Arremedo de cidadania. Isso é o que somos em Mato Grosso.

Não seria capaz de universalizar esse conceito de arremedo. Por isso, o limito ao nosso abençoado, ensolarado e inigualável Mato Grosso, também e com justiça, rotulado Terra de Rondon.

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A internet é o que se chama de faca de dois gumes. Fiquemos com seu lado bom. Antes da comunicação virtual o sonho de consumo de quem queria saber era a enciclopédia. Barsa ou Delta-Larousse. Tanto uma quanto outra abriam os olhos da humanidade para sua realidade, o ontem e o amanhã. O computador veio acompanhado pela grande rede mundial e o inimaginável chegou ao nosso conhecimento. Basta um simples toque no teclado e pronto. Delta-Larousse e Barsa ficaram na Idade da Pedra.

Voltemos a Mato Grosso. Efetivamente a internet por suas redes sociais e veículos de Comunicação nos confere um poder como jamais o mundo concedeu ao ser humano. E o que fazemos com o simples toque no teclado do computador ou celular? Sim, o que fazemos? Eis a questão.

Mato Grosso por seu perfil governista praticamente nada faz ao tocar no teclado do computador ou celular. Literalmente navegamos na futilidade, na vulgaridade, na submissão, no pior roteiro social. Não somos nada!

O governo de Mauro Mendes não resistiria a uma semana de pesadas críticas pela internet. A Assembleia Legislativa, também, não. O mesmo se pode dizer do Tribunal de Justiça, da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), da voracidade sindical, dos prefeitos corruptos, dos vereadores vulgares e venais. Porém, teclamos sobre o árbitro que favoreceu ao Corinthians; sobre a bunda da boazuda da novela – viva essa bunda, mas que ela não atropele nosso curso políticos; sobre a invasão do Capitólio e o bufão Trump; sobre os temas nacionais que não envolvam personagens mato-grossenses; sobre o muito fora de nossa terra.

Triste silêncio quase coletivo sobre o ditatorial decreto de Mauro Mendes que hoje fecha escolas e que ontem fechou delegacias da Polícia Civil e Centros de Detenção Provisória.

Triste silêncio sobre a folha suplementar do Tribunal de Justiça que jorrou dinheirama sobre os salários de desembargadores, como se nós fôssemos um povo que nadasse em dinheiro, e não um núcleo de 3,5 milhões de habitantes com mais de 155 mil famílias abaixo da linha da pobreza.

Triste silêncio sobre o recebimento mensal superior a R$ 100 mil pelos deputados estaduais, que se especializam em dizer amém ao Palácio Paiaguás; e em alguns casos, juntam a essa montanha de dinheiro algumas vantagens ganhando obras públicas para suas empresas.

Triste silêncio nessa terra onde faltam unidades de terapia intensiva; onde poucas cidades oferecem cirurgias cardíacas; onde em dezenas de municípios não há um hospital sequer; onde nenhum dos 141 municípios trata 100% o esgoto de suas cidades.

Triste povo submisso, que se cala para preservar função comissionada, interesses em participar dos esquemas na esfera pública.

Triste Imprensa movida a mídia pública.

Tristes jornalistas que aceitam com naturalidade o silêncio que implicitamente o esquema lhes impõe.

Triste internet da futilidade na Terra do Patrono da Comunicação, nosso herói Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Muito mais poderia ser dito, mas entendo que o texto acima seja suficiente, observadas as exceções de praxe sobre as citações, para mostrar o quanto somos povo silencioso.

*EDUARDO GOMES DE ANDRADE    e jornalista em Cuiabá, e  editor do portal de notícias Boamidia.

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(Foto: Alan Cosme)