O Congresso Nacional terá em sua nova composição oito integrantes na bancada da educação e da ciência. Serão sete representantes na Câmara dos Deputados e uma no Senado, todos com o compromisso de defender pautas como o investimento em pesquisa científica e nas universidades públicas.

O compromisso de defesa da educação e da ciência para a reconstrução do país foi assumido pelo grupo em julho, durante a reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Na ocasião, sete pré-candidatos ao Senado e 44 pré-candidatos à Câmara, entre aspirantes a outros cargos públicos, assinaram um manifesto no qual são enfatizados a autonomia universitária, o investimento na educação e a valorização dos profissionais da área, o aumento de vagas em cursos técnicos e o fortalecimento dos institutos federais, das universidades e dos centros de pesquisa, entre outros pontos.

Dos 51 pré-candidatos, 40 de fato concorreram e sete foram eleitos. Teresa Leitão (PT) vai ocupar uma vaga no Senado, enquanto Alice Portugal (PCdoB – BA), Ana Cristina de Lima Pimentel (PT – MG), Enio José Verri (PT – PR), Erika Jucá Kokay (PT – DF), Maria do Rosário (PT – RS), Pedro Uczai (PT – SC) e Rubens Otoni Gomide (PT – GO) vão assumir ou reassumir cadeiras na Câmara.

Outros 24 candidatos obtiveram votos suficientes para serem suplentes, incluindo Ricardo Galvão (Rede – SP), físico da USP e ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que foi demitido pelo governo Bolsonaro após anúncio de dados de desmatamento na Amazônia, e Edward Madureira Brasil (PT – GO), professor e ex-reitor na UFG (Universidade Federal de Goiás) que articulou o movimento dos cientistas.

“De fato, é muito importante ter no Congresso pessoas favoráveis à ciência, educação, saúde, cultura, meio ambiente e inclusão social. São pautas decisivas para o Brasil e deveríamos focar nelas intensamente”, diz o ex-ministro Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC. Por seu estatuto, a entidade não pode patrocinar candidatos e não apoiou os signatários do manifesto.

Para ele, o interesse de pesquisadores e professores pela política ocorre porque esses profissionais não se sentem representados e porque perceberam que não basta fazer pesquisa.

Em um contexto de fake news, é preciso transmitir a mensagem, compartilhar as questões importantes com a sociedade. Ribeiro cita, por exemplo, o risco de cidades como Rio, Santos e Olinda ficarem submersas devido ao aumento do nível do mar. “Muitos governos vêm desconsiderando a questão ambiental”, critica.

“É essencial para o governo mais ciência e mais educação porque o desenvolvimento econômico e social depende disso”, afirma o ex-ministro.

Quem foi eleito

Senado

Teresa Leitão (PT) – Pernambuco

A pedagoga iniciou sua carreira na rede estadual de ensino em 1975 e, entre outros cargos, foi diretora do
Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco.

 

Câmara

Alice Portugal (PCdoB) – Bahia

Eleita com 124.358 votos (1,56%), a farmacêutica bioquímica formada na UFBA (Universidade Federal da Bahia) vai para o sexto mandato na Câmara dos Deputados.

 

Ana Cristina de Lima Pimentel (PT) – Minas Gerais

Formada em medicina pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), tem mestrado e doutorado em saúde coletiva. Foi professora na UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei) e secretária de Saúde de Juiz de Fora. Eleita com 72.698 votos (0,65%), ocupará pela primeira vez uma cadeira na Câmara dos Deputados.

 

Enio José Verri (PT) – Paraná

Eleito com 95.172 votos (1,55%), é economista e mestre pela UEM (Universidade Estadual de Maringá) e doutor pela USP. Foi professor de economia na UEM e secretário estadual de Planejamento antes de seu primeiro mandato na Câmara. Está na Casa desde 2015.

 

Erika Jucá Kokay (PT) – Distrito Federal

Formada em psicologia pela UnB (Universidade de Brasília), fez carreira como bancária da Caixa Econômica Federal. Foi eleita com 146.092 votos (9,06%) e iniciará seu terceiro mandato na Câmara.

 

Maria do Rosário (PT) – Rio Grande do Sul

Pedagoga (UFRGS) com especialização em violência doméstica (USP), foi professora das redes municipal e estadual antes de se eleger vereadora em Porto Alegre. Está na Câmara desde 2003.

 

Pedro Uczai (PT) – Santa Catarina

Segundo candidato à Câmara mais votado em Santa Catarina (173.531 votos, 4,36%), o ex-professor da Unochapecó (Universidade Comunitária da Região de Chapecó) foi deputado estadual e ocupa uma cadeira em Brasília desde 2011.

 

Rubens Otoni Gomide (PT) – Goiás

Advogado, foi deputado estadual e iniciará em fevereiro de 2023 seu sexto mandato na Câmara dos Deputados.

 

Fonte: FOLHAPRESS