O Brasil enfrenta uma pandemia do novo coronavírus. No futebol, campeonatos foram suspensos e , reclusos em casa em quarentena, atletas buscam formas alternativas de manter ao menos um pouco de atividade. Na China, que encarou a situação extrema no começo do ano, já se vive uma nova fase. Jogadora do Changchun Dazhong há mais de quatro temporadas, Rafaelle retornou ao país na última semana para a reapresentação ao clube.

A zagueira havia deixado o local antes da fase crítica. Acabou não retornando em razão da paralisação das atividades por lá. Esteve então com a seleção brasileira no Torneio da França, no começo de março, e depois passou no Brasil para pegar alguns itens antes de voltar à Ásia. Como a China já vive um momento de mais controle em relação à propagação do coronavírus e pela passagem de Rafaelle pelo país europeu, a zagueira precisou seguir direto do aeroporto para uma quarentena em um hotel na cidade do seu time. O detalhe é que metade do valor da hospedagem no hotel é subsidiado pelo governo chinês. Para ela, em especial, o restante é pago pela sua equipe.

– Como estive na Europa já me colocaram em quarentena na saída do aeroporto. Aqui, as informações que eu tenho é que está tranquilo e meu time já está treinando. Daqui sete dias vou estar treinando com elas. No mesmo hotel comigo está a Sole James (atacante argentina que também atua na China) e a fisioterapeuta do clube (brasileira). Nós 3 estamos no hotel de quarentena. Estamos em um hotel cada uma num quarto. Esse hotel é um convênio do governo, é uma medida do governo (para conter o coronavírus). Você paga um valor menor e o governo paga metade. Todos os estrangeiros vindos da Europa precisam fazer isso. Não tem mais casos locais na China – há cinco dias não são mais registrados casos locais do vírus – só os que vêm de fora. Eles fazem essa quarentena para conter isso. Eles medem minha temperatura de manha e de noite e fizeram o teste para coronavírus logo que cheguei – afirmou Rafaelle.

A defensora contou que o teste feito nela é o que dá o resultado em até quatro dias. Mesmo assim ficará de quarentena por 14 dias. Na próxima semana já estará liberada para os trabalhos com o grupo. Segundo o que o clube passou a ela, o campeonato voltará a ser disputado no próximo mês.

– Nesse teste do coronavirus. tiram uma amostra da garganta da saliva. Examinam se tem vírus. Nada invasivo. Bem rápido . Em quatro dias sai o resultado. Tem gente que faz no aeroporto. Quando a gente pousou entrou uma equipe imunizada. Viram a temperatura de todos a bordo. No voo, tinha uma criança com febre e todos que estavam em volta fizeram o teste já no aeroporto. Como eu estava sem sintomas, eu fui liberada e fiz o teste no hotel – disse.

Rafaelle conta que, nesse hotel designado pelo governo chinês aos que vêm de fora da China e precisam ficar obrigatoriamente em quarentena por 14 dias, os profissionais que levam a comida usam uma roupa especial para evitar qualquer possibilidade de contaminação. Ela diz que a ação da reclusão no hotel foi tomada até mesmo por eles não terem fechado a chegada de pessoas do exterior.

– Impressionante aqui o quanto que eles se preocupam. Pessoal que entra com comida entra com roupa especial. Eles não fecharam fronteira pra nenhum pais, mas quem chega tem ficar nesses hotéis – declarou Rafaelle.

Rafaelle sofreu em outubro de 2018 uma séria lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Ficou um ano sem ser convocada para a Seleção e enfrentou um longo período de recuperação. Agora, voltando antes às atividades até mesmo em relação ao restante do mundo, ela acredita que pode emparelhar-se ao nível físico do restante das jogadoras e garantir a superação desse gap físico.

– Acho que pra mim vai ser bom o período. Enquanto algumas seleções vao estar perdendo nível de treino eu vou estar treinando , jogando. Isso vai me ajudar a estar bem. Mas também tivemos uma reunião da Seleção para estar todo mundo bem. Também não adianta uma estar preparada e o restante não – garantiu.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, os Jogos Olímpicos não devem mais ocorrer em julho. Rafaelle ressalta a importância do COI definir o quanto antes a nova data até mesmo para os atletas planejarem seus treinamentos. Ela acredita acredita que seria um risco a realização em julho da competição. Nesta segunda-feira, um dos membros do Comitê Olímpico Internacional revelou que já foi batido o martelo de que as Olimpíadas não começam em 24 de julho.

– Pela situação que está no mundo está arriscado ser agora. Como se tem Olimpíada de 4 em 4 anos não vale a pena arriscar. A melhor medida seria eles decidirem com antecedência. O quanto antes eles decidirem melhor para preparar. Demorar vai prejudicar. (Globo Esporte)