O jogo de volta entre Fortaleza e Independiente, na Arena Castelão, está marcado por tensão que ultrapassa as razões esportivas. Além da ansiedade natural que permeia as grandes decisões do futebol, o duelo será sediado em meio a motim de PMs. Para reforçar a segurança na Arena Castelão, o esquema para dia do jogo contará com blindados, soldados do exército e armas de alto calibre.
Diante do cenário, o Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE), por meio do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudtor), chegou a recomendar que a partida só fosse mantida caso o motim de parte dos policiais militares fosse suspenso, ressaltando que o jogo não poderia ocorrer sem a garantia da segurança dos torcedores que comparecerão ao estádio. A estimativa de público supera 45 mil pessoas.
O Fortaleza logo se pronunciou, por meio de nota oficial, afirmando a intenção de dar continuidade à organização do jogo na data prevista.
Efetivo para o dia do jogo
A um dia do jogo, representantes da Polícia Militar, do Exército, da Guarda Municipal de Fortaleza, além dos representantes do Fortaleza e do Independiente se reuniram para definir os detalhes finais do esquema de segurança na área interna e no entorno da Arena Castelão para o dia de jogo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2020/X/v/7BjOB1Q7eJ06gCyr5h1A/whatsapp-image-2020-02-26-at-20.44.00.jpeg "Representantes de Fortaleza, Independiente e da segurança e trânsito do Estado se reúnem — Foto: Reprodução")
Representantes de Fortaleza, Independiente e da segurança e trânsito do Estado se reúnem — Foto: Reprodução
Segurança pública
- Polícia Militar: 200 homens
- Exército: 135 homens + Helicóptero
- Raio e Força Nacional: 154 homens
- Total: 489 homens
Segurança privada
- 526 seguranças privados
- 135 controladores de acesso (catracas)
- 116 orientadores
Trânsito
- 30 agentes da AMC
O plano de ação divulgado pela Federação Cearense de Futebol (FCF) ainda prevê um contingente de 16 policiais civis, 35 bombeiros e 8 guardas municipais.
No esquema de segurança do jogo Ceará x Botafogo-PB, que ocorreu na quarta-feira (26), aparatos militares como tanques e armamento pesado complementaram o equipamento utilizado pelo efetivo no entorno do estádio, situação que deve se repetir, em maior escala no duelo intercontinental.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2020/B/V/yUylfRQmanEUmuBD7kqg/whatsapp-image-2020-02-26-at-16.52.34.jpeg "Esquema de segurança no entorno da Arena Castelão — Foto: Thiago Gadelha/SVM")
Esquema de segurança no entorno da Arena Castelão — Foto: Thiago Gadelha/SVM
Repercussão internacional
A situação em Fortaleza chamou a atenção da imprensa desportiva internacional. Portais argentinos como Clarín e Olé publicaram manchetes como “Independiente vai a uma cidade em chamas” e “Crise e mortes onde o Independiente jogará”.
A equipe argentina solicitou reforço na segurança reservada à delegação e aos torcedores do Rojo, que é de responsabilidade da equipe mandante. Durante todo o período na capital, o time receberá um suporte de escolta do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRAIO) noa trajetos que fizer fora do Hotel Gran Marquise, na Beira-Mar, onde se hospedou.
O Fortaleza encara o Independiente, na Arena Castelão, nesta quinta-feira (27), às 21h30. Confronto é válido pelo jogo de volta da primeira fase da Copa Sul-Americana.
Entenda o contexto
O clima de insegurança em Fortaleza se iniciou há nove dias, com o início do motim de bombeiros e policiais militares do estado, que paralisaram as atividades reivindicando melhorias salariais. Desde então, o número de assassinatos no Ceará cresceu no período (chegando a 170 mortes), 168 policiais foram afastados, 43 agentes foram presos, e o Estado precisou recorrer às tropas do exército para reforçar segurança pública. Nesta quarta-feira (26), o Ceará solicitou ao governo federal a prorrogação da presença de militares do Exército no estado. (Globo Esporte)