Vinte casos de desaparecimento na região metropolitana, ocorridos entre 2019 e janeiro deste ano, apontam para crimes ordenados por lideranças da facção Comando Vermelho (CV). Somente no primeiro mês deste ano, 4 relatos denunciam a determinação da organização criminosa. Três vítimas continuam desaparecidas. Uma delas reapareceu, após ser alvo de um “salve” ou punição de faccionados. Esses registros de desaparecidos, dentre outros que indicam provável homicídio, passam a ser de atribuição da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em Cuiabá.
Registros do Núcleo de Pessoas Desaparecidas (NPD) da unidade vão ser assumidos pelos demais cartórios, com objetivo de dar celeridade às investigações, assegura o delegado Fausto Freitas da Silva, titular da DHPP. Um dos motivos é o reduzido efetivo do NPD, que recebeu, no ano passado, 675 ocorrências na Grande Cuiabá. Uma média de 2 novos registros diários, que exigem diligências imediatas.
Dentro da nova proposta, na última semana, equipes da especializada realizaram buscas e escavações na tentativa de localizar o corpo da estudante de direito Lucimar Fernandes Aragão, 40, desaparecida desde 11 de maio de 2020, após uma discussão com o companheiro, de quem pretendia se separar por ser agredida constantemente. Foram usados inclusive equipamentos como o GPR, um radar de penetração no solo que, por meio de ondas de rádio, detecta presença de objetos e até mesmo ossos humanos.
O principal suspeito do crime seria o companheiro dela, Izomauro Alves de Andrade, que teve a prisão decretada, mas continua negando envolvimento no desaparecimento ou morte de Lucimar.
Em outubro do ano passado, a Justiça determinou buscas em duas residências de Izomauro, uma no bairro Parque Geórgia, na Capital, e a outra, na Cohab Cristo Rei, em Várzea Grande. Diversos materiais apreendidos foram submetidos a perícia. O registro do desaparecimento de Lucimar foi feito somente no dia 10 de agosto, pela mãe dela, que alegou que a filha estava afastada da família. Izomauro, mesmo após a prisão, continua mantendo a versão de que Lucimar simplesmente foi embora depois de uma discussão.
Mas o fato de ela ter deixado a casa com todos objetos pessoais e seu veículo na garagem indica que foi morta e teve o corpo ocultado. As buscas vão continuar, assegura Freitas, e o inquérito policial segue em andamento.
Por: Silvana Ribas Jornal A Gazeta