Uma rocha colidiu com a superfície de Marte e formou uma cratera, que lembra o formato de uma “borboleta”. Os detritos da superfície do planeta foram lançados para o norte e para o sul com o impacto, criando a imagem visual de duas “asas”, conforme compara a Agência Espacial Europeia (ESA) em comunicado divulgado em 3 de dezembro.
A cratera tem uma extensão de 20 quilômetros de leste a oeste e 15 quilômetros de norte a sul, o que corresponde ao tamanho de uma cidade pequena. As imagens da estrutura foram obtidas pela sonda Mars Express no norte de Marte, em uma região denominada Idaeus Fossae, através da câmera de alta resolução HRSC. Com o equipamento foi possível construir uma simulação de órbita ao redor da cratera. Veja o vídeo:
Normalmente, os asteroides que colidem com planetas lançam detritos da superfície para todas as direções — o que não aconteceu nesse caso. A rocha atingiu Marte em um ângulo baixo e raso, ocasionando um formato oval incomum na cratera. As paredes do buraco formado são lisas, com aparência escorrida e visualmente semelhantes com um deslizamento de terra ou lama.
Essas características indicam que os detritos da cratera se misturaram com a água ou com o gelo do subsolo do planeta, derretido com o impacto da colisão. Por isso, a área parece com um deslizamento. Esse tipo de depósito no solo é conhecido como material “fluidizado”, algo comum nas crateras de Marte.
Ao redor da cratera, a paisagem é plana e, por isso, algumas áreas são mais destacadas, como as regiões mais íngremes e topos planos, conhecidos geologicamente como mesas. Essas formações elevadas foram desgastadas ao longo do tempo, restando apenas algumas elevações mais resistentes à erosão — processo semelhante à formação dos “morros testemunhos”, como o Morro do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
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As bordas das mesas possuem uma cor mais escura em comparação ao centro de cor marrom alaranjado. As tonalidades indicam que o subsolo é rico em magnésio e ferro — algo que aconteceu devido à deposição de lava e cinzas, soterradas e acumuladas ao longo do tempo por conta do processo de vulcanismo no passado.
As regiões com bordas enrugadas nas mesas indicam também sinais de que lavas se formaram, fluíram, esfriaram e se contraíram. Dessa forma, a crosta é comprimida, fazendo com que a superfície fique com o aspecto de enrugado.
(Por Tainá Rodrigues)


