Dezenas de comerciantes e trabalhadores de lanchonetes, bares, restaurantes e similares fizeram protesto, na noite desta segunta-feira (18), na Praça Alencastro, defronte ao Palácio Alencastro – sede da Prefeitura de Cuiabá. Com palavras de ordem como “fora paletó!”, “queremos trabalhar!” e “corrupto!”, eles desfilaram exibindo um caixão de madeira, onde responsabilizam o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) pela falência de diversas empresas.

A estratégia dos manifestantes era chegar até o saguão do Palácio Alencastro, para serem ouvidos pelo chefe do Poder Executivo. Emanuel Pinheiro não aceitou receber os líderes da manifestação.

Todavia, foram impedidos por agentes de regulação e fiscalização de trânsito – os amarelinhos e por alguns homens da Polícia Militar de Mato Grosso. Repreendidos por amarelinhos e PMs, eles aproveitaram para gritar palavras de ordem contra os agentes de trânsito, raramente recebidos com simpatia pelos donos de veículos automotores.

Os comerciantes sempre colocavam à frente do protesto o caixão que representava o enterro simbólico de Pinheiro.  “Aqui jás um CNPJ e um CPF!”, dizia um dos cartazes fixados na tampa do caixão.

Os manifestantes praticamente lotaram porta da Prefeitura de Cuiabá. Alguns  feirantes também engrossaram o coro e pediram socorro. “Os feirantes vão morrer! Não temos a quem recorrer!”, gritavam.

A pandemia Covid-19 uniu patrões e empregados: o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Mato Grosso (SHRBS) e o Sindicato dos Empregados em Comércio de Bares, Restaurantes e Similares (Sindecombares) estiveram de mãos dadas.

Um levantamento preliminar realizado pelo SHRBS aponta que, entre os empresários do setor na Capital de de Mato Grosso, grande parte acredita que cerca de 40% estabelecimentos vão fechar as portas por conta da crise provocada pelo novo coronavírus (Covid-19).

Segundo esse levantamento, que ouviu 125 empresários do ramo que possuem estabelecimentos no município, os empreendedores levaram em conta não apenas os seus negócios, mas o conhecimento que têm de outros bares e restaurantes.

“Todo dono de restaurante se relaciona com vários colegas, com os vizinhos, com os fornecedores. É um pessoal que conhece bem a situação vivida e isso se reflete na própria análise da realidade”, disse um dos presentes à manifestação, na Praça Alencastro, para a reportagem do portal de notícias Cuiabano News.

O principal para esses fechamentos, de acordo com os entrevistados, é a recessão que atingirá o Brasil após a reabertura dos comércios.

“Não é só a quarentena em si. Eles acham que 40% não irão sobreviver à crise, com a recessão brava que vai vir depois dela. Esperava-se que a quarentena fosse um pouco menor, que as pessoas então lançariam mão disso e daquilo e iam sobrevivendo, mas ela vai se prolongar um pouco mais e a abertura vai ser gradual”, explica outro dono de restaurante.