Por fim, Braz dispara: “Tem que perguntar para o presidente do Santos o que ele achou do VAR de hoje” #gefla
Com o Campeonato Brasileiro já decidido, Palmeiras e Flamengo cumprem tabela na antepenúltima rodada neste domingo, às 16h (de Brasília), na Arena Palmeiras. Mas se engana quem acha que não estará valendo nada esse jogo. A rivalidade entre os dois clubes rompeu as divisas dos estados e aflorou nos últimos anos. E vencer é uma questão moral em meio a velhas polêmicas e novas provocações.
A animosidade da partida fez até com que a Polícia Militar e o Ministério Público de São Paulo pedissem para o jogo ser realizado com torcida única, sem a presença de visitantes, o que é comum nos clássicos paulistas. Mas como a rivalidade entre os dois clubes chegou a esse ponto? O GloboEsporte.com fez uma linha do tempo mostrando o passo a passo do que aconteceu para criar o cenário atual:
Briga entre torcidas
Polícia usa gás para dispersar confusão na torcida e jogadores também sentem efeito
Torcida única
Julgamento do STJD sobre Flamengo e Palmeiras — Foto: Chris Mussi
Antes do reencontro entre as equipes no returno daquele ano, que valeria a liderança do campeonato, a Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) puniu os dois clubes. Entre as sanções aplicadas estavam a proibição de torcidas organizadas durante 10 jogos e a exigência de torcida única na Arena Palmeiras. Foi a primeira e única vez que isso aconteceu com Palmeiras e Flamengo até hoje.
Concorrência
Melhores momentos: Palmeiras 1 x 1 Flamengo pela 25ª rodada do Brasileirão
Se no primeiro turno daquele ano eles ainda não estavam no topo da tabela, no reencontro valia a liderança. O Palmeiras tinha só um ponto na frente, saiu perdendo com gol de Alan Patrick, mas com um jogador a mais buscou o empate com Gabriel Jesus. Resultado foi de grande importância para o Verdão, que manteve a primeira colocação por mais uma rodada.
Camarotes da discórdia
Dirigentes do Flamengo fazem gestos e filmam torcida palmeirense localizada abaixo do camarote — Foto: Sergio Ortiz/Forza Palestrina
Foi nesse mesmo jogo que as duas diretorias começaram a se estranhar. De um lado, o então presidente alviverde, Paulo Nobre, envolveu-se em uma confusão com convidados em camarote de um patrocinador. O dirigente se irritou com a presença de um torcedor do Flamengo no local e teria tentado invadir o camarote acompanhado por mais de dez seguranças.
Do outro extremo, o então presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello, queixou-se de o camarote rubro-negro ficar bem em cima de uma grande organizada do Palmeiras e alegou ter sido hostilizado por palmeirenses. Imagens divulgadas posteriormente mostraram o dirigentes em pé, no local reservado para a sua diretoria, fazendo gestos para a arquibancada e batendo boca com os torcedores rivais.
Alfinetadas das diretorias
Presidente Paulo Nobre dá entrevista coletiva e cobra STJD após gol anulado no Fla-Flu
O campeonato seguiu, e na 30ª rodada a diferença do líder Palmeiras para o vice-líder Flamengo voltou a cair para um ponto após o Verdão só empatar por 0 a 0 em casa com o Cruzeiro, enquanto o Rubro-Negro venceu o clássico com o Fluminense por 2 a 1, com direito a gol sofrido no fim anulado após 13 minutos de paralisação. Na época ainda não existia o VAR, e Nobre reclamou de interferência externa:
– Estamos aqui hoje para nos manifestar sobre o que chegou ao ponto do inaceitável. O que aconteceu no Rio de Janeiro pode manchar a história do campeonato, colocar em questão a credibilidade de um campeonato que começa a ser decidido fora de campo. (…) O Palmeiras, desde o primeiro dia, se esforça muito para conseguir todos os resultados que conquistou até agora. Ninguém vai levar na mão grande.
– Estou achando muito estranho tudo isso. Não sei o que ele tem a ver com a partida. O que é escandaloso e mancha a credibilidade da competição é a expulsão do Márcio Araújo no primeiro tempo do jogo contra o Palmeiras, é a Mancha Verde ficar embaixo do camarote do Flamengo no mesmo jogo, é o Palmeiras encharcar a nossa área antes da partida. Quem é que não tem vergonha na cara? – rebateu Bandeira.
“AeroPorco” x “AeroFla”
Batalha “AeroPorco” x “AeroFla” foi destaque no fim de 2016 — Foto: Arte Esporte
A rivalidade já cresceu tanto neste primeiro ano de disputa como candidatos ao título que até mesmo fora de campo as torcidas competiam em gestos. Surgia, então, o “AeroPorco” e o “AeroFla”, movimentos de apoio para os dois times antes de viagens para jogar fora de casa. Como o Palmeiras terminou campeão, muitos torcedores rotularam a mobilização rubro-negra com falta de sorte.
Deboche de Gabriel e Tchê Tchê
Gabrie e, Tchê Tchê tiraram sarro do Flamengo em 2016 — Foto: Reprodução / Instagram
Com o empate do Flamengo com o Coritiba, o Rubro-Negro não tinha mais chances de ser campeão, e apenas o Santos poderia (com um milagre) tirar o título do Palmeiras. Antes mesmo de garantir a taça, alguns jogadores debocharam do termo “cheirinho de hepta” criado pela torcida. Gabriel questionou: “Cheirinho de quê?”. Enquanto Tchê Tchê colocou um desenho de um nariz ao lado de “#cheirinho”.
Provocação alviverde
Dudu ironiza Flamengo em rede social — Foto: reprodução / Instagram
Após ser campeão, o Palmeiras lançou uma camiseta comemorativa com a inscrição ”Sem choro, nem cheiro”, que tinha como alvo claro o Flamengo. Dudu também postou uma provocação nas redes sociais após a conquista. Ele publicou uma foto ao lado do meio-campista Rafael Marques e de amigos, todos vestindo uma camiseta em que se lia “Não deu nem pro cheiro”.
Caso Felipe Melo
Felipe Melo em sua apresentação no Palmeiras — Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
Contratado como estrela após anos no futebol europeu, Felipe Melo, revelado na Gávea, em sua apresentação atacou Antonio Tabet, então vice-presidente de comunicação do Flamengo. Tudo por conta de um tuíte do dirigente, que dizia que um jogador (não falou especificamente sobre o volante) fazia juras de amor ao Rubro-Negro, mas pedira R$ 1 milhão de salários para negociar.
– Minha pátria amada hoje é Palmeiras. Não falo mais de Flamengo. O Flamengo me procurou há alguns anos em uma época em que era impossível eu vir da Europa para cá. Nunca pedi um milhão, não sei da onde veio isso. Nesta janela, não houve nenhuma procura. Não acredito que exista no Flamengo um vice de marketing que praticamente me chamou de “puta”. Para rir, ele é número 1, mas como dirigente não dá.
Provocação na Libertadores
Arena Palmeiras entrou no clima da zoação com o Flamengo em 2017 — Foto: Renato Pizzutto/BP Filmes
O ”cheirinho” voltou a ser citado na arena do Palmeiras em 2017. Durante o jogo entre o Alviverde e o Internacional, pela Copa do Brasil, o locutor do estádio anunciou o segundo gol do San Lorenzo – que eliminava o Flamengo da Libertadores – com a frase: ”Cheirinho no ar’. San Lorenzo 2, Flamengo 1″‘.
Dudu x Guerrero
Mensagem de Dudu a torcedor do Flamengo foi indireta para Guerrero — Foto: Reprodução
No reencontro entre as equipes em 2017, Flamengo e Palmeiras empataram por 2 a 2 na Ilha do Urubu, e o Rubro-Negro manteve o jejum sem vencer o rival. Depois da partida, Guerrero divulgou imagens de marcas no corpo que teriam sido deixadas pelo zagueiro Yerry Mina. Ao responder um comentário de um rubro-negro nas redes sociais, Dudu foi chamado de “chorão”, “cai-cai” e “bunda-mole” e rebateu:
– “Chorão” porque não dão conta de ganhar de nós, né? Trouxa. Chorão é teu atacante, que recebeu umas três faltas e está chorando até agora – escreveu, referindo-se indiretamente ao peruano.
Clima quente
Falta de Cuéllar em Dudu acaba em confusão e seis expulsos aos 50 do 2º tempo
Como o Flamengo não brigou pelo título em 2017, e o Palmeiras viu seu arquirrival Corinthians ser campeão, a animosidade entre os dois só voltou a ferver em 2018. Logo no primeiro encontro, o Rubro-Negro liderava o campeonato quando empatou por 1 a 1 na Arena Palmeiras. Jogo que terminou em confusão após um desentendimento entre Cuéllar e Dudu.
O atacante se revoltou ao sofrer uma falta e partiu para cima do volante. Com a chegada dos outros atletas, o tumulto aumentou. Entre muito bate-boca, Jailson agarrou Jonas pelo pescoço e depois foram contidos. O saldo foi de seis expulsos pelo árbitro Bráulio Machado: Jailson, Dudu e o reserva Luan, pelo Verdão; Cuéllar, Jonas e o reserva Henrique Dourado, pelo Rubro-Negro.
O Verdão segurou a vantagem e foi campeão. Após a conquista, Dudu foi instigado a provocar o Flamengo ao ser filmado para as redes sociais. Quando alguém grita “melhor vice?”, o atacante ironizou: “Eu não vou falar não, mas parabéns para o segundo melhor colocado da história”.
“Cheirinho” no aeroporto
Elenco do Palmeiras brinca com Flamengo no aeroporto e mais zoeiras no clipe do campeão
Voltando para São Paulo após a vitória por 1 a 0 sobre o Vasco em São Januário, placar que sacramentou o título ao Palmeiras, os jogadores passaram em frente a uma loja do Flamengo no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Foi um prato cheio para os alviverdes.
O colombiano Borja chega a falar “cheirinho” enquanto filmava e ria. O lateral-esquerdo Diogo Barbosa colocou a mão no nariz, também em uma referência à gozação com os torcedores do Flamengo.
Fim do jejum
A sorte começou a virar para o Flamengo em 2019, quando, enfim, conseguiu encerrar o jejum de vitórias contra o Palmeiras depois de cinco anos (ou nove jogos). Durante a vitória categórica por 3 a 0 no Maracanã, foi a vez de os torcedores rubro-negros provocarem com gritos de “eliminado”, fazendo referência à eliminação do rival diante do Grêmio nas quartas de final da Libertadores.
Presidente do Palmeiras dala sobre a arbitragem após o jogo contra o Inter
Após o empate do Palmeiras com o Inter no Beira-Rio, quando teve um gol mal anulado na visão do comentarista de arbitragem Paulo César de Oliveira, o presidente alviverde, Maurício Galiotte, foi a público reclamar do VAR e insinuando um favorecimento ao Flamengo, que liderava o campeonato com três pontos de vantagem.
– Em muitos lances, é só vocês fazerem um levantamento, o VAR não tem atuado em jogos do Flamengo, isso é fato. Ontem foi um exemplo. Tem o jogo do Internacional também no Maracanã. A gente vem a público pedir uma arbitragem que apite igual para todos.
Alfinetada de Braz
– A gente não aguenta mais não reclamar e eles ficam igual um gatinho miando. Só que eles vão bebendo leite e miando, aí ninguém aguenta. Vão comendo e bebendo leite, arrebentando com o Flamengo – afirmou, criticando a postura dos dois clubes com a CBF.
“Não tem Mundial”
Jogadores do Flamengo comemoram título da Libertadores com provocação ao Palmeiras
Após a conquista da Libertadores em Lima, no Peru, os jogadores do Flamengo também provocaram os palmeirenses. Na festa do título, Gabigol foi quem puxou a música “Palmeiras não tem Mundial; não tem Copinha, não tem Mundial” enquanto era filmado pelos celulares.
Marcos x Gabigol
Ídolo do Palmeiras, o ex-goleiro Marcos rebateu as provocações de Gabigol em uma rede social. O pentacampeão do mundo com a Seleção escreveu que o Verdão incomoda os rivais e ironizou o atacante que vai jogar o Mundial: “Sorte aí no fim do ano”.
Gabigol x Marcos
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Gabigol diz que canto de “Palmeiras não tem Mundial” não foi provocação
– No ano passado eles também falaram do cheirinho. No aeroporto passaram na frente da loja do Flamengo… Enfim, eu não estava aqui, mas acho que os jogadores aqui aceitaram numa boa. Eles estavam empolgados com o título, agora é o nosso momento de comemorar. Mas eu agradeço a ele pelo boa sorte no Mundial.
Hora do reencontro
Mano encara o jogo contra o Flamengo como se fosse uma “final” — Foto: Reprodução
Após a derrota para o Fluminense no Maracanã, Mano Menezes admitiu ter poupado jogadores de olho no jogo contra o Flamengo e mirou a vitória para elevar a moral do grupo:
– É importante ressaltar que as duas equipes pouparam, os dois têm preocupação pelo jogo de domingo. O Flamengo também tem, senão não pouparia. É um jogo emblemático. Vamos jogar contra o campeão brasileiro e da Libertadores na nossa casa. Temos condições de mostrar mais em um jogo como esse, ele traz coisas do primeiro turno, a rivalidade que se estabelece, a corneta na hora da conquista do título. Tudo isso vai para os 90 minutos. Vamos trabalhar muito para tentar vencer esse grande adversário do momento que é o Flamengo – avaliou. (Globo Esporte)