Estaca zero, hoje, mas com as cartas lançadas. Assim encontra-se a Assembleia Legislativa em relação àquilo que o deputado estadual Wilson Santos (PSD chama de desossa da Empaer. O desossamento é a sistemática política de desmonte daquela empresa estatal de assistência técnica e extensão rural em Mato Grosso, que somente não baixou as portas por conta de uma PEC aprovada pelos deputados, que proíbe tal ato. Nesta quarta-feira (30) a Comissão Especial sobre a Empaer, na Assembleia Legislativa, realizou sua segunda audiência pública para debater o cenário no desativado Centro Regional de Pesquisa e Transferência de Tecnologia de Cáceres, mas sem a participação do presidente da Empaer, Suelme Evangelista, que foi convidado para o ato. Insatisfeitos, os integrantes da Comissão Especial decidiram convocar não somente Suelme, mas, também, o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) e a secretária de Agricultura Familiar (Seaf), Andreia Carolina Domingues Fujioka para esclarecimentos; na primeira audiência Pivetta também foi convidado e não compareceu.
A data da convocação não foi definida, por conta da agenda parlamentar na Assembleia, mas deverá ocorrer no final de maio ou começo de junho, segundo o presidente da Comissão Especial e vice-presidente da Assembleia, Júlio Campos (União).
A data da convocação não foi definida, por conta da agenda parlamentar na Assembleia, mas deverá ocorrer no final de maio ou começo de junho, segundo o presidente da Comissão Especial e vice-presidente da Assembleia, Júlio Campos (União).
O clima é tenso entre a Empaer e seus servidores, sobretudo em Cáceres. A razão para o pé de guerra foi o desossamento do Centro Regional daquele município, que operava numa área de 200 hectares. Segundo Gilmar Brunetto – o Gauchinho, líder do Sinterp, o sindicato dos servidores da Empaer, “o cenário é cada vez pior desde 2019, quando Mauro Mendes assumiu o poder”. Gauchinho trava enfrentamento em várias frentes com a estatal, mas na audiência esvaziada por Suelme, sua luta seria somente pela manutenção do Centro Regional, ainda que seja preciso estabelecer parcerias com a Embrapa, Unemat, UFMT, secretarias municipais de Agricultura, sindicatos de trabalhadores rurais e sindicatos patronais rurais; essa proposta foi levada ao presidente da Empaer, que a desqualificou optando pela cessão do Centro Regional para a Unemat, sua vizinha, por um período de 10 anos.
A cessão, no entendimento de Gauchinho, “é nociva, pois a Unemat não tem a expertise da Empaer na área da pesquisa agronômica”, e além disso, segundo ele, a cessão resultará em demissões, além de mutilar um bem do Estado. A assessoria jurídica da Assembleia analisará o teor do documento entre a Empaer e a Unemat, para saber se o mesmo tem amparo legal.
Júlio Campos lamentou o posicionamento da Empaer e a ausência de sua direção nos debates sobre o tema. Júlio Campos destacou inúmeras conquistas agronômicas resultantes das pesquisas e experimentos naquele Centro Regional, instalado há 27 anos, e observou que na condição de engenheiro agrônomo não aceita a ideia da retirada de cena dos pesquisadores e outros servidores da Empaer.
Gauchinho revelou que a desativação do centro forçou a Empaer e manter em sua sede urbana em Cáceres, os seis servidores que trabalhavam naquela área. Vereadores e dirigentes de associações de trabalhadores rurais em Cáceres, Porto Esperidião, Vale de São Domingos, Jauru, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade, Salto do Céu, Rio Branco, Mirassol D’Oeste, Curvelândia, Campos de Júlio e de vários outros municípios fizeram duras críticas ao fechamento daquela unidade cacerense. O deputado Edcley Coelho (PSB), domiciliado em Vila Bela da Santíssima Trindade, fez um duro pronunciamento destacando que quando viaja de sua cidade para Cuiabá, passa ao lado do Centro Regional e que sente uma mistura de tristeza e de vergonha ao vê-lo abandonado, improdutivo.
Na abertura da audiência compuseram a mesa Júlio Campos, Wilson Santos, Edcley Coelho e o deputado estadual Chico Guarnieri (PRD); o presidente da Câmara de Cáceres, Flávio Negação (MDB); e o diretor do Instituto Federal de Mato Grosso em Cáceres, professor Reginaldo Antônio Medeiros. Com os trabalhos em curso, a deputada estadual Janaína Riva (MDB) juntou-se aos colegas de parlamento. O deputado estadual Gilberto Cattani (PL), em tratamento médico, acompanhou a audiência pela internet. Júlio Campos justificou a ausência do deputado estadual Eduardo Botelho (União), que segundo ele encontrava-se fora de Cuiabá participando de um casamento.
QUEIXA – Aproveitando o debate de interesse da agricultura familiar, o presidente da Associação dos Pequenos Produtores da Gleba São Vicente, em Nova Lacerda, Valdir Lima, entregou um abaixo-assinado a Júlio Campos pedindo ação parlamentar em defesa de seus associados, que não têm garantias jurídicas e muito menos acesso às linhas de crédito, por falta de regularização fundiária.
DENÚNCIA – Na véspera da audiência pública, Gauchinho protocolou uma denúncia no Ministério Público contra Suelme, acusando-o de efetuar gastos desnecessários e abusivos acima de 500 mil.
A denúncia cita que nos dias 4 a 6 de dezembro do ano passado, a Empaer desembolsou mais de meio milhão de reais em diárias, lanches e locação de som e de imóvel para o evento “Integração Seaf e Empaer”. Além de considerar elevado o montante, Gauchinho pondera que o mesmo deveria ter sido destinado para melhorar as condições de trabalho do pessoal da Empaer.