ernando Diniz olha para a frente, mas não ignora o passado. Em início de trajetória na seleção brasileira, o treinador tenta implementar ideias e métodos de trabalho de sua preferência ao mesmo tempo em que aproveita o legado deixado pelo antecessor dele no cargo, Tite.
Seja na comissão técnica, nos jogadores convocados ou mesmo na estruturação da equipe, Fernando Diniz evita mudanças radicais. O técnico tem optado por manter a base encontrada e, gradualmente, dar sua cara à Seleção.
– Tiveram seis anos com Tite, que foi trabalho digno de todos elogios. Não ganhou Copa do Mundo, mas foi excelente. A gente vai aproveitar as coisas que eles têm segurança de fazer, que são boas, e aos poucos vamos adaptando algumas coisas que a gente está trazendo no novo estilo de jogar – disse o treinador, em entrevista na data Fifa de setembro.
A postura de Diniz, de valorizar o que foi feito no último ciclo de Copa, repercutiu positivamente entre os líderes da Seleção.
– Penso que o Diniz, desde o primeiro dia, vem implementando a sua filosofia de jogo. Ele entende e sabe muito bem que esse time tem uma sementinha do trabalho do Tite, e ele vem regando tudo isso – opinou o zagueiro Marquinhos.
– Eu tive experiência com nosso último treinador, o Tite, e ele deixou um legado muito grande aqui […] Se tiver um trabalho bem próximo da perfeição, eu diria que foi o do Tite. Mas no futebol a gente sabe: quando perde está tudo errado, quando ganha está tudo certo – destacou Casemiro.
Abaixo, o ge destrincha o que Diniz manteve e o que ele já mudou em três meses no comando da Seleção:
Jogadores convocados
Fernando Diniz já elaborou duas listas desde que foi contratado, ambas para jogos das Eliminatórias. A primeira para duelos contra Bolívia e Peru, mês passado. Já a outra, para a data Fifa deste mês, contra Venezuela, nesta quinta-feira, e Uruguai, na próxima terça.
Ao todo, 32 atletas foram convocados. Destes, 22 já tinham sido chamados por Tite – ou seja, 68,7%.
O treinador deu chance a seis novatos: o goleiro Lucas Perri, o zagueiro Nino, os laterais Caio Henrique, Carlos Augusto e Yan Couto, além do goleiro Bento, que acabou cortado antes de se apresentar.
Além disso, Diniz chamou quatro atletas nunca convocados por Tite, mas que já tinham tido chances com o interino Ramon Menezes: o lateral-direito Vanderson, e os meio-campistas André, Joelinton e Raphael Veiga.
Comissão técnica
Como era de se esperar, Diniz levou alguns de seus homens de confiança à seleção. Porém, manteve boa parte do estafe que já integrava o grupo canarinho.
Junto com o treinador, chegaram outros três profissionais do Fluminense: os auxiliares Eduardo Barros e Wagner Bertelli e o preparador físico Marcos Seixas. Além deles, acompanharam Diniz o auxiliar Dado Cavalcanti, o analista de desempenho Gabriel Oliveira, o fisiologista Luis Fernando de Barros e o preparador físico Marcelo Carpes.
Por outro lado, permaneceram peças importantes da antiga comissão de Tite, como os analistas de desempenho Bruno Baquete e Thomaz Koerich.
Também permaneceram os médicos Rodrigo Lasmar e Felipe Kalil, o treinador de goleiros Marquinhos, o preparador físico Ricardo Rosa, entre outros profissionais como roupeiros, fisioterapeutas, gerente e massagista.
Escalação, forma de jogar e mais
As primeiras formações utilizadas por Diniz lembram bastante as adotadas por Tite. São duas as principais novidades:
- a entrada do goleiro Éderson no lugar de Alisson;
- a consolidação de Bruno Guimarães ao lado de Casemiro no meio de campo, papel que foi desempenhado principalmente por Fred e Lucas Paquetá nos últimos tempos de Tite.
Na zaga, com Éder Militão machucado, Gabriel Magalhães ganhou chance de estrear e está se consolidando – ele será titular mais uma vez nessa quinta, contra a Venezuela.
Também houve troca de capitão. Como o veterano Thiago Silva não foi mais convocado, a braçadeira passou para Casemiro. O volante já havia ocupado o posto no ciclo de Copa anterior e também com Ramon Menezes.
Tal qual o antecessor, Diniz utiliza linha de quatro defensores. Nos dois primeiros jogos com o técnico, Danilo teve um pouco mais de liberdade para atacar, mas em posição parecida, mais pelo centro do campo do que pela ala. Do outro lado, o lateral-esquerdo Renan Lodi apoiou um pouco mais do que Alex Sandro estava acostumado.
Neymar segue como camisa 10, tendo liberdade para recuar e cair pelos dois lados do campo.
Com apenas cinco treinos com o grupo completo, Diniz recorre a conversas e vídeos para aplicar alguns de seus conceitos. Nos dois primeiros jogos do técnico, foi possível observar Casemiro recuando para fazer a saída de bola junto com os zagueiros e também a tentativa de agrupar atletas próximo da bola. Mas tudo de forma gradual, como prega o treinador:
– Quero aumentar a naturalidade deles, que tenham mais facilidade para se encontrar dentro de campo. Vão usar o que tinham do grande trabalho do Tite, e com as novas ideias vão assimilando.
Tal qual Tite fez em sua reta final na Seleção, Diniz segue bancando Richarlison como camisa 9, mesmo com o Pombo não passando por sua melhor fase.
Nesta quinta, às 21h30 (de Brasília), contra a Venezuela, o Brasil vai a campo com: Éderson, Danilo, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Guilherme Arana; Casemiro, Bruno Guimarães e Neymar; Rodrygo, Vini Jr e Richarlison. (GE)