O livro The Future (em português “O Futuro”), escrito pelo engenheiro inglês Archibald Montgomery Low e publicado em 1925, apresentava uma visão sobre como a ciência e as novas tecnologias poderiam moldar a vida no futuro.
Embora suas previsões tenham sido vistas na época como exageradas e “incessantemente imaginativas”, muitas delas, ao serem analisadas hoje, parecem tão precisas que poderiam dar a impressão de que Low teve acesso a uma máquina do tempo.
O relato do engenheiro divulgado no domingo (29) pelo jornal britânico The Guardian foi redescoberto por pesquisadores de genealogia do portal Findmypast, que mantém um acervo digital de jornais históricos totalmente acessível ao público. Eles criaram um compilado dessas previsões e criaram uma coleção em seu site, totalmente dedicada a ideias para o ano de 2025 concebidas há um século
Em frente ao seu tempo
Consideradas “horrores” pelo jornal britânico London Daily News em 1925, as previsões de Low incluíam despertadores por rádio, dispositivos semelhantes a um “rádio pessoal” para comunicações à distância, a possibilidade de ouvir notícias por alto-falantes durante o café da manhã e a utilização de escadas rolantes e calçadas móveis. Muito disso soa familiar aos aparelhos eletrônicos que temos hoje em dia.
Low fez previsões notavelmente precisas ao sugerir que “uma máquina de televisão” tomaria o lugar dos jornais ilustrados como principal fonte de informação e entretenimento. Ele também antecipou a criação de uma plataforma para transmissões globais acessíveis com o simples toque de um botão e o uso de câmeras secretas e dispositivos de escuta na captura de criminosos. Outras previsões acertadas incluíram as escadas rolantes e os telefones individuais.
Reconhecido como o “pai dos sistemas de orientação por rádio”, Archibald Low é uma figura de destaque na engenharia. Ele projetou a primeira aeronave drone motorizada e foi um dos pioneiros no desenvolvimento da televisão.
Além disso, Low esteve à frente de estudos sobre aviões, barcos torpedeiros e foguetes guiados, conhecimentos que foram aproveitados pelo governo britânico durante a Primeira Guerra Mundial.
Um recorte de jornal menciona que o engenheiro previu que os trabalhadores seriam acordados pontualmente por um “rádio-despertador”, programado para captar um sinal específico no momento desejado. Naquela época, as pessoas ainda dependiam de um knocker upper, um “despertador humano”, que caminhava pelas ruas batendo nas janelas com um pedaço de madeira.
Embora tenha acertado ao prever o uso do despertador eletrônico, a expectativa de que ele seria ajustado para “provavelmente nove e meia” parece ter sido um pouco exagerada.
Outro trecho revela que Low antecipava o uso da energia eólica e hidrelétrica: “o vento e as marés também devem ser aproveitados para o benefício humano”. Além disso, ele previu o uso de máquinas para executar “trabalhos árduos e desagradáveis”, com o artigo sugerindo que isso poderia ter impactos negativos “na saúde física e moral da humanidade”.
Low demonstrava grande entusiasmo pelo futuro. Suas ideias iam além de invenções como iluminar ruas com plantas luminescentes (1926) ou substituir a cavalaria por jatos de água eletricamente carregados (1923). Ele também imaginava um mundo onde o uso de calças pelas mulheres seria comum (1924) e a determinação do sexo antes do nascimento seria possível (1926).
“É incrível que um século atrás um cientista visionário pudesse prever como a tecnologia emergente — em sua infância na época — poderia ter mudado o mundo até 2025″, disse Jen Baldwin, especialista em pesquisa da Findmypast, em entrevista ao jornal The Guardian. “Isso faz você parar para pensar como os avanços que vemos ao nosso redor hoje serão vivenciados por nossos próprios descendentes.”
Porém, nem todas as ideias de Low foram bem recebidas em sua época. Em 1929, o jornal Daily Express reportou, com tom de indignação, que o professor era um “conservador declarado”, e que havia afirmado que levaria séculos para que “as mulheres se igualassem aos homens em inteligência” e que isso só aconteceria se elas adquirissem “características físicas masculinas”.
Embora contenham alguns erros, é inegável que as previsões feitas há cem anos demonstram uma precisão surpreendente. Agora, resta imaginar quais inovações, por mais improváveis que pareçam, irão surgir até 2125.
(Por Redação Galileu0)