O Superior Tribunal de Justiça Desportiva rejeitou o pedido de liminar do Cruzeiro, em solicitação de torcida única para o jogo do clube mineiro com o Palmeiras, na última rodada do Campeonato Brasileiro 2019, que vale a permanência celeste na Série A ou a queda inédita. O STJD ainda avisou à Raposa que, se ela não pode garantir segurança no jogo, o faça com portões fechados. As informações foram publicadas pela Rádio Itatiaia e confirmadas pelo GloboEsporte.com.

Por outro lado, a reportagem apurou que ainda há chances de os portões do Mineirão serem abertos apenas para a torcida mandante. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) enviou “recomendação” à CBF para que a torcida do Palmeiras seja vedada do confronto e aguarda uma resposta positiva da Confederação.

O temor do MP é pela segurança do palco do jogo e seus entornos, diante do contexto da partida – o Cruzeiro precisa vencer e ainda torcer para o Ceará perder para o Botafogo, caso contrário, a Raposa jogará a Série B em 2020. Outro agravante é que a principal torcida organizada do Palmeiras tem inimizade com organizadas do Cruzeiro. Para piorar, existe o velho conflito “doméstico” entre Máfia Azul e Pavilhão.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o promotor de justiça do MPMG, Paulo de Tarso Morais Filho, explicou que espera “bom senso” da CBF para que o Mineirão tenha a restrição de acesso para os alviverdes. Paulo de Tarso esclarece que o pedido do MP – registrado em ata na Federação Mineira – é independente da solicitação do Cruzeiro, e que, em caso de não atendimento da CBF, haverá ingresso de ação judicial por parte do Ministério.

– Estou confiando no bom sendo da CBF de entender o momento que a gente vive. Há o contorno e o apelo do jogo. Mas isso para nós é uma mola propulsora de possíveis embates físicos. E a segurança do torcedor tem que ser prioridade. Podem questionar prazos de venda de ingressos. Isso é supérfluo perto da questão de segurança. Para a nossa sorte, até hoje, não tivemos nenhum evento de lesão definitiva e irreversível. E credito isso a um trabalho muito intenso. Desde agosto a Polícia Militar tem empenhado um quadro de operação de clássico em todos os jogos, como Cruzeiro x CSA, por exemplo.

Confusão na saída de torcedores do Cruzeiro no MIneirão — Foto: ReproduçãoConfusão na saída de torcedores do Cruzeiro no MIneirão — Foto: Reprodução

Confusão na saída de torcedores do Cruzeiro no MIneirão — Foto: Reprodução

O MPMG conta, a seu favor, com um precedente favorável que ocorreu em São Paulo. No jogo entre Palmeiras e Flamengo, no fim de semana passado, a CBF deu decisão favorável para torcida única do Palmeiras. Se o pedido não for acatado, o Ministério irá até o sistema judiciário para obter liminar favorável à torcida única.

– O Ministério Público pode pedir recomendações, de acordo com o Estatuto do Torcedor, o Direito do Consumidor e a Lei de Ação Civil Pública. É uma conjugação dessas leis. A recomendação, eles podem acatar ou não. Mas elas têm consequências em todas as circunstâncias. Acatando, está resolvido. Mas caso contrário, abre-se possibilidade de ação judicial para tentar reverter a situação – explicou o promotor.

Alerta ligado

Os jogos do Cruzeiro no Mineirão têm colecionado cenas de violência, de diferentes naturezas, entre torcedores, seja por conta da rivalidade entre os times, ou pelo momento ruim da Raposa. Por outro lado, Paulo de Tarso alerta para quadro conflitivo que envolve até torcedores do Atlético-MG no jogo entre Cruzeiro e Palmeiras. Segundo o promotor, a rixa Máfia Azul x Pavilhão é recheada também com “reforços” de outras torcidas organizadas.

– Independentemente do Cruzeiro e sem ciência do pedido, estamos tratando violência de torcidas em Minas Gerais sem nenhum apelo clubístico. Nós vivemos um semestre totalmente conturbado em relação à conflito de torcidas. Torcidas organizadas do Cruzeiro já foram banidas. Tivemos confrontos das duas torcidas envolvendo a Torcida Jovem do Flamengo. Há conflito deflagrado entre Máfia Azul e Pavilhão. E entre as duas e outras torcidas. Em alguns momentos, uma delas se alia à torcida adversária e vem contra a rival. É um negócio absurdo. (Globo Esporte)