A Defensoria Pública do Estado enviou ofício à Secretaria de Saúde de Mato Grosso e do município de Campo Verde para que abasteçam a rede pública com soro antiofídico contra a picada de jararaca. A medida visa evitar tragédias como a morte da policial penal Luciene Santos, de 44 anos, vítima de uma picada da cobra no último dia 25 de abril.
O prazo proposto pela Defensoria Pública para que o insumo esteja disponível no Hospital Municipal é de 15 dias. Pedido leva em consideração a alta incidência dos acidentes com cobras jararacas em Campo Verde, que aparece entre as cidades com mais casos no país.
Dados publicados na imprensa local informaram que de 2020 até março de 2022, 61 pessoas teriam sido picadas por cobras em Campo Verde. Para evitar que o veneno se espalhe pela corrente sanguínea e cause a morte é necessário o uso do antiofídico logo após a picada. O produto funciona para bloquear o envenenamento e a falência dos órgãos.
No ofício encaminhado ao Estado, a defensora pública que atua na comarca, Tânia Vizeu, afirma que garantir o fornecimento do soro na cidade é fundamental para salvar vidas, diante das graves estatísticas. Ainda segundo a imprensa local, em oito anos, três pessoas morreram vítimas de picada de cobra e inúmeras ficaram com sequelas causadas pelos ataques.
Tânia ainda solicita ao Estado dados oficiais sobre o número de pessoas vítimas de picadas de cobras, por espécie, nos últimos cinco anos em Campo Verde; quantas foram vítimas de picadas de animais peçonhentos no geral; quantas precisaram do soro antiofídico para jararaca e se foi necessário pedir socorro em outros municípios.
À secretaria de Saúde do município, a defensora pede que informe qual lugar o município ocupa no ranking estadual e nacional de registros de picadas de cobras; quais os motivos de não ter o bloqueador do veneno para jararaca no local; quais providências o município já tomou para resolver o problema da falta do medicamento acessível aos moradores locais; qual o motivo de ainda não ter e quantas doses seriam necessárias para garantir segurança dos moradores da zona urbana e rural.
“Pelos casos e relatos da população, os ataques de jararaca aqui ocorrem em grande número, principalmente na zona rural, e se intensificam nos meses de abril a julho. Tomamos providências para evitar novos registros de morte e que a população fique com sequelas graves por não ter socorro rápido e adequado, como a natureza do problema exige. A eficácia do soro está diretamente ligada à quantidade do veneno e a rapidez de sua aplicação após a picada. Qualquer um que more aqui, teme precisar do remédio e ter que viajar quilômetros para tê-lo”, afirma Tânia.
Caso a demanda não seja cumprida pela via administrativa, a defensora assegurou que moverá uma ação civil pública para garantir o remédio na rede local.
“A providência é necessária a fim de dirimir a situação de hipervulnerabilidade da população campoverdense, em especial, os habitantes de assentamentos na zona rural, que são, além de hipossuficientes, os mais expostos aos ataques”, concluiu.