Quem é você? Sou alguém inscrito no CPF tal e com RG sob tal número. Então, você é um número? Um nome associado a uma forma física? Não, quero saber da sua essência, no que se tornou, a real identidade.

As máscaras cairão; essa que se apresenta, hoje, sucedeu outra, que perdurará por pouco tempo até a próxima. Continuarão caindo numa constante de espaço de experiências.

A sua história, o caminho percorrido e as conclusões herdadas do aprendizado, eis você, agora sem cores a anuviar a essência.Prazer, andarilho de um caminho complexo, também herdado do caminhar de outros viajantes, ou ainda, em homenagem a Ulisses Guimarães, navegantes.

Leia Também:

– Liberdade como possibilidade

– Dia do rádio!

 

– No tempo dos sábios…

– Dualidade invisível

– Autonomia moral

– Existir e ser

– Paz e guerra

– A um passo da felicidade

– Os que lutam, a glória

– Humanos conceitos

– Os modelos mentais!

– Momentos de delírios…

– Política, moral e sanção

– Identidade social

– Toda honra, toda glória!

– Deus existe?

– Verdade? Não, fofoca

– Dignidade

– Fatos e ilusões!

– Súditos…

– Quem somos?

– Democracia e constitucionalismo

– Modernidade implacável

– Espinhos…

– Pensar e existir

– Verdade sobre si mesmo

– Corpos não mentem

– Fígado saudável, alma que suporta…

– Uma lógica, apenas!

– O mito da imparcialidade

– Versos e verdades

– Os Santificados…

– Mitos e verdades

– Direito e moral

– O real e o sonhado

– Verdade e consequência

– Ética e autenticidade

-Caráter e destino

– Sejas

-As cigarras!

-Se viver, verá!

-Mal, por misericórdia

-Intuição, valores

-Viver e melhor

-Qualquer pensamento, qualquer existência

-Um sonhador!!!

-Cuidado

-Eles Vivem?

-Paz e amor

-Consciência, de Chico

-Felicidade, a quem?

-Somos, missão e dever!

-Liberdade como pena

-Alegria, alegria…

-Do pensamento, felicidade!
-Sou por estar

-Liberdade sem asas

-Utopia para caminhar…

-Amar, de menos a mais
-Ouvir e calar
-Rir e chorar
-Somos e sermos…
-Violência circular
-Dever para com o povo
-A verdade que basta

 

Os números são plataformas formais, convenções, que nada dirigem à sua essência, a não ser para tomar-lhe no diminutivo, esmagando o sentimento, a vontade e a individualidade.

Em todo lugar há um túmulo do soldado desconhecido (para lembrar da atual situação Rússia x Ucrânia). É desconhecido porque não está ali, representa uma universalidade formal, nunca individual, ainda que haja simbologia a considerar. Você, bem ao contrário, está vivo, significando dizer que detém determinada substância, uma espécie ontológica que, apesar de atributos singulares e imutáveis, avança com as experiências.

Não são os números de mortos numa guerra que adquire maior significância, mas a densidade e implicação das lágrimas derramadas dos que os homenageiam; a cada um, a lembrança da essência na existência. Os números só adquirem significados e causa perplexidade porque sabemos que cada qual existiu, sentiu,sofreu, amou e foi amado, teve vontade, amigos e familiares, e os honraram.

Voltemos. A mensagem de Sartre de que somos livres e por isso condenados é basilar para a compreensão desta essência que substancia em cada pessoa. Somos condenados porque somos os responsáveis pelo que nos tornamos.Ser bom ou mau é o resultado do bem ou do mal que estão por aí como escolhas.

Então, quem é você? Você é aquele que, por ser livre, tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir, ou mais claramente, é causa interna da própria ação ou do não agir, como ditou Aristóteles.

Na poesia musicada de Marília Mendonça, “Tortura/E que se dane a minha postura/Se eu mudei você não viu/ Eu só queria ter você por perto/ Mas você sumiu/É tipo vício que não tem mais cura/E agora de quem é a culpa/ A culpa é sua por ter esse sorriso/Ou a culpa é minha por me apaixonar” … (De quem é a culpa?).

Escolhas, nada mais. A culpa não pode ser imputada aos outros. Cada qual é, em essência, aquilo que se tornou, considerando, aqui, os desejos e as paixões. Condenados se está à liberdade. Aliás, liberdade tanto quanto querida e propagada como princípio de dignidade.

Nessa jornada da existência não há inocentes, nem “coitadinhos”. Precisamos parar de metaforizar a existência, ou fez o certo ou fez o errado, considerando, contudo, a relatividade desses conceitos e a própria complexidade das relações sociais. Mas na quadra mais geral, é por aí.

 

*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto)   é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é membro da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de CuiabáE é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e YouTube).

E-MAIL:                    antunesdebarros@hotmail.com 

 — — — —

CONTATO:               bedelho.filosofico@gmail.com

 — — — —

FACEBOOK:             www.facebook.com/bedelho.filosofico