O objetivo do Cuiabá na elite do futebol brasileiro não é tão modesto quanto parece. E um clube empresa que não tem um diretor executivo vindo do mercado pode parecer estranho. No entanto, a contradição é explicada por Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá. “Nós somos clube empresa, mas também somos uma empresa familiar. Então, você pode dizer que somos um clube empresa familiar”.
A estrutura é simples. O pai, Manuel, é o dono. Alessandro, um dos filhos, é o presidente. Cristiano é o vice que cuida do futebol. E também cuida de algo muito importante. “Dinheiro que não é bem tratado, desaparece. Quem tem menos que os outros, como o Cuiabá, precisa cuidar muito bem. Por isso, eu que negócio com jogadores e empresários. Fica uma relação de confiança e respeito, com jogadores e com o mercado. Não tem intermediário”.
E cada vez mais Cristiano, que abandonou o curso de Administração no último semestre, lida com mais dinheiro. Na Série C, a folha salarial era de R$ 500 mil, na B, de R$ 1 milhão e na A, de R$ 3 milhões. A cota de TV na B, era de R$ 6 milhões e agora será de R$ 26 milhões mais variáveis, como o número de jogos transmitidos. “Não vou colocar gerente e nem diretor para cuidar disso. O Bragantino também é clube empresa e o Tiago Scuro, que é o presidente, cuida de tudo”.
Centro de treinamento do Cuiabá é trunfo para o clube alcançar objetivos na temporada Imagem: Divulgação/Cuiabá.
Cristiano fala muitas vezes o termo o pés no chão. A meta é simples: continuar na Série A. E daqui a cinco anos? “Continuar na Série A. Mostrar que não somos nuvem passageira”. Libertadores? Sul-americana? “Não pensamos nisso. Nosso trabalho é consolidar o Cuiabá. Só isso”.
A consolidação tem a ver com estrutura. “Estamos construindo um CT para as categorias de base. Já estava na hora. O primeiro campo estará pronto e o CT, em quatro ou cinco anos. Além disso, temos um CT completo para os profissionais”.
O dinheiro do Cuiabá não vem apenas da família, dona da Drebor e da Raytak, fabricantes de material usado na recapagem de pneus para caminhões, tratores e colheitadeiras, além de fazenda, transportadora e atuação na bovinocultura.
“Temos patrocinadores como Agroamazonia, Banco Sicredi e tínhamos a Unimed. E estamos esperando passar uma lei no Congresso que permitirá aos clubes empresa captarem dinheiro. A votação será ainda no primeiro semestre. Vai ajudar bastante”.
É assim, gastando menos do que arrecada e buscando dinheiro novo que o Cuiabá pretende se cacifar junto ao novo futebol brasileiro. “Estamos passando por mudanças. Existem grandes vivendo um mau momento financeiro e clubes do Nordeste, como Ceará, Fortaleza, Bahia e Sport se fortalecendo. Tem que cuidar do dinheiro. Quem tem menos, precisa ser mais competente”.
O Cuiabá contratou onze jogadores para a disputa da Série A. Sem loucuras. Cristiano diz que Valter vai ganhar o mesmo que recebia no Corinthians. Os reforços estão disputando o Campeonato Mato-grossense.
“O nível técnico é menor, mas é importante ganhar para fortalecer nossa marca e aumentar a torcida. Em Cuiabá, já temos mais torcedores que muitos grandes clubes do país. No Estado, ainda não”.
O Cuiabá lidera com 14 pontos em seis rodadas. Operário de Várzea Grande tem 13. Os dois últimos são Poconé, com três e Sinop, com zero. “Os dois que estão embaixo, tem dinheiro do agronegócio. É o que eu digo, não adianta ter dinheiro, precisa saber gerenciar”.
O Cuiabá não pretende construir um estádio. “Temos uma dívida social com o Estado do Mato Grosso e vamos usar a Arena Pantanal. Ela tem capacidade para 43 mil pessoas, mas é modular. São quatro setores, com dois andares cada. Se for um jogo para cinco mil, abre-se apenas um andar de um setor. Se for para dez mil, abre um setor e dois andares. Não precisamos de um estádio nosso”.
E, com os pés no chão, não sendo uma “nuvem passageira”, quem sabe um dia todos os andares e setores não estejam abertos para grandes decisões?. (Com informações do UOL Esportes)