Muricy Ramalho assumirá o cargo de coordenador de futebol do São Paulo e garante que não há chance de assumir a função de técnico, ainda que interinamente, do clube. Para que não reste dúvida, fará constar em contrato uma cláusula que o impede de se sentar no banco tricolor.
Agora ex-comentarista da Globo, Muricy participou do Bem, Amigos, nesta segunda-feira, no Sportv, em sua despedida do canal.
Ele aceitou convite do presidente recém-eleito do São Paulo, Julio Casares, que assume no dia 1 de janeiro.
Muricy contou que terá a missão de ser uma ponte entre jogadores e comissão técnica e a direção. Para evitar especulações, colocará no contrato a cláusula que o proíbe de assumir a função de treinador.
– Com certeza, se tem uma cláusula que vou por é essa. Para não ter dúvida. Futebol é muito sensível. Time tem mal resultado, empata, e vão falar que Muricy está dando brecha. Não quero mais. Só falar não dá. Quero por no contrato, senão fica aquela coisa: Muricy está aí, até contratar um técnico você pega – disse.
Segundo Muricy, sua ideia é ajudar a formar técnicos no São Paulo:
– Por isso quero um projeto de preparar um técnico da casa. Que nem o Telê fez comigo. Meu papel é outro, é apoio à comissão técnica.
Muricy contou que ainda não assinou o contrato com o São Paulo, mas que o acordo será válido por três temporadas. Ele também defendeu e elogiou o técnico Fernando Diniz e afirmou que entender ser melhor a manutenção da atual diretoria de futebol, com Raí e Alexandre Pássaro, até o fim do Brasileiro, em fevereiro.
Veja outros trechos da participação de Muricy no Bem, Amigos:
Convite
– É o clube, e também junto a proposta que foi muito bem feita. Eu não vou chegar num lugar que vou tomar lugar de ninguém. É um posto que não tem. É difícil falar não. Acho que (o São Paulo) precisa de alguém que tenha experiência, que é meu caso.
– O convite foi bem feito, vou ter autonomia. O mais importante que vou fazer lá é o meio-campo entre comissão técnica, jogadores e dirigentes. E outra coisa que é fundamental são as contratações. Jogadores são muito caros. Claro que vai errar, mas não errar tanto. Senão fica muito caro o futebol.
Fernando Diniz
– Eu tive a felicidade lá atrás de enfrentar o Audax. Depois do jogo encontrei com ele no estacionamento e falei: “Um dia ia trabalhar com você”, ou “Trazer para o São Paulo”, algo nesse sentido. Sempre achei diferente. Ele não te empresta a bola. Muito difícil jogar contra o time dele… Por incrível que pareça, já falei para ele várias vezes, eu gostava de ver o Audax jogar porque era totalmente diferente de tudo o que a gente vê. Como é o São Paulo, não tem nada parecido. Ele é diferente de tudo o que está aí. Vai ser um prazer estar com ele, ver de perto os treinamentos, gosto muito.
– Eu converso com o Diniz de vez em quando. A primeira coisa que tenho de fazer é conversar com o Diniz. Ele é o chefe lá, tenho de dar todo apoio, ver o que está sentindo. Futebol não dá para esperar, tem de planejar antes. O São Paulo sempre foi assim, seis meses antes de acabar o ano já tinha quem ia trazer e perder. A gente contratava pouco. O São Paulo hoje tem ideia de jogo, é importante e facilita no mercado. Mas o Diniz é o primeiro que quero conversar, explicar minha função… Eu preciso de uma ideia do que ele pensa para frente. O mais importante agora é Copa do Brasil e Brasileirão. Mas no planejamento tem de sair na frente. Essa conversa, não sei se vai ser no CT ou não, vou ter.
Recuperação do clube
– Eu dei minha opinião em relação a isso, o São Paulo demorou a achar o caminho. Isso acontece, vai aprendendo com erros até achar o caminho. O grande acerto do pessoal que está lá foi acreditar numa ideia de jogo. Acreditaram, no momento ruim do time, na desclassificação do time no Paulista, na Sul-Americana, a pressão foi grande em cima do treinador. O grande mérito do Raí, do Pássaro, do Lugano, de manter e acreditar. Eles estão no dia a dia, é esse papel que vou exercer também.
Manutenção da diretoria até o fim da temporada
– O Diniz recuperou e lançou jogadores, teve alguns ajustes que teve fazer, o que é legal da parte dele. Não é momento, não tenho vaidade. Meu contrato é de três anos, tenho bastante tempo para trabalhar. Acho que o pessoal tem de ficar até o final da competição, depois o presidente vai fazer o que ele acha. Agora não se pode criar um fato. Futebol é assim, fato positivo ou negativo, e se é negativo pode desandar o negócio. Tem de deixar quieto, tranquilo. O Casares é um cara sensato, tranquilo, gestor. Ele vai fazer essa transição bem tranquila, não mexer com time, vai continuar jogando com apoio da diretoria. Ainda não sei, não assinei contrato. O que vale é palavra. Não tenho nada que estar me metendo agora no negócio que está indo bem. (Globo Esporte)