Médicos de clubes de diferentes regiões, realidade e divisões no futebol brasileiro se reuniram durante quase quatro horas na noite da última quinta-feira para ouvir experiências de Flamengo, Grêmio e Inter com seus protocolos para testes de Covid-19 e volta aos treinos. O encontro por videoconferência foi organizado pelo presidente da Comissão Nacional de Médicos da CBF, Jorge Pagura.
Com os exemplos da dupla Gre-Nal e do Rubro-Negro, a CBF pretende auxiliar os demais clubes a implementar testes em massa em todo o país – o que ainda é um desafio tanto pelas condições de crescimento da curva de infectados e de óbitos em todo o país, mas também pela escassez financeira de boa parte dos clubes brasileiros para investir na compra e na aplicação de testes.
Ao todo, estes três clubes fizeram mais de 500 testes com atletas, comissão técnica e funcionários. Os primeiros resultados podem servir de parâmetro para os médicos identificarem um perfil epidemiológico do futebol brasileiro.
Desde Porto Alegre, os médicos Márcio Dornelles, do Grêmio, e Rodrigo Hoffmeister, do Internacional, narraram toda a rotina de cuidados e controles adotados pelos clubes para a volta aos treinos. Os dois rivais gaúchos foram os primeiros a retomar atividades em seus centros de treinamentos, após um decreto municipal.
No Rio de Janeiro, o chefe do departamento médico do Flamengo, Marcio Tannure, que faz parte do comitê criado para elaborar protocolos de atividades no Rio e nacional, também relatou as medidas tomadas e passou informações sobre a análise de resultados colhidos.
Dos 293 testados pelo Flamengo, 38 deram positivo para coronavírus, porém com estágios diferentes. O clube carioca ainda busca entendimento com as autoridades para autorização no retorno aos treinos. O presidente do clube Rodolfo Landim assinou carta junto aos demais clubes cariocas – com exceção de Botafogo e Fluminense – pela liberação da volta às atividades.
Os clubes uniram forças para criar o protocolo em conjunto. Os testes para Covid-19 foram realizados antes da retomada das atividades. O Inter não tem casos registrados. No Grêmio, dois funcionários testaram positivo, assim como Diego Souza, que sequer retornou do Rio de janeiro.
A rotina dos clubes é idêntica: os atletas chegam ao clube já com a roupa de treino e logo têm temperatura e níveis de oxigênio no sangue medidos. Depois, vão direto ao gramado, onde mantêm o distanciamento de dois metros entre si.
Tudo isso ocorre ao ar livre, com tendas instaladas do lado de fora dos CTs. Equipamentos de musculação também são instalados na área externa e higienizados a cada uso com borrifadas de álcool.
– A gente está falando com o mundo. Todo mundo quer saber. Vários clubes já ligaram. A conversa foi sobre como foram os testes, como está indo o dia a dia, se os protocolos estão funcionando ou não. Sobre teste, o uso dos resultados é restrito dos atletas e dos funcionários. A gente não pode divulgar dados. O pessoal está querendo saber como o protocolo está funcionando – afirma Dornelles ao GloboEsporte.com
A CBF preparou protocolo nacional, que foi enviado ao Ministério da Saúde, por meios “não oficiais”, e recebeu série de ressalvas do Governo Federal. O primeiro caderno tinha 22 páginas, agora são 28 ao todo. Com novas informações e acréscimo de consultorias externas, a CBF finaliza a nova versão para ser, posteriormente, enviada a federações e clubes em todo o país. (Globo Esporte)