A palavra “altitude” tem sido evitada no hotel em que o Corinthians está hospedado em Quito. Com a necessidade de reverter a derrota por 2 a 0 para o Independiente del Valle, sofrida dentro da Arena Corinthians na semana passada, a comissão técnica do Timão tenta diminuir a carga emocional dos efeitos físicos de se jogar a 2.800 metros acima do mar.

– Não falamos muito para não dar ênfase e não confundir os atletas, é melhor que eles tenham informações normais do jogo. O maior problema é a velocidade da bola. Vamos tocando o resto, hidratando bastante, já que as vias aéreas ficam secas – disse o preparador físico Walmir Cruz.

O jogo contra o Patriotas, da Colômbia, realizado em 2017, também na Sul-Americana, é usado como exemplo. A cidade de Tunja tem a mesma altitude de Quito (2.800). Lá, o Timão fez 1 a 1.

– Não tivemos tantos problemas por lá e também não ficamos enfatizando a altitude. Lembro que o Balbuena comentou que estava um pouquinho tonto quando fomos treinar, mas no dia do jogo não se falou mais. Eles sentem a dificuldade, lógico, quando se faz uma ação de alta intensidade, realmente falta um pouquinho de ar. Mas como são atletas de alto nível, adaptam-se rapidamente.

Junto da nutricionista Christiane Neves, Walmir traçou alguns pequenos planos para minimizar as adversidades. Curiosamente, alguns alimentos são evitados:

– Refrigerante e água gasosa, pois pesam um pouquinho na altitude. O organismo tem que fazer uma adaptação para que funcione normalmente. A gente evita também muita proteína, a digestão é um pouco mais lenta que o normal – explicou Walmir.

Nesta terça, o Corinthians fará um treino no CT da LDU. Depois, seguirá para o Estádio Olímpico Atahualpa, palco do jogo, onde fará um treino de reconhecimento de gramado.

– A ideia principal do treino é fazer trabalhos de passe e chute a gol para eles sentirem a diferença na batida da bola com altitude, que vai muito mais rápida, já que tem menos atrito e pega mais velocidade. Eles (Del Valle) usam esse artifício, chegam na intermediária e chutam. Temos que usar a mesma arma – explicou Walmir, que diz que a bola vai “balançando” contra os goleiros.

Altitude você tem duas situações. Ou chega com uma antecedência muito grande, para realmente adaptar o organismo. Ou chega praticamente em cima da hora, e fizemos isso, em cima da hora, chegamos de segunda para terça, hoje treinamos para que eles peguem a velocidade da bola, que é muito diferente, o ar é muito rarefeito, ai jogamos e voltamos.

Diferentemente do Corinthians, que jogou e venceu o Bahia no sábado, o Del Valle não teve compromissos no fim de semana, o que aumentou o tempo de preparação para a partida. (Globo Esporte)