O deputado federal Abílio Brunini (PL) voltou a tumultuar o Congresso Nacional durante a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária nesta quintafeira (7). O bolsonarista afirmou que não conseguiu entender a lógica da alteração na cobrança de impostos.

Segundo ele, o projeto teria sido redigido por “comunistas” e fará com que os pobres paguem mais impostos, enquanto os ricos ficarão isentos. Dessa forma, ele condenou o posicionamento de partidos de esquerda favoráveis ao projeto.

Mesmo com protestos de diversos parlamentares, a PEC foi aprovada com 382
favoráveis a 118 contrários no primeiro turno. Já no segundo turno, a proposta
foi aprovada por 375 votos a favor e 113 contra.

“A esquerda é cega. Se é para apoiar o líder quadrilheiro deles, não importaquão mal faz para a população. Se fosse Bolsonaro apresentando a reforma tributária, estava todo mundo pegando no pé do Lira (presidente da Câmara Federal). Esse é um projeto que a esquerda vai pagar caro na sua história.

Ainda estou tentando entender qual é a lógica da reforma tributária proposta por um grupo de comunistas. Nunca vi comunista querendo ajudar empresário. Também nunca vi comunista querendo incentivar o consumo porque agora o tributo será aonde consome mais e vai dar mais dinheiro para quem consome mais”, disse Brunini, aos berros, na tribuna da Câmara Federal.

Os oito parlamentares que integram a bancada federal de Mato Grosso, seis votaram contra a reforma, sendo eles: Abílio, Amália Barros, José Medeiros e Coronel Fernanda, todos do PL, e defensores do bolsonarismo, além de Flavinha (MDB) e Coronel Assis (União Brasil), que também é bolsonarista. Favoráveis à proposta votaram Emanuelzinho (MDB) e Fábio Garcia (União Brasil). Na visão de Abílio, houve uma inversão de valores na votação da proposta.

Segundo ele, a esquerda passou a defender os ricos, enquanto a direita saiu em defesa das pessoas em vulnerabilidade social. “Às vezes, tenho a sensação que a esquerda faz discurso de esquerda, briga como esquerda e ajuda os ricos. A direita faz o discurso de liberal, briga como liberal e está chorando aqui para ajudar os pobres. A esquerda com um chapéu, cocar, etc, defendendo a redução do imposto para o agro. E o ‘índio’ quebrado, que não ganha dinheiro de nada, e vai tudo para as ONGs vai pagar caro nas lojinhas das cidades pobres do interior. É o PSOL concordando com o aumento de imposto para as escolas e concordando com a redução de imposto para os bancos. Eu não estou entendendo mais nada”, reclamou o deputado que tem pretensões de ser o próximo prefeito de Cuiabá.

IRONIA

Devido à repercussão das falas de Abílio, o jornalista Guga Noblat, comentarista do programa ICL Notícias, utilizou seu Twitter para criticar o parlamentar. “O cara está perdidinho fazendo um discurso contra o comunismo. Quem votou nesse comédia? Ele acha que o governo Lula é comunista. Imagina o eleitor desse cara, quem elege um sujeito tão fora da caixinha assim? É um personagem da Praça é Nossa? Ou da Escolinha do Professor Olavo [de Carvalho]?”, disse na publicação.

O canal do youtube Meteoro Brasil, que tem mais de 1 milhão de seguidores, também detonou o posicionamento de Brunini, que foi classificado como “fascista” pelo apresentador. Ainda, o vídeo contrapõe as falas do deputado federal, uma vez que demonstra que tanto a direita quanto a esquerda estavam descontentes com a redação do projeto e que não era o que eles tinham em mente.

Brunini já possui uma extensa lista de polêmicas protagonizadas Congresso Nacional. Na última discussão, o deputado tentou atrapalhar o depoimento do coronel do Exército Jean Lawand Júnior, na CPI dos Atos Golpistas, realizada no dia 27 de junho deste ano.

O militar apareceu em mensagens incentivando Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a dar um golpe de Estado. Ele estava respondendo questionamentos do deputado Duarte Júnior (PSB-MA) que foi interrompido por Abílio, que sequer faz parte da Comissão Parlamentar de Inquérito. Foi então que o bate-boca entre os congressistas se iniciou.

(Folha Max)