Desde o final de maio de 2020, ou seja, há quase 1 ano e meio, Cuiabá vinha registrando pelo menos uma morte diária por covid-19, seja de residente ou não residente. Essa triste marca foi quebrada nesta sexta-feira (17), quando o painel Covid-19 da capital não registrou óbito pela doença, nem de morador e nem de pacientes oriundos de outras cidades internados na Capital. Os números de 3.455 óbitos de residentes e de 1.054 de não residentes registrado na quinta-feira (16) se manteve na sexta-feira (17).
Pandemia ainda não acabou
No entanto, as informações contidas no Informe Epidemiológico nº 24, relativo às semanas epidemiológicas 35 e 36 (29 de agosto a 11 de setembro), demonstram que ainda é cedo para uma avaliação positiva. O informe é elaborado tanto pela equipe de Vigilância em Saúde da Capital quanto por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O estudo lembra que desde o primeiro óbito por Covid-19 em residentes em Cuiabá, registrado em 15 de abril 2020 até 11 de setembro de 2021, a taxa de letalidade da doença ficou em 3,2%, índice que tem se mantido com pequenas variações desde a semana epidemiológica nº 35 de 2020 (30 de agosto a 05 de setembro) e que permanece mais elevado que o de Mato Grosso (2,6%) e do Brasil (2,8%).
O informe ainda traz o retrospecto de óbitos por covid-19 em residentes, mostrando oscilações no ano passado e que, a partir de dezembro de 2020, se observou aumento de mortes, padrão que persistiu nos quatro primeiros meses de 2021, sendo que o número de óbitos semanais no período de 14 de março a 24 de abril de 2021 foi maior do que o quantitativo no pico de mortes do ano de 2020 (28 de junho a 18 de julho de 2020).
De acordo com o informe, a ocorrência de óbitos nos meses de maio, junho e julho de 2021 tem apresentado tendência de redução, entretanto, no mês de agosto observou-se um aumento no número de óbitos na primeira quinzena e uma redução na segunda quinzena. A tendência de redução permaneceu nas duas primeiras semanas de setembro, mas os pesquisadores fazem o alerta:
“Embora evidencie-se certa estabilidade, os quantitativos se mantêm em patamares elevados, as oscilações são frequentes, e ainda é preciso destacar o aumento dos óbitos nas duas primeiras semanas de agosto e das internações nas duas últimas de julho, o que requer o incremento da assistência aos casos graves e, especialmente, o diagnóstico precoce e a qualidade do atendimento prestado aos casos graves da doença, além evidentemente da intensificação da vacinação na capital”, diz trecho do informe.
Prevenção deve ser mantida
Conforme os especialistas, até que a maior parte da população esteja vacinada contra a covid-19, será necessário combinar medidas para enfrentamento da pandemia, não descartando as medidas de prevenção e contenção (distanciamento físico e social, uso de máscaras, higienização, entre outros) visando a redução da taxa de transmissão do vírus, que voltou a aumentar entre o último e o penúltimo informes epidemiológicos.
A gerente de Vigilância Epidemiológica de Cuiabá, Flávia Guimarães, afirma que, se toda a população se manter engajada no combate ao vírus, usando máscara, lavando as mãos constantemente ou usando álcool 70% na impossibilidade de usar água a sabão, evitando aglomerações e buscando se vacinar, em breve será possível afirmar que a pandemia foi controlada e, aos poucos, retomar a vida normal. “A vacinação tem propiciado a grande diferença que temos observado no quadro pandêmico. É nítido que quanto mais atingimos a cobertura vacinal entre a população, os casos de covid-19 vem diminuindo. Entretanto, ainda não chegamos a uma situação de controle da pandemia, sendo muito preocupante a disseminação da variante Delta, que é altamente transmissível. Por isso, é fundamental lembrar que as vacinas disponíveis apresentam limites em relação ao bloqueio da transmissão do vírus e que a circulação dele está totalmente ligada ao comportamento das pessoas, que precisam se manter vigilantes”, aponta a profissional de saúde.