, foi uma conquista da gestão do então presidente Edio Martins de Souza. A primeira unidade estudandil foi a Escola Aristolino Alves Praeiro, construída pelo prefeito José Meirelles (in memorian).

E o primeiro centro de saúde também foi na gestão de Roberto França, viabilizado no mandado do à época presidente da Associaçaõ dos Moradors, Ataíde Dias de Moura.

Edio Martins lembrou que o bairro é grande e vem  sendo asfaltado desde 1998. As obras recebera emendas dos senadroes Carlos Bezerra e Serys Slhessarenko, e deputados federais Carlos Abicalil, Thelma de Oliveira e Eliene José de Lima.

Atualmente, o Programa Minha Rua Asfaltada está investindo recursos da Fonte 100 da Prefeitura de Cuiabá  para pavimentar as ruas “M” “J”, “I”, “F” e “G”, solucionando os problemas enfrentados pela população.

Escola Municipal Aristotelino Alves Praeiro, a primeira do Jardim 1º de Março, atualmente atende mais de 800 crianças.

Polícia Comunitária

A Companhia de Polícia Militar Comunitária do Três Barras destinou um Pelotão para o Jardim 1º de Março. E a própria construção da companhia, em regime de mutirão, já foi uma epopeia.

“A gente percorria as casas pedindo material apra construir pela compania. Recebíamos tijolos quebrados, bolsas de cimento pela metade e restos de areia. Aceitávamos tudo”, recordou Édio Martins.

E a articulação foi do movimento comunitário. O Presidente do Jardim 1º de Março era o próprio Edio. E, nos vizinhos:  César do Carmo Adorno, presidente do Três Barras; Moacy Alves Carvalo Jota, presidente do Doutor Fábio; Zero Bala,  no Umuarama; Zé de Barros, no Altos da Glória; saudoso Amarildo Montezuma (in memorian), no João Bosco Pinheiro; senhor Nilson Leão, no Nova Conquista, e a  professora Maria Orly, no Doutor Fábio II.

No mesmo embalo, os líderes comunitários conseguiram duas escolas estaduais, com ensino médio: Escola Estadual João Crisóstomo, no Doutor Fábio II, com o secretário de Estado de Educação, deputado Carlos Carlão Nascimento, na gestão do goverandor Dante Martins de Oliveira (in memorian); e Escola Atrativa Diva Hugueney, no Jardim das Aroeiras, com a então goverandor Blairo Maggi, hoje ex-senador e ex-ministro da Agricultura e Pecuária.

Tradição no Jardim 1º de Março:  Feira Livre da Avenda Rubens de Mendoça, em frente à Distribuidora do Bacana, todo sábado