O delegado Hércules  Batista Gonçalves, da Polícia Civil de Mato Grosso, responsável pela investigação da morte do agente penitenciário Alexandre Miyagawa pelo vereador Marcos Paccola (Republicanos), afirmou  que a apuração do caso deve ser concluído em 30 dias e está sendo feita “sem paixões e sem adentrar em outras visões”.

É a primeira vez que o delegado se pronuncia sobre a investigação.

Em entrevista coletiva, Hércules destacou que a delegacia já ouviu o vereador ainda no dia do homicídio e trabalha para esclarecer os fatos o quanto antes.

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“O trabalho da delegacia está sendo produzido de forma técnica, sem adentrar em paixões, sem adentrar em outras visões. Cada instituição cumpre com seu papel. Cabe à delegacia definir a autoria e a materialidade do homicídio. O que ocorreu lá é um homicídio e o trabalho está se desenvolvendo”, afirmou.

Segundo ele, as testemunhas foram ouvidas, as imagens das câmeras de segurança também foram recolhidas e estão sob análise da polícia. Ele disse que o prazo estabelecido em lei para a conclusão do inquérito é de 30 dias.

Para afastar quaisquer dúvidas, Hércules informou que o trabalho tem se dado de forma séria.

“Nosso trabalho vem sendo desenvolvido de uma forma séria, robusta e se for identificado que for necessário ouvir novas testemunhas, elas serão ouvidas. A lei estabelece um prazo de 30 dias para que a gente conclua as investigações. Acreditamos que iremos concluir nesse prazo”, contou.

Entenda o caso

Alexandre Miyagawa foi assassinado na noite de sexta-feira (1º), no bairro Quilombo, na capital, quando estava com a namorada, Janaina Sá, após uma confusão em frente a uma distribuidora.

O casal estava num carro branco que tinha entrado na contramão na Rua Presidente Arthur Bernardes minutos antes, porque Janaína queria usar o banheiro da distribuidora.

Após uma confusão, o agente teria sacado uma arma e levantado para cima, segundo uma testemunha. Então, Janaína sai da distribuidora e o namorado segue logo atrás. Nesse momento, o vereador Paccola aparece e efetua os disparos nas costas de Alexandre.

Segundo testemunhas, o vereador parou no local em razão do tumulto e desceu do carro com a arma na mão. Ao ouvir o que acontecia, ele foi até o local onde estavam Janaína e Alexandre.

O que diz o vereador

Paccola se pronunciou sobre o caso pela primeira vez, em coletiva na Câmara de Vereadores, nessa segunda-feira (4).

Ele afirmou que seguiu um “procedimento técnico” e agiu de “forma correta” diante da situação.Pedido de cassação do vereador Marcos Paccola foi apresentado ao presidente da Câmara de Cuiabá — Foto: Secom Câmara de Cuiabá

Pedido de cassação do vereador Marcos Paccola foi apresentado ao presidente da Câmara de Cuiabá — Foto: Secom Câmara de Cuiabá

Paccola ainda prestou condolências à família de Alexandre e disse que não iria rivalizar com a namorada dele em relação às versões do que aconteceu.

“É triste demais, na minha posição. Então, imagina tirar a vida de um colega de profissão em uma situação que eu realmente não gostaria de estar passando, mas na certeza de ter feito o procedimento técnico, da forma correta”, afirmou.

O que diz a namorada

Janaína Sá disse, em vídeo publicado nas redes sociais, que entrou com o carro na contramão porque queria ir até o banheiro da distribuidora de bebidas, o que motivou um princípio de confusão no local. O namorado dela, Alexandre, também era conhecido como ‘Japa’, em razão da descendência.

“Sai andando rápido para ir no banheiro na distribuidora e o ‘Japa’ tem mania de andar com a mão na camisa, mania de policial, tipo fazendo guarda atrás de mim e disse: ‘amor espera’. Depois disso eu só vi ele caindo no chão”, disse.

Segundo ela, Alexandre estava com um aparelho eletrônico na mão no momento em que foi atingido pelos tiros disparados pelo vereador Paccola.

“Era o celular. Nos vídeos dava para ver que a arma tava nele e tiraram. Ele estava com o celular porque estava o corpo, o celular e a carteira que estava caída no chão. Se ele tivesse com a arma na mão, como o vereador está falando, quando ele tivesse caído, a arma estaria lá, mas estava na cintura, então morto ele colocou na cintura? Depois ele estava falando que deu voz de prisão. Ele não deu porque eu vi”, disse.

Os dois mantinham uma boa relação e não houve qualquer ameaça ou briga na ocasião, segundo ela.

Testemunhas ouvidas

De acordo com uma das testemunhas, que não quis se identificar, não houve nenhuma agressão contra Janaína por parte de Alexandre. Porém, a testemunha afirmou que ela pediu para que o namorado sacasse a arma em meio à confusão.

“Eu nem conhecia o Paccola, eu só vi quando chegou uma pessoa de camiseta preta, ficou de braço cruzado analisando, ele ia e voltava. Analisou bem a situação, ouvindo e em um momento ele disse “é só briga, discussão”, mas a mulher se alterou com alguém dentro da distribuidora, virou e falou para o Japão: ‘saca sua arma e atira em todo mundo. Saca sua arma aí”, contou.

Testemunhas ouvidas

De acordo com uma das testemunhas, que não quis se identificar, não houve nenhuma agressão contra Janaína por parte de Alexandre. Porém, a testemunha afirmou que ela pediu para que o namorado sacasse a arma em meio à confusão.

“Eu nem conhecia o Paccola, eu só vi quando chegou uma pessoa de camiseta preta, ficou de braço cruzado analisando, ele ia e voltava. Analisou bem a situação, ouvindo e em um momento ele disse “é só briga, discussão”, mas a mulher se alterou com alguém dentro da distribuidora, virou e falou para o Japão: ‘saca sua arma e atira em todo mundo. Saca sua arma aí”, contou.

Repercussão política

A Procuradoria da Câmara de Cuiabá entregou um parecer favorável à cassação do mandato do vereador Paccola nesta quinta-feira (7). Essa decisão vem após a parlamentar Edna Sampaio (PT) protocolar um pedido de afastamento por quebra de decoro de Paccola.

Segundo a vereadora, esse caso serve de exemplo para toda a população sobre o uso indiscriminado de armas.

“Esse episódio deve servir como exemplo para todos nós que porte de arma e uso coloca em segurança todo mundo. Se um policial altamente treinado, de excelência como é o Paccola, não conseguiu atirar para imobilizar, imagina um cidadão comum que não tem treinamento nenhum”, afirmou.