O delegado Victor Oliveira, responsável pela investigação sobre o assassinato de Benedito Cardoso dos Santos por discussão política, em Confresa, a 1,2 mil quilômetros a noroeste de Cuiabá, disse que uma segunda testemunha deve ser localizada para prestar esclarecimentos à polícia. Essa pessoa trabalhou junto com Benedito e com o bolsonarista Rafael Silva Oliveira, autor do crime.

De acordo com o delegado, a expectativa é de que isso seja feito nesta segunda-feira (12).

Ainda, segundo Oliveira, a maioria das testemunhas já foram ouvidas. Os laudos técnicos de necropsia e do local do crime também devem ser concluídos nesta semana.

Neste sábado (10), uma testemunha próxima do autor do crime foi ouvida pela polícia.

Após colhido os testemunhos e o parecer dos laudos, o delegado informou que deverá remeter o inquérito ao Judiciário. Contudo, uma previsão acerca do término desta investigação policial somente deve sair depois de cumprida essa etapa das testemunhas.

Benedito Cardoso dos Santos, 44 anos, foi assassinado durante discussão por questão política

Entenda o caso

O bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, de 22 anos, se desentendeu com o colega de trabalho Benedito Cardoso dos Santos, de 42 anos, apoiador do ex-presidente Lula, e o matou com ao menos 15 golpes de faca e machado. O crime ocorreu em uma chácara em Agrovila, zona rural de Confresa, cidade a 1.161 quilômetros a nordetse de Cuiabá.

Segundo o delegado, os dois homens trabalhavam juntos no corte de lenha em uma propriedade e, na noite de 7 de setembro, começaram a discutir sobre política.

“O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula, e o autor defendendo o Bolsonaro”, disse o delegado.
Segundo a Polícia Civil, Benedito deu um soco no rosto de Rafael e, em seguida, pegou uma faca. O autor do crime, então, partiu para cima da vítima e tomou para si a arma branca.

Ainda conforme a versão apresentada pelo delegado, Benedito teria corrido e Rafael o perseguiu e começou a golpeá-lo pelas costas. A vítima caiu no chão, momento em que o autor aproveitou para acertá-la com golpes no olho, no pescoço e na testa.

De acordo com o delegado, Rafael foi até um barracão pegar um machado e voltou até Benedito, que ainda estava vivo, e o acertou no pescoço, na tentativa de decapitá-lo.

O autor escondeu as armas do crime e foi andando até a cidade de Confresa, chegou ao hospital e solicitou atendimento médico, porque estava com um corte na mão e outro na testa. Ele alegou que tinha sido vítima de uma tentativa de roubo.

O suspeito foi encaminhado para a delegacia para prestar depoimento e confessou o crime. O suspeito foi preso em flagrante por homicídio qualificado, por motivo fútil e cruel. A prisão em flagrante foi convertida para preventiva.

Os policiais encontraram a faca e o machado e outros elementos que apontavam para o suspeito no local do crime.

De acordo com a Polícia Civil, durante o interrogatório, Rafael disse que “nenhum concordava com a opinião do outro”. Ele chegou a gravar um vídeo do corpo da vítima e formatou o celular antes de entregar o aparelho para um amigo. Segundo a polícia, uma perícia está sendo feita para recuperar o registro no celular.

Bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, de 22 anos, desferiu pelo menos 15 facadas, ao matar o seu colega de trabalho.

Repercussão

Pelas redes sociais, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou o assassinato, a facadas, de um simpatizante petista durante discussão com um bolsonarista.

“É com muita tristeza que soube da notícia do assassinato de Benedito Cardoso dos Santos, na zona Rural de Confresa. A intolerância tirou mais uma vida. O Brasil não merece o ódio que se instaurou nesse país. Meus sentimentos à família e amigos de Benedito”, disse Lula por meio de uma rede social.

O candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, não se manifestou sobre o crime.