Após completar o segundo aniversário de execução da sua edificação, a Arena MRV (do Atlético Mineiro) com mais de 50% de avanço de construção, sofre com os impactos da pandemia e dos custos de obra. Conforme divulgamos ontem no Twitter e nas redes do Portal Fala Galo, os valores finais do estádio atleticano podem chegar a cerca de R$ 950 milhões.

Antes da descrição dos custos, cabe dizer que o estádio manterá, conforme nos foi informado, sua ideia inicial de se bancar, ou seja, já há previsão de caixa para aportar os custos da obra. Porém, para isso, cerca de 10.000 cadeiras serão vendidas, o dobro do previsto inicialmente. Obviamente esta ação não é solitária e se junta a todas as outras receitas como venda de camarotes, naming rights e ações diversas durante a edificação.

Os valores aportados agora, por exemplo, com a venda não prevista inicialmente de cerca de mais 4.500 cadeiras para custear a obra, tiram do clube cerca de R$ 25 milhões de faturamento desse centro de custos durante 15 anos.

#Descrição dos preços novos#

Segundo pesquisamos, nenhuma obra, mesmo com PMG (Preço Máximo Garantido) se mantém sem reajustes de mercado. No caso da construção civil, os índices são do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção). É sabido que os insumos da construção subiram absurdamente nos últimos 24 meses. Exemplos disso foram: o aço que subiu mais de 100%, o concreto mais de 60% e o cobre mais de 70%. A Arena MRV ainda mitigou custos ao antecipar a compra do aço, mas não desviou-se da crise pandêmica.

1 – De 410 para 580 milhões

Os custos da obra em 2017 foram estimados e apresentados ao Conselho do Atlético em R$ 410 milhões para um estádio de 41.000 espectadores. Com a correção do INCC, esse valor iria para a casa dos R$ 580 milhões.

2 – Acréscimos de R$ 60 milhões no escopo de obra (mais cadeiras + tecnologia + otimização do projeto)

Neste item, são consideradas as inserções de mais assentos (5.000) já que o estádio terá 46.000 espectadores, além de investimentos em tecnologia e melhorias no projeto para as funcionalidades do equipamento.

3 – R$ 80 milhões – Gestão de mais de cinco anos

Aqui entram as despesas de gestão de projetos de mais de cinco anos, auditorias, consultorias e estudos gerais.

4 – Contrapartidas e Obras Viárias – Cerca de R$ 230 milhões

Este é o item que mais incomoda os torcedores e a cúpula diretiva atual do Atlético. As diversas compensações de obras viárias, ambientais e sociais, atreladas ao aumento de custos da construção impactam em mais de 20% do valor da obra.

O clube, através do seu CEO, Bruno Muzzi, conseguiu diminuir algumas contrapartidas, retirando-as do caminho. Outras, porém, ainda carecem de negociação para ao menos ganhar tempo.

“Estamos tentando sempre negociar e tecnicamente mostrar o que é possível e o que é viável, há coisas que ficam muito pesadas para a Arena”, ponderou Muzzi.

Bruno Muzzi
Bruno Muzzi é o CEO da Arena MRV – Divulgação

Total estimado dos itens 1+2+3+4 = (580+60+80+230)= R$ 950 milhões

Em diálogo com outros atores do estádio atleticano, envolvidos diretamente na obra, mas que preferem não se identificar, o otimismo se mantém, apesar dos números mais que dobrados em função dos itens acima expostos.

“Fazemos nosso melhor. Dentro dos números orçados, considerando a época e as pesadas contrapartidas impostas pelo poder público, ainda seremos a Arena mais barata, mais funcional e com melhor custo-benefício do Brasil.”

#Custos de alguns estádios da Copa#

Para elucidar a realidade das Arenas brasileiras, listamos alguns custos de obra para apreciação dos leitores, a maioria com custos da época da Copa do Mundo de 2014. Vale lembrar que naquele momento havia incentivo às construções dos equipamentos em função do Mundial, portanto, as contrapartidas eram mínimas.

1 – Reforma do Mineirão (2013)
Capacidade – 62.000
Custo – Cerca de R$ 670 milhões

2 – Allianz Parque (2014)
Capacidade – 45.000
Custo – Cerca de R$ 630 milhões

3 – Itaquerão (2014)
Capacidade – 49.200
Custo – Cerca de R$ 1,2 bilhão

4 – Mané Garrincha (2013)
Capacidade – 72.788
Custo – Cerca de R$ 1,7 bilhão

5 – Arena Pantanal (2014)
Capacidade – 44.000
Custo – Cerca de R$ 630 milhões

6 – Arena Fonte Nova (2013)
Capacidade – 50.000
Custo – Cerca de R$ 600 milhões

7 – Reforma do Beira-Rio (2014)
Capacidade – 50.800
Custo – Cerca de R$ 330 milhões

Observação final: de acordo com nossa apuração, todos os valores reconsiderados e estimados para a obra da Arena MRV no cenário atual, além das revisões contratuais com a Racional Engenharia, foram analisadas, auditadas e aprovadas pela EY (Ernst Young).

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10.  (Jogada 10)