Hernán Crespo pediu tempo para fazer o São Paulo se reerguer do péssimo momento vivido em 2021. Após a derrota em casa para o Fortaleza, a quinta em 12 rodadas do Brasileirão, o treinador falou neste sábado sobre a fase ruim que o time passa na temporada, principalmente depois de sair da fila de títulos com a conquista do Campeonato Paulista.
– O Paulistão, para mim, é muito pequeno para a história do São Paulo, mas muito importante para o presente. Saber que é um momento difícil que estamos atravessando, mas decidimos atravessar, a comissão, elenco e diretoria juntos. A situação quando é fácil, é fácil falar. Todos fora são dirigentes, jogadores e têm a solução. A única solução é trabalho. Sou eu e os dirigentes. Sabendo a situação crítica do São Paulo. Não passar por períodos difíceis é não saber de futebol. O problema é que a história do São Paulo é muito maior do que a realidade de jogo, que o São Paulo tem de ser como sua história. Estamos construindo em uma situação difícil para ter um São Paulo melhor. Espero, porque trabalhamos todos juntos, não sei se estarei aqui para ver este São Paulo, mas estou aqui para fazer um São Paulo melhor.
– Precisamos de tempo porque não temos dinheiro. Se tivéssemos dinheiro, os tempos são mais curtos. Vamos lutar? Sim. Queremos ganhar, sim, ser competitivos, sim, mas é difícil. Aqui temos uma mochila de muitos anos, estamos aqui trabalhando e colocamos a cara. Para trabalhar por um futuro e presente melhor. Mas o presente vai ser difícil para todos. A diferença é quem quer ver e quem não quer ver. Vocês sabem perfeitamente que eu trabalho como profissional há 25, 30 anos. Você pensa que eu não sei que devemos melhorar? Temos muito a melhorar. Todos sabemos. E todos estamos aqui para melhorar por um futuro e presente melhor, mas o tempo é esse. Sem dinheiro, os tempos são mais longos –afirmou Crespo.
Antes da longa resposta sobre o momento da equipe, Crespo prestou solidariedade ao massagista Marcelo Silva, que teve uma crise convulsiva durante o segundo tempo da partida e foi levado de ambulância a um hospital. Segundo o clube, ele passa bem e será submetido a exames neurológicos.
– Eu estou aqui porque tenho muito respeito por vocês e o trabalho de vocês. Acima de tudo, respeito pela torcida que merece alguma explicação. Mas é muito difícil para a gente falar quando viu um companheiro de trabalho lutar pela vida. Um abraço grande de todo o elenco ao Marcelo, estamos agora mais tranquilos, porque ele está estável. Muito difícil falar de futebol, acredito que futebol é muito importante na vida de todos, mas é a coisa menos importante na vida. Ver um companheiro de trabalho sofrer assim não é fácil. A vida continua, ele está bem e estamos todos mais tranquilos.
Sobre o jogo, Crespo admitiu a dificuldade do São Paulo para atacar. Para o treinador, tem faltado qualidade nas conclusões.
– Hoje foi um jogo muito equilibrado, onde o time queria ser protagonista e jogar no campo rival, talvez faltou um pouco de qualidade para terminar as ações, e o jogo termina com uma bola parada. Que tranquilamente poderíamos ganhar. O jogo foi equilibrado em todos os aspectos, uma pequena situação a favor deles definiu o jogo. Acredito que a ideia de jogar, de tentar ser protagonista, o São Paulo teve esta intenção, mas o adversário joga e talvez faltou um pouco de qualidade e precisão, mas as intenções foram corretas.
O São Paulo tenta seguir vivo na Libertadores na terça-feira, contra o Racing, às 21h30, na Argentina, pelas oitavas da Libertadores – houve empate por 1 a 1, no Morumbi. Crespo ainda não sabe se poderá contar com duas peças fundamentais na equipe: o zagueiro Miranda e o meia-atacante Rigoni, lesionados. Luciano e Eder também são dúvidas.
– Devemos esperar. Ainda temos de esperar. Sinceramente, eu quero dizer que sim, que está tudo ok, tudo perfeito. Mas cada minuto, cada segundo é muito importante para as recuperações dos jogadores, que são muito importantes para o time.
– Não é fácil. O São Paulo merece ser competitivo e vamos honrar todas as competições, dando o máximo. Onde vamos chegar? Não sei. Mas vamos lutar sempre para chegar no mais alto possível. Vamos ver, o tempo dirá. Queremos chegar longe na Libertadores, Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Mas não vai ser fácil, a realidade é essa. Não quero mentir a ninguém. Com as ferramentas que temos, vamos colocar o São Paulo no mais alto possível. Onde vamos alcançar, não sei. Mas trabalhamos para isso, no presente difícil estar trabalhando para construir um futuro à altura que o São Paulo. Não sei quanto tempo vamos ficar aqui, um ano, dois… mas estamos trabalhando juntos para sair desta situação. Todos sabem que a situação geral é difícil, mas estamos trabalhando para sair e para ter um futuro melhor. (Globo Esporte)