A reunião que deveria ser para discutir a fórmula de disputa e as datas do Campeonato Paraibano de 2021 acabou tendo um desfecho bastante diferente. Na tarde desta segunda-feira, na sede da Federação Paraibana de Futebol (FPF), os clubes que têm participação garantida na competição estadual do próximo ano acabaram decidindo por cancelar o campeonato, alegando problemas financeiros para que fossem arcados os custos para participação na competição.
A decisão foi assinada por representantes de sete dos oito clubes que teriam participação no Campeonato Paraibano de 2021. Dirigentes de Atlético-PB, Campinense, Nacional de Patos, Perilima, São Paulo Crystal, Sousa e Treze apoiaram a não realização do estadual. A exceção foi o Botafogo-PB, que até enviou representante à reunião, mas de maneira extraoficial, apenas como ouvinte. A principal reclamação dos dirigentes é com relação ao pagamento de valores que estariam em atraso referentes ao antigo programa Gol de Placa e também o Programa de Incentivo ao Esporte, lançado em janeiro deste ano.
Ata de Reunião da Federação Paraibana de Futebol com os clubes — Foto: Divulgação / FPF
Na ata da reunião, inclusive, consta um pedido que os dirigentes fizeram à presidente da FPF, Michelle Ramalho, no sentido de que ela intermediasse um contato com representantes do Governo do Estado para tentar buscar uma solução para o caso. Como não foi apresentada nenhuma perspectiva de pagamento, pelo menos no que consta na ata da reunião, a decisão final foi no sentido de que não haverá Campeonato Paraibano da 1ª divisão no próximo ano.
FPF rejeita pedidos de Confiança-PB, Queimadense e Sport-PB
Para além do Arbitral, o Confiança-PB, a Queimadense e o Sport-PB, que não estão na elite do futebol estadual, tentaram encontrar uma brecha para que pudessem disputar o Campeonato Paraibano do próximo ano. O motivo? Com oito clubes na disputa de 2021, os representantes dessas agremiações se escoraram em regulamentações que pudessem evocar essa possibilidade. Michelle se posicionou de forma irredutível e dispensou qualquer chance para que isso aconteça.
Em contato com a reportagem do ge, a presidente da FPF garantiu que o regulamento do Campeonato Paraibano do último ano será respeitado e, portanto, não existe outro meio desses clubes ingressarem na primeira divisão que não seja através de um acesso por meio da disputa da 2ª divisão do Campeonato Paraibano.
Leia, a seguir, a íntegra do que disse Michelle Ramalho:
“Recebemos, sim, esses pedidos. Entendo o ponto de vista dos nossos filiados em pleitearem vagas na 1ª divisão. Ocorre que consultamos o departamento jurídico e, juridicamente, é inviável a solicitação do Confiança-PB e da Queimadense, uma vez que, para se ter o devido acesso a primeira divisão, seria necessário ter ocorrido outra competição onde estivesse previsto no regulamento o devido acesso. E quanto à solicitação do Sport-PB, seria possível a anulação do rebaixamento, desde que tivesse a anuência de todos os clubes da 1ª divisão para assim modificarmos o regulamento 2020 e anular o rebaixamento, o que não aconteceu, já que alguns clubes foram contra modificar o regulamento 2020. Sendo assim, o regulamento será respeitado e será mantido o descenso dos dois clubes, conforme acertado no Arbitral anterior”.
Michelle Ramalho se mostrou contrária às propostas oficializadas pelos três clubes — Foto: Divulgação / FPF-PB
O primeiro pedido oficializado partiu do Sport-PB. O clube da cidade de Lagoa Seca pediu a nulidade do rebaixamento do Campeonato Paraibano se baseando no Artigo 89 da Lei Pelé, que diz que “em campeonatos ou torneios regulares com mais de uma divisão, as entidades de administração do desporto determinarão em seus regulamentos o princípio do acesso e do descenso, observado sempre o critério técnico”.
Terceiro e quarto colocados na 2ª divisão do Campeonato Paraibano do ano passado, o Confiança-PB e a Queimadense evocaram o Estatuto do Torcedor em seu Art. 10, inciso “3”, parágrafos I e II, por entenderem que podem herdar as vagas deixadas por CSP e Sport-PB, rebaixados do estadual deste ano.
Clubes posteriores ao Sport-PB e o São Paulo Crystal, campeão e vice da última edição da Segundona, respectivamente, o Bicho-Papão e o Carcará, porém, tiveram seus pedidos indeferidos pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Paraíba (TJDF-PB), ainda no início da tarde desta segunda-feira. Ou seja, os dois clubes, assim como o Sport-PB, seguem à mercê da disputa da 2ª divisão do Campeonato Paraibano do próximo ano para que consigam postular uma vaga na elite do futebol da Paraíba. (Globo Esporte)