Os dez clubes brasileiros que já venceram a Libertadores aprovam com ressalvas a ideia da Conmebol de recriar a Supercopa dos Campeões, torneio que serviria para classificar dois times para o Mundial de Clubes de 2021 – o primeiro no novo formato, com 24 participantes e organizado a cada quatro anos.

A ideia da Conmebol é organizar o campeonato entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. É justamente aí que está o problema. A CBF se posicionou frontalmente contra o projeto por avaliar que não há espaço no calendário. No futebol brasileiro, o mês de dezembro é reservado para as férias; enquanto janeiro é ocupado com a pré-temporada.

A Supercopa foi disputada entre 1988 e 1997, quando o número de campeões da Libertadores era muito menor. Naquele período, o Brasil tinha Santos, São Paulo, Cruzeiro, Flamengo e Grêmio como representantes. De lá para cá, o grupo aumentou com a entrada de Vasco (1998), Palmeiras (1999), Internacional (2006 e 2010), Corinthians (2012) e Atlético-MG (2013).

GloboEsporte.com consultou todos esses clubes. Confira a seguir como cada um se posiciona sobre a ideia, que ainda está em discussão entre dirigentes da Conmebol e das dez associações nacionais de futebol que compõem a confederação.

Atlético-MG

Atlético-MG comemora título da Libertadores 2013 — Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG

Atlético-MG comemora título da Libertadores 2013 — Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG

– O Atlético é totalmente favorável à criação de torneios que envolvam clubes de primeira linha do futebol sul-americano. Eles são muito mais rentáveis, relevantes e atraentes para os clubes, assim como para o torcedor, telespectador, anunciantes e todos aqueles que fazem parte do futebol – disse o presidente do Galo, Sérgio Sette Câmara.

O dirigente faz a ressalva de que seria preciso mexer no calendário para acomodar o novo torneio. E dá até algumas sugestões:

– Obviamente seria necessário um remanejamento das férias dos jogadores. Talvez tenha que se mudar o formato dos estaduais, principalmente no que diz respeito ao número de datas. Ou então, no caso desses participantes, usar o sub-20 pode ser uma alternativa.

Alessandro, capitão do Corinthians, levanta a Copa Libertadores em 2012 — Foto: Leonardo Miranda

Alessandro, capitão do Corinthians, levanta a Copa Libertadores em 2012 — Foto: Leonardo Miranda

Para o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, um novo torneio só pode entrar no calendário se houver um “acordo entre todos os lados”:

– O mais importante é estar atento ao calendário do futebol. Temos um calendário apertado no Brasil, mas é questão de negociar e avaliar para não prejudicar os clubes e nem os atletas. Nesse período [dezembro de 2020] são as férias dos jogadores. O Ministério do Trabalho aceita mudar isso? Precisa ter um acordo entre todos os lados.

Cruzeiro

Wilson Gottardo, capitão do Cruzeiro na Libertadores de 1997  — Foto: Divulgação/ Cruzeiro

Wilson Gottardo, capitão do Cruzeiro na Libertadores de 1997 — Foto: Divulgação/ Cruzeiro

– A Supercopa foi uma competição que levou grandes públicos aos estádios, inclusive o Cruzeiro que chegou a ter média superior a 60 mil pessoas por partida. Reunia os grandes clubes do futebol sul-americano. É uma competição de peso. Só que nosso calendário está na contramão do futebol mundial. Talvez seja o único correto é os demais estão errados. No período proposto é impossível por ser a época de férias dos jogadores.

Flamengo

Zico foi campeão da Libertadores pelo Flamengo em 1981 — Foto: Divulgação

Zico foi campeão da Libertadores pelo Flamengo em 1981 — Foto: Divulgação

Grêmio

Jogadores do Grêmio comemoram a conquista da terceira Libertadores do clube, em 2017 — Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

Jogadores do Grêmio comemoram a conquista da terceira Libertadores do clube, em 2017 — Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, aprova a recriação da Supercopa. Mas não acredita que o torneio saia do papel justamente pela falta de datas. Ele prefere esperar a evolução do assunto para se posicionar a respeito.

– Creio que não tem condições. Estou muito curioso para saber como vão acomodar o calendário, não sei se tem data para isso. Vamos ver qual será o próximo passo.

Internacional

O presidente do Inter, Marcelo Medeiros, fez questão de afirmar que esta é a sua opinião pessoal e não institucional, “já que o assunto não foi debatido internamente”.

– Toda competição que venha para qualificar o futebol, que marque o confronto de grandes equipes precisa ser bem-vinda. A CBF já criou um jogo que vai pagar um prêmio entre o vencedor da Copa do Brasil e do Brasileiro [a Supercopa do Brasil]. Se a Conmebol fizer isso, vai acumular…. No final do ano, já tem o Mundial de Clubes. E sempre se terá um representante sul-americano. O futebol tem férias de jogadores e também não se pode abrir ao do período de pré-temporada. Inserir jogos dessa importância não me parece a melhor ideia. O calendário ficou apertado. As datas Fifa não mudaram. Esse ano teve outra Copa América…

Marcos comemora título do Palmeiras na Libertadores de 1999 — Foto: Reprodução

Marcos comemora título do Palmeiras na Libertadores de 1999 — Foto: Reprodução

Por meio de sua assessoria de comunicação, o Palmeiras afirmou:

– A ideia é interessante. Mas para viabilizá-la precisaríamos de um ajuste no calendário do futebol em nosso país, porque da forma que se apresenta atualmente, não existe data disponível.

Santos

Neymar e Ganso foram campeões da Libertadores em 2011 pelo Santos — Foto: Grazir Junior / Globoesporte.com

Neymar e Ganso foram campeões da Libertadores em 2011 pelo Santos — Foto: Grazir Junior / Globoesporte.com

– Nós temos o que eu considero um defeito, que é um calendário diferente dos outros. Eu defendo a criação dessa competição, sim.

São Paulo

Ceni e Lugano com o troféu da Libertadores em 2005 — Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Ceni e Lugano com o troféu da Libertadores em 2005 — Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

O São Paulo não respondeu formalmente ao GloboEsporte.com, mas a reportagem apurou que dirigentes do clube são a favor do plano da recriação da Supercopa. Os cartolas tricolores também entendem que há um problema de calendário a ser resolvido pela CBF e pela Conmebol.

Vasco

Mauro Galvão (no centro) foi o capitão do Vasco na Libertadores de 1998 — Foto: O Globo

Mauro Galvão (no centro) foi o capitão do Vasco na Libertadores de 1998 — Foto: O Globo