O Cuiabá é uma das grandes surpresas do Campeonato Brasileiro 2023. O time do centro-oeste, que nas primeiras rodadas da competição lutava para permanecer na série A, teve subida vertiginosa na tabela de classificação, apresentando total aproveitamento nos quatro últimos jogos. Não é um time com futebol vistoso taticamente e sem alarde, transborda eficiência. A análise é de Marco Condez do GE. Confira:

Nesta rodada, subiu para oitavo lugar na tabela de classificação, somando 28 pontos, após derrotar o vice-líder Flamengo. Está à apenas 3 pontos do G-4, mas, o que chama a atenção é que o Cuiabá tem mostrado solidez e segurança, mesmo frente a equipes de maior tradição. Nessa sequencia positiva derrotou o Flamengo, o Internacional, o São Paulo e o emergente Fortaleza.

Sob o comando do técnico português António Oliveira, o Cuiabá habitualmente utiliza o esquema reativo como principal estilo de jogo. Conta com elenco modesto, sem nomes de destaque no futebol nacional ou internacional, mas que são jogadores de qualidade, que se encaixaram de forma coesa no plano tático elaborado.

O Cuiabá parte de esquema com prisma mais reativo, mas por atuar com dois jogadores na função de meio-campista de criação, adquire capacidade de ser protagonista quando tem a posse de bola. O uruguaio Ceppelini, que veio do futebol mexicano e Raniele (ex-Avaí) imprimem qualidade aos passes, tornando a equipe controladora em alguns momentos. Isso, me faz crer que, nem sempre, a qualidade da equipe está atrelada ao currículo de seus jogadores.

O Cuiabá está mostrando que é possível apresentar esquema qualificado, mesmo, sem ter grandes investimentos, comparado à outras equipes que tem o mesmo modelo de gestão. O Cuiabá é uma empresa desde sua criação, passando para o novo modelo de gestão, assim que a lei das SAF’s foi regulamentada.

Destacam-se no elenco, o goleiro Walter (ex-Corinthians), ao zagueiro Alan Empereur (ex- Palmeiras, que atuava no futebol italiano), o volante Fernando Sobral (ex-Ceará) e o atacante Deyverson (ex-Palmeiras) que tem roubado a cena com seu lado folclórico, mas sem deixar de mostrar que é centroavante de qualidade.

O atacante Clayson foi repatriado do futebol japonês e está mostrando ser excelente opção para jogadas individuais, uma vez que tem apresentado evolução em seu modo de jogar. Quando jogava no Corinthians conseguia fugir das marcações, era bom driblador, mas pecava nas finalizações, que agora se tornaram mais assertivas.

Acredito, que a coesão da equipe deve-se à disciplina dos jogadores para executarem fielmente a ideia do treinador, uma vez que o esquema de jogo se encaixa corretamente com as possibilidades do elenco. Aparentemente, vaidades individuais não existem e o elenco se doa para ter um coletivo uniforme, em prol do mesmo objetivo.

No jogo contra o Flamengo, a organização e o foco da equipe do centro-oeste chamou atenção e fez com que a lógica do favoritismo fosse invertida. O anseio pela vitória foi de suma importância para anular a diferença técnica existente e o placar da vitória por 3 a 0, retrata fielmente o cenário do jogo.

Concordo que o Flamengo não conseguiu ser competitivo, atuando com equipe alternativa para poupar alguns de seus melhores jogadores, visando o jogo de volta da fase de oitavas de final da Libertadores, contra o Olimpia, do Paraguai. Mas, o Cuiabá foi dominante nas duas etapas da partida, mostrando superioridade latente, apesar das tentativas do técnico Sampaoli para melhorar a equipe carioca, com substituições. O esquema idealizado para o Flamengo não funcionou em nenhum momento.

Contra o Internacional, a vitória do Cuiabá por 1 a 0, também, surpreendeu, pois o jogo foi realizado no Beira Rio, local no qual o Inter costuma ter postura mais incisiva, incentivado por sua torcida em maior número. Contra o São Paulo, o Dourado seguiu a característica de ser dominante quando joga em casa e foi mais decisivo no segundo tempo, merecendo a vitória por 2 a 1.

Praticamente, estamos na metade do Campeonato Brasileiro, mas se o Cuiabá se mantiver bem organizado, provavelmente irá conseguir galgar objetivos bem mais promissores do que a meta primária, de permanência na Série A. (GE)