O plenário do Congresso Nacional, que reúne deputados e senadores, aprovou nesta sexta-feira (22) o Orçamento de 2024, dispositivo que detalha as receitas, os gastos, os investimentos e as metas do governo federal para o próximo ano. A peça indica R$ 54 bilhões para o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 49 bilhões para emendas parlamentares e R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral do pleito de 2024, além do aumento estimado do salário mínimo para R$ 1.412. O texto segue para a sanção presidencial.

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sugeriu um acordo para diminuir o valor do fundão para R$ 939,2 milhões, como havia recomendado o governo inicialmente. Isso com a garantia de que seria enviada uma proposta para reajustar o valor para cerca de R$ 2,6 bilhões, que seria o fundo eleitoral utilizado nas eleições de 2020 mais o reajuste da inflação. Além disso, o Novo também apresentou um destaque no plenário para tentar reverter a previsão de R$ 4,9 bilhões. Ambas as propostas foram rejeitadas.

A soma do fundo eleitoral será 145% maior que o gasto nas eleições municipais de 2020, quando foram utilizados R$ 2 bilhões dos cofres públicos. O valor será pago com recursos das emendas de bancada estadual, chamadas de RP7.

O texto também trouxe atualização em relação ao salário mínimo. A correção adotada foi de 3,85%, e não de 4,48%. Na prática, isso significa dizer que o mínimo aplicado em 2024 é estimado em R$ 1.412 — e não R$ 1.421.

No caso do PAC, os recursos serão utilizados para viabilizar investimentos em infraestrutura, setor que é prioridade de Lula para o próximo ano. O montante é menor do que a estimativa inicial enviada pelo governo, mas, após acordo costurado pelo governo, o orçamento foi incrementado em relação ao que propôs o relatório da Lei Orçamentária Anual (LOA).

Isso porque o texto apresentado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) previa para o PAC uma diminuição expressiva, de quase 30%, em relação ao cálculo enviado pelo Executivo federal. No relatório anterior, o PAC foi cortado em R$ 17 bilhões, passando de R$ 61,3 bilhões para R$ 44,3 bilhões. Com o acordo, a redução ficou em torno de R$ 6,3 bilhões.

Pela decisão costurada com o governo, uma parte da recomposição do PAC sai da atualização do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Com isso, serão liberados R$ 6,3 bilhões das contas públicas do próximo ano, viabilizando uma parte das obras do programa. Os outros quase R$ 4 bilhões partirão de remanejamentos sugeridos pela Casa Civil a partir de verbas a serem usadas em ministérios.

Emendas parlamentares

O Orçamento ainda traz o valor de cerca de R$ 53 bilhões destinados para emendas parlamentares. Além de impor um cronograma de pagamento para as emendas que são obrigatórias, caso das emendas individuais, destinada a senadores e deputados. O pagamento deve ser feito até 30 de junho. As áreas de saúde e assistência social serão priorizadas.

O relator do texto, o deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), também turbinou o montante de R$ 16,6 bilhões para as emendas de comissão. Em 2023, o valor para as emendas de comissão foi de R$ 6,9 bilhões.

Confira outros pontos do relatório

• Déficit zero

O relatório mantém a meta de déficit zero prevista pelo Executivo federal no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) no início do ano. Com isso, o governo terá margem de tolerância de gastos de 0,25% — para mais ou para menos. Assim, as contas podem encerrar 2024 com déficit primário de 0,25% do PIB ou superávit de 0,25%. Na prática, o déficit será zero no caso de os gastos do governo ficarem acima ou abaixo de zero em R$ 28,8 bilhões. Apesar disso, o relatório sugere que deve haver um superávit de R$ 3,5 bilhões.

• Minha Casa, Minha Vida

O relatório da LOA também trouxe redução de quase um terço da verba para o Minha Casa, Minha Vida, prevista no projeto enviado pelo Executivo. Dos R$ 13 bilhões sugeridos pelo governo para bancar o programa, a proposta reduziu o valor para R$ 8,9 bilhões. Em relação ao Bolsa Família, o parecer mantém a previsão de R$ 169,5 bilhões.

• Despesas

Pelo texto, as despesas do governo devem girar em torno de R$ 5,4 trilhões em 2024, sendo que a maioria delas diz respeito ao refinanciamento da dívida pública.

Confira as despesas por órgão no Orçamento de 2024

Ministérios

• Agricultura e Pecuária: R$ 11,2 bilhões

• Ciência e Tecnologia: R$ 12,8 bilhões

• Cultura: R$ 3,5 bilhões

• Defesa: R$ 126 bilhões

• Educação: R$ 180,5 bilhões

• Fazenda: R$ 33,5 bilhões

• Gestão e Inovação em Serviços Públicos: R$ 6,5 bilhões

• Igualdade Racial: R$ 188,3 milhões

• Integração e Desenvolvimento Regional: R$ 9,3 bilhões

• Justiça e Segurança Pública: R$ 22,1 bilhões

• Pesca e Aquicultura: R$ 373,5 milhões

• Previdência Social: R$ 935,2 bilhões

• Saúde: R$ 231,7 bilhões

• Cidades: R$ 18,6 bilhões

• Comunicações: R$ 2 bilhões

• Mulheres: R$ 489,9 milhões

• Relações Exteriores: R$ 4,7 bilhões

• Minas e Energia: R$ 9,1 bilhões

• Portos e Aeroportos: R$ 5,2 bilhões

• Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar: R$ 5,9 bilhões

• Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome: R$ 282,5 bilhões

• Indústria, Comércio e Serviços: R$ 2,9 bilhões

• Esporte: R$ 2,5 bilhões

• Meio Ambiente e Mudança do Clima: R$ 3,7 bilhões

• Planejamento: R$ 3,3 bilhões

• Trabalho: R$ 111 bilhões

• Turismo: R$ 2,3 bilhões

• Direitos Humanos e Cidadania: R$ 523,2 milhões

• Povos Indígenas: R$ 873,5 milhões

• Transportes: R$ 53,6 bilhões

Outros órgãos

• Presidência da República: R$ 3,3 bilhões

• Vice-Presidência da República: R$ 15,4 milhões

• Advocacia-Geral da União: R$ 4,4 bilhões

• Banco Central: R$ 4,1 bilhões

• Controladoria-Geral da União: R$ 1,3 bilhões

Judiciário e Ministério Público

• Supremo Tribunal Federal: R$ 897,6 milhões

• Superior Tribunal de Justiça: R$ 2,1 bilhões

• Conselho Nacional de Justiça: R$ 297,7 milhões

• Defensoria Pública da União: R$ 761,8 milhões

• Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios: R$ 3,8 bilhões

• Justiça do Trabalho: R$ 26,9 bilhões

• Justiça Eleitoral: R$ 11,8 bilhões

• Justiça Federal: R$ 16,1 bilhões

• Justiça Militar: R$ 758,7 milhões

• Ministério Público da União: R$ 9,3 bilhões

• Conselho Nacional do Ministério Público: R$ 115,7 milhões

Legislativo

• Câmara dos Deputados: R$ 8 bilhões

• Senado: R$ 5,9 bilhões

Outros

• Transferências para estados e municípios: R$ 563,3 bilhões

• Reserva de contingência: R$ 11,9 bilhões

• Operações oficiais de crédito: R$ 86,7 bilhões

• Dívida pública: R$ 2,4 trilhões

• Encargos da União: R$ 78,1 bilhões

(R7)