Em um passado não muito distante, pessoas com transtornos mentais recebiam tratamento considerado absurdo e obscuro dentro de hospitais psiquiátricos brasileiros.
Segundo o livro “(Colônia) – uma tragédia silenciosa”, homens e mulheres eram submetidos a condições sub-humanas, perdiam o direito à cidadania e eram amontoados em hospitais superlotados que usavam de tratamentos violentos que, muitas vezes, resultavam em morte – os cadáveres eram vendidos para laboratórios de anatomia de universidades. Há registros de pelo menos 60 mil mortes entre homens, mulheres e crianças em hospitais psiquiátricos brasileiros.
O psiquiatra Zanizor Rodrigues da Silva costumava dizer que as paredes do antigo Hospital Adauto Botelho, atual Centro Integrado de Assistência Psicossocial (CIAPS), guardavam acontecimentos inacreditáveis e impublicáveis, sobre a medicina psquiátrica de Mato Grosso.
Desta forma, neste 18 de Maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial – a expectativa é de que o tema seja debatido com transparência, mesmo que antigos “esqueletos” continuem guardados nos armários do Adauto Botelho e outros manicômios.
Na luta em busca da reforma antimanicomial brasileira, consta também casos em que pessoas sem transtornos mentais foram internadas apenas para serem afastadas do convívio social, por inúmeras razões.
A partir da reforma psiquiátrica brasileira, começada nos anos de 1970, as famílias são responsáveis pelos doentes mentais, independente do grau de gravidades – aqueles que antes eram internados em hospitais psiquiátricos.
É é por isso que o Caps é considerado como revolucionário. Um novo serviço que começou a tratar de maneira intensiva as pessoas com necessidades muito fortes. Mas ao contrário do hospício, elas não ficam isoladas e esquecidas e, ao contrário dos ambulatórios, não era uma simples prescrição médica periódica.
Atualmente, existem seis Caps em Cuiabá e três em Várzea Grande. A maioria contribui para mudar o cenário da assistência da saúde mental, notadamente para retirar muitas pessoas de instituições psiquiátricas ou evitou que muitas pessoas sejam internadas nesses lugares. São trabalhos abertos, em residências, com atendimento de turno, multiprofissional, ligado à família e ligado aos recursos da comunidade.
Existem três unidades da Caps Adauto Botelho, em Cuiabá:
Adauto Botelho Unidade I
A Unidade I fica na Avenida Adalto Botelho, no Coxipó, e atende pessoas com transtornos psíquicos que precisam de cuidado intensivo em regime de internação. O atendimento é feito 24 horas.
Adauto Botelho Unidade II
A unidade II está situada na Penitenciária Central do Estado (PCE) e atende pessoas com transtorno mental sob medida de segurança. Atualmente a capacidade de atendimento é de 22 pessoas e funciona no período diurno.
Adauto Botelho Unidade III
A estrutura funciona no bairro Paiaguás, próximo ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran), com atendimento 24 horas. No local são atendidos pacientes a partir de 18 anos e que enfrentam o vício do consumo de álcool e drogas.
CAPS AD
Situado na Rua Edgar Vieira, no bairro Boa Esperança, a unidade oferece um serviço aberto e de caráter comunitário, tendo por finalidade o acolhimento de pessoas que fazem uso do crack, bebida alcoólica e outras drogas. São atendidas pessoas com idade a partir de 18 anos. O horário de funcionamento é de segunda à sexta, das 7 horas até às 19 horas.
CAPS Infanto Juvenil
O tratamento é voltado para crianças e adolescentes, com transtornos mentais graves e persistentes. O prédio está localizado na Avenida Antônio Dorileo, no bairro Coophema e funciona de segunda à sexta-feira, das 6 horas às 18 horas.
Lar Doce Lar
Atende pessoas com deficiência física e mental com alto grau de dependência, necessitando de cuidados diários tutelados pelo Estado. Atualmente possui 17 internados e funciona 24 horas. A unidade fica localizada na Rua Professor Felix, bairro Lixeira.
(Colaborou Rosean Glória Souza de Oliveira – Bia Corrêa, educadora em saúde)