Vizinhos e problemas de violência em comum. Assim é a realidade de Mato Grosso e Rondônia, que juntamente com Mato Grosso do Sul e Acre fazem fronteira com a Bolívia – grande produtora de cocaína e derivados. Buscando afinar a sintonia regional para enfrentamento dos crimes transnacionais decorrentes do narcotráfico, o deputado Eyder Brasil (PL) presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia rondoniense, reuniu-se na tarde desta quinta-feira (22), com os deputados Elizeu Nascimento (PL), Júlio Campos (União), Wilson Santos (PSD) e Edcley Coelho (PSB) para levar adiante sua proposta visando uma ação parlamentar interestadual, junto ao governo federal, para fortalecimento do patrulhamento fronteiriço e por investimento nas forças estaduais que operam na fronteira e na faixa de fronteira.

A reunião de Eyder Brasil com seus colegas mato-grossenses aconteceu numa sessão da Comissão de Segurança Pública e Comunitária da Assembleia, presidida por Elizeu Nascimento. O parlamentar rondoniense alertou sobre a ausência do governo federal na fronteira e da falta da valorização profissional para os policiais militares ali destacados tanto em Rondônia, quanto em Mato Grosso e nos outros dois estados. Os deputados mato-grossenses abraçaram a proposta, e em conjunto às comissões da área em suas respectivas Assembleia definirão um calendário para a atuação em bloco.

Membro da comissão anfitriã, o vice-presidente da Assembleia, Júlio Campos, endossou a fala do visitante e fez um breve relato da situação. O deputado citou que Mato Grosso tem uma fronteira com a Bolívia, de 983 km sendo 730 km em solo firme, numa área de baixa densidade populacional e que se espalha pelos municípios de Poconé, Cáceres, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro. Júlio Campos citou que o vazio demográfico e a facilidade para cruzar a fronteira por incontáveis trilhas no cerrado, chamadas de cabriteiras, são aproveitados pelos narcotraficantes para a entrada da droga no Brasil, e pelos mesmos caminhos carros e motos roubados e furtados do lado brasileiro são levados para a Bolívia .

Os deputados mato-grossenses falaram a Eyder Brasil, da preocupação que todos têm pelo avanço da criminalidade e das organizações criminosas. De igual modo elogiaram a atuação do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), criado há 23 anos e aquartelado em Porto Esperidião, à margem da BR-174, da malha rodoviária que liga Mato Grosso a Rondônia, Porém, todos com o mesmo entendimento defendem investimentos federais para a segurança na fronteira e melhor remuneração para os profissionais que ali atuam, inclusive dando cobertura ao funcionamento de órgãos estaduais de arrecadação e de fiscalização sanitária e fitossanitária.

Deputado Eyder Brasil

O deputado Eyder Brasil é sargento aposentado do Exército, conhece a realidade da criminalidade em Rondônia e vizinhança. O deputado acredita que a sintonia entre as Assembleia será importante na luta contra o narcotráfico e consequentemente com as organizações criminosas, mas para o sucesso de sua proposta será necessária a participação da classe política, de modo suprapartidário

BOLÍVIA – A fronteira Brasil-Bolívia tem 3.423 km de extensão. Começa em Corumbá (MS) e se estende a Assis Brasil (AC). Nos quatro estados, há vazios demográficos, o que facilita a ação dos criminosos, inclusive operando drones que transportam droga, em voos curtos, praticamente impossíveis de serem impedidos pela Força Aérea Brasileira. Uma fonte da segurança explicou que o drone levanta voo do lado boliviano, e num curto trajeto entrega no solo brasileiro seu carregamento de cocaína para alguém já posicionado para o recebimento. Por terra ou por rios e igarapés torna-se muito difícil a intercepção da droga. Para enfrentar esse moderno modus operandi do narcotráfico é preciso investimento e equipamentos, alerta Eyder Brasil.