Uma reunião entre a prefeitura do Rio, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e clubes que disputam o Campeonato Carioca, realizada neste domingo, debateu um plano para a volta do futebol carioca. Dirigentes presentes ao encontro – Fluminense Botafogo não enviaram representantes – informaram que os treinos devem ser liberados a partir de terça-feira, e os jogos sem público, a partir de 14 de junho.

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella e o presidente da Ferj, Rubens Lopes, devem se manifestar apenas na segunda-feira, dia em que nova reunião na federação será realizada.

Marcelo Crivella e Rubens Lopes durante o encontro no Riocentro — Foto: GloboEsporte.com

Marcelo Crivella e Rubens Lopes durante o encontro no Riocentro — Foto: GloboEsporte.com

A mudança no panorama do Carioca começou com os testes dos clubes pequenos, realizados nos últimos dias, e passou por viagens a Brasília tanto do prefeito Marcelo Crivella quanto dos presidentes de Flamengo e Vasco. Eles se reuniram com o presidente da República, Jair Bolsonaro, que defende a volta dos jogos.

Crivella se reuniu com comitê científico no sábado e não debateu sobre futebol – os membros ainda são contra o retorno de treinos e jogos -, mas se discutiu a preocupante situação de casos e mortes na cidade. O recado era que não era o momento de abertura.

Mas a pressão, representada por Flamengo e Vasco (com apoio da Ferj e dos clubes pequenos), pela liberação imediata – o Rubro-Negro voltou a treinar no Ninho do Urubu nesse início da semana, mesmo sem autorização (o que gerou multa) – fez efeito. O prefeito desejava que os treinos voltassem a ocorrer somente a partir de 8 de junho, dando mais tempo para amenizar a situação provocada pela pandemia do novo coronavírus. No último sábado, o estado do Rio de Janeiro bateu o recorde de mortes registradas pela Covid-19: foram 248 óbitos em 24 horas.

– Houve pressão do Flamengo e do Vasco, mas todos pequenos também querem a volta. Em julho não podia voltar porque o Brasileiro já vai entrar por janeiro. Precisamos voltar em junho – disse Elias Duba, presidente do Madureira.

Duba mandou representante, não foi ao encontro, pois pertence ao grupo de risco, mas disse que os jogadores do Madureira voltam a treinar na terça. O clube vai fazer nova bateria de testes de coronavírus e decidiu confinar os jogadores em hotel para realizar os treinos e voltar aos jogos.

O presidente do Vasco, Alexandre Campello, não confirmou as datas, mas referendou a ideia de meados de junho.

– Na realidade, a gente está tratando muito de como voltar, da forma como o futebol vai voltar. Mas com uma tendência do futebol voltar a ser jogado no meio de junho. Isso ainda está sendo discutido, nesse momento está liberado para volta a fisioterapia, alguns exercícios ligados a fisioterapia. E Ainda está sendo discutido a volta efetivamente aos treinos, mas com um pensamento do futebol voltar a partir do meio de junho – disse Alexandre Campello, presidente do Vasco, ao sair do encontro.

O prefeito Marcelo Crivella deverá anunciar oficialmente as medidas nesta segunda e um protocolo de retomada gradativa das atividades do esporte. A assessoria de Crivella informou que será convocada uma coletiva do prefeito, ainda sem data e horário definidos.

A Ferj enviou um edital de convocação aos clubes para uma reunião virtual às 15h. Pelo documento, os temas debatidos na Ferj serão:

  • 1) Protocolo “Jogo Seguro” (fase 2).
  • 2) Registro de novos contratos. Prazo reduzido.
  • 3) Condição de jogo.
  • 4) Intervalo mínimo entre as partidas.
  • 5) Mandos de campo.
  • 6) Jogos fora do Estado do Rio de Janeiro.
  • 7) Outros assuntos pertinentes às partidas complementares do Campeonato Carioca passíveis de discussão por decisão preliminar favorável da maioria.
O edital da Ferj — Foto: Reprodução

O edital da Ferj — Foto: Reprodução

Inicialmente, o encontro, que teve como sede o Riocentro, teria a presença de todos os times da Série A do Carioca – ao menos foi a convocação feita por Rubens Lopes, presidente da Ferj. Porém, o Fluminense e o Botafogo, instituições que já se manifestaram contrários à retomadas das atividades na pandemia do novo coronavírus, não enviaram representantes – as duas direções se manifestaram (veja notas acima).

– Está sendo decidido pelo prefeito e pela sua comissão científica a volta aos treinos. Assim como o Campello falou, o (Rodolfo) Landim (presidente do Flamengo), nós temos de voltar a treinar. Os atletas estão ansiosos. Há um calendário a ser cumprido. Os jogos ainda não têm data definida. O primeiro passo é definir os treinos. O pedido dos clubes é para voltar a treinar o quanto antes para que tenha o retorno em meados ou final de junho – disse Carlos Alberto Pereira, diretor executivo do Macaé.

Ainda não está claro como e onde os clubes do interior vão treinar. O Boavista o deve fazer no Rio.

– Não tivemos a participação do governador, nem de nenhum representante do executivo do Estado. Entendo que aqueles clubes que têm sede em outros municípios estão aqui sob orientação das prefeituras locais. Não chegou a ser discutido, mas me parece que nessas cidades não teria problema – disse Campello.

O debate feito neste domingo foi o capítulo mais recente de uma movimento iniciado na semana passada. Na terça-feira, Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Alexandre Campello, presidente do Vasco, foram a Brasília debater com o presidente Jair Bolsonaro a volta do futebol – mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal que dá a governadores e prefeitos a prerrogativa de adotar e flexibilizar as medidas restritivas para diminuir o risco de contágio com a doença. Na quinta-feira, igualmente em Brasília, foi a vez de Crivella se reunir com o presidente da República para debater o mesmo tema.

Alfredo Sampaio, presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio (Saferj), que se recupera após ter testado positivo para a Covid-19, manteve a posição de priorizar a segurança dos jogadores: