Pesquisadores descobriram restos dentários de neandertais na Caverna Arbreda, no Parque das Cavernas Pré-históricas de Serinyà, em Girona, no nordeste da Espanha. Eles publicaram o estudo em 10 de novembro na American Journal of Biological Anthropology, que foi liderado por Marina Lozano, do IPHES-CERCA, em colaboração com o Instituto Catalão de Pesquisa em Patrimônio Cultural (ICRPC-CERCA) e a Universidade de Girona.
A equipe identificou três dentes pertencentes a indivíduos de diferentes idades: um bebê, um jovem e um adulto. Duas dessas arcadas dentarias têm mais de 120.000 anos e foram encontrados no Nível N. Já o terceiro dente, do Nível J, foi datado entre 71.000 e 44.000 anos, sugerindo que os neandertais ocuparam a caverna em dois períodos distintos.
Esses dentes mais recentes têm particular interesse para os estudiosos. Eles foram encontrados em uma camada que coincide com o período de transição do Paleolítico Médio para o Superior, quando humanos modernos começaram a se espalhar pela Europa. Essa sobreposição temporal abre novas possibilidades para estudar as interações entre neandertais e Homo sapiens, incluindo estratégias de subsistência e possíveis trocas culturais.
“Os vestígios mais modernos são particularmente interessantes, pois contribuem para o estudo das estratégias de sobrevivência dos últimos neandertais na Península Ibérica e para compreender um cenário de possível coexistência com humanos modernos”, acrescentou Lozano, em comunicado.
A Caverna Arbreda foi ocupada por neandertais entre 140.000 e 39.000 anos atrás e, posteriormente, por humanos modernos entre 39.000 e 16.000 anos. Ao longo dos séculos, o local serviu como abrigo para grupos familiares e para animais. As escavações revelaram cinco camadas culturais que vão do Paleolítico Médio ao Neolítico, incluindo ferramentas musterianas típicas dos neandertais e vestígios de ocupações curtas e prolongadas.
Avanços Tecnológicos na Arqueologia
Para desvendar os segredos desses dentes, a equipe utilizou microtomografia avançada (µCT) para criar modelos tridimensionais detalhados, revelando características como a espessura do esmalte, a junção esmalte-dentina (EDJ) e o volume da cavidade pulpar. A microscopia eletrônica de varredura foi empregada para avaliar possíveis alterações pós-deposicionais na superfície dentária.
Esses avanços na tecnologia ajudam os arqueólogos a terem mais informações dos antigos habitantes, desde a primeira escavação dessa caverna em 1972. Ao longo do tempo, foram encontradas no local ferramentas musterianas, tipicamente associadas aos neandertais e como eles sobreviveram as mudanças climáticas e ambientais.
“A descoberta nos permite entender melhor a presença dos neandertais em Arbreda em diferentes épocas, incluindo um período próximo à sua extinção, quando eles podem ter coexistido com humanos modernos”, explicou a líder da escavação.
(Redação Galileu)