Há quase dois meses à frente da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), Alberto Machado, o Beto Dois a Um, tem pela frente duas importantes missões. Fazer com que a Lei Aldir Blanc (auxílio emergencial ao setor cultural) atenda quem necessita e colocar em prática o Projeto Olimpus, cuja segunda etapa aguarda aprovação da Assembleia Legislativa.
A Lei Aldir Blanc, cujos recursos de origem federal devem estar liberados até o final do mês destinará R$ 52 milhões ao Estado, dos quais metade será gerida pela Secel e metade pelas prefeituras. “É uma ajuda emergencial, para que artistas, fazedores de cultura e players culturais se segurem mais um pouco, até que a vida recomece”, diz.
Já o Projeto Olimpus contemplará, em sua primeira etapa, 160 atletas das categorias base e estudantil, com bolsas variando entre R$ 250 e R$ 600, e 80 atletas das categorias nacional e olímpica, com valores entre R$ 900 e R$ 1.600. No total, o Governo do Estado investirá anualmente R$ 1,7 milhão. Confira a entrevista!
Qual a expectativa da Secel com a Lei Aldir Blanc? Como a secretaria vai trabalhar os recursos?
Alberto Machado – Cultura e esporte foram os segmentos mais afetados nesta pandemia. Foram os primeiros a parar e, talvez, sejam os últimos a voltar. Muitos segmentos já retornaram suas atividades, alguns em pleno vapor, enquanto cultura e esporte ainda padecem os efeitos da pandemia.
A Lei Aldir Blanc veio em boa hora. Os recursos da ordem, de R$ 3 bilhões, dos quais aproximadamente, R$ 52 milhões vem para Mato Grosso, podem parecer muito, mas se pensarmos bem, o que o fazer cultural deixou de gerar é muito maior que isso.
Esta é uma ajuda emergencial para artistas, fazedores de cultura, players culturais se segurarem mais um pouco até que a vida recomece [três parcelas de R$ 600 para pessoas físicas e entre R$ 3 mil e R$ 10 mil para espaços artísticos].
Dos R$ 52 milhões destinados a Mato Grosso, metade [R$ 26 milhões] será gerida pelo Estado e metade pelas prefeituras, a ser dividido entre elas de acordo com a população e índices do FPM [Fundo de Participação dos Municípios].
Estes valores já vêm definidos na Lei. O Estado repassará como auxílio emergencial para pessoas físicas e em forma de editais para pessoas jurídicas, enquanto os municípios investirão em pequenos editais e espaços culturais.
Como o Governo vai executar a Lei no Estado?
Alberto Machado – Lançaremos, provavelmente nesta semana, uma cartilha para orientar pessoas físicas, produtores culturais e prefeituras sobre como proceder e cadastrar. Também lançaremos uma plataforma, onde as pessoas físicas se cadastrarão. Desta forma, assim que os recursos forem liberados, o que deve acontecer até o final deste mês de setembro, conseguiremos fazer com que cheguem mais rapidamente a quem precisa.
Os editais do Governo do Estado serão lançados em 10 a 15 dias. Como são vários segmentos, cada um terá formatação específica, de acordo com sua vocação, com sua característica. Para isso, conversas foram mantidas com todos os segmentos para garantir que todos sejam contemplados.
Além disso, é muito importante que as prefeituras, e faço um apelo a todos os secretários municipais de Cultura neste sentido, com dificuldades entrem em contato com a Secel. Há uma equipe exclusiva para atendê-los, para que ninguém perca esses recursos e possamos, pelo menos, dar continuidade ao fazer cultural no Estado.
As inscrições do Projeto Olimpus, para atletas, foram encerradas na última sexta-feira (04.09). O que já pode fazer de balanço sobre o projeto?
Alberto Machado – A gente vê um grande avanço. O Projeto Olimpus é um passo a mais com relação à bolsa-atleta. Antes, eram apenas dois segmentos (bolsa-atleta estudantil e bolsa-atleta nacional). Agora, o Projeto Olimpus, nesta sua primeira fase, atende várias categorias – base, nacional, estudantil e internacional – potencializando e aumentando os valores.
É o começo de um processo a ser construído na segunda fase do Projeto Olimpus. Isto é, propiciar o apoio do poder público desde a base até o último estágio da carreira do atleta, que pode culminar com a medalha olímpica.
A segunda fase do projeto é a bolsa-técnico, que aguarda ser aprovada pela Assembleia Legislativa. Qual o principal avanço para o esporte que este projeto pode propiciar?
Alberto Machado – Nesta segunda fase, teremos a bolsa-atleta, bolsa-técnico nacional, bolsa-técnico internacional, categoria atleta olímpico e técnico olímpico e a medalha olímpica. Tenho certeza de que será aprovado, porque os deputados são muito sensíveis às necessidades destes segmentos.
É importante valorizar os técnicos, pois nenhum atleta chegará a lugar algum sem orientação e treinamento adequado. Em 1º de setembro foi comemorado o Dia do Profissional da Educação Física, que precisa ser valorizado e a Secel vem atuando nesta direção.
Assim que esta segunda fase for aprovada, o Projeto Olimpus dará muito orgulho para o Estado. Temos recebido, nacionalmente, pedidos de informações sobre ele, por ser um projeto que começa na base e segue até ao último estágio da carreira de um atleta.
Agradeço ao secretário Jeferson [Neves, adjunto de Esportes] e à toda equipe da Secel, que trabalha de forma muito apaixonada para que a gente consiga fazer do Projeto Olimpus o primeiro de muitos projetos vitoriosos na Gestão Mauro Mendes.
Após quase dois meses à frente da Secretaria, qual o seu diagnóstico sobre as necessidades da cultura e do esporte em Mato Grosso?
Alberto Machado – Por ser artista e ex-atleta, já vinha acompanhando e entendendo os grandes avanços conquistados. Aproveito para parabenizar o ex-secretário Allan Kardec e sua equipe, pelo trabalho desenvolvido. Fizeram um esforço gigante, mas foram atrapalhados pelo momento, no primeiro ano de gestão, em que o governador Mauro Mendes herdou uma gestão que limitou as atividades de vários setores, incluindo a cultura e o esporte. Foi um primeiro ano de calamidade financeira e um segundo de pandemia.
Embora tenham sido dois anos atípicos, avanços estruturais foram conquistados da porta para dentro da secretaria. Por isso, estou sendo beneficiado, tendo o privilégio de tocar esta secretaria daqui para frente e tentar mostrar para a sociedade a importância da cultura e do esporte, como podem gerar renda e receita para Estado e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Quais as políticas públicas prioritárias a serem implementadas?
Alberto Machado – O segmento cultural, principalmente, há um bom tempo vive um visível processo de transparência. A categoria entende ser preciso se profissionalizar e que o Poder Público é um aliado, não inimigo. É muito importante, porque a função do Poder Público, tanto na cultura como no esporte, é ser indutor. Temos que estar juntos, não para atrapalhar, mas para contribuir para potencializar bons projetos e boas estruturas.
Por isso, é importante o fortalecimento dos Conselhos de Cultura e de Esporte. O ex-secretário Allan Kardec fez um trabalho intenso, aproximando a Secretaria destes conselhos, das federações, das associações e de quem realmente executa tanto a cultura quanto o esporte na ponta final.
Estes projetos precisam ser potencializados pelo poder público. Quero trabalhar basicamente nisso. Mostrar transparência, aproximar as federações, os conselhos e desenvolver políticas públicas que beneficiem diretamente a população.
Qual a sua principal missão à frente da Secel?
Alberto Machado – Creio que será esta retomada. Sou um otimista profissional. Portanto, privilegiado por estar neste momento, em que, creio, haverá uma retomada da economia, à frente de uma secretaria que pode orgulhar o Estado, porque seus servidores são comprometidos e apaixonados pelo que fazem.
Também temos para 2021 um cenário fabuloso. Por isso, vou me dedicar ao máximo, como sempre, em um segmento que mudou minha vida e pelo qual tenho muito carinho.
Fala-se que a música e o esporte são fatores de transformação social. Concordo, porque sou um exemplo. Portanto, minha missão é tentar retribuir.