Em agosto de 2003, um menino de 5 anos morreu ao beber um refrigerante envenenado, no lugar da madrinha, que era o alvo da assassina. Em setembro de 2005, um homem de 29 anos morre ao tomar um suco de laranja. Em agosto de 2016, um garotinho de 2 anos veio a óbito após ingerir um achocolatado envenenado. E em junho de 2019, uma criança de 11 anos foi morta por envenenamento e a madrasta é a suspeita do crime.
Os casos têm em comum o uso do pesticida carbofurano e o trabalho científico de peritos criminais para chegar aos laudos que subsidiaram a Polícia Judiciária Civil no esclarecimento do crime e prisão dos suspeitos.
No dia 16 de agosto de 2003, uma ex-presidiária envenenou uma garrafa de refrigerante e ofereceu a Gisele Padilha, na época com 20 anos. Contudo, ela sentiu o gosto estranho, mas o afilhado de 5 anos e outras 4 pessoas passaram mal. Todavia, apenas a criança faleceu.
Naquela época, a Politec ainda não tinha o aparelho de Cromatografia Gasosa e Espectrometria de Massas. Por meio dele, é possível chegar a uma análise mais rápida e irrefutável ao resultado sobre a substancia que levou a pessoa a morte, por meio de análise do sangue e do conteúdo no estômago ou fígado.
“Antes tínhamos que pegar emprestado da universidade, ou de outros institutos para fazer nosso trabalho, depois da aquisição desse aparelho cedido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), a gerência de toxicologia da Politec passou a fazer essas análises” disse a diretora metropolitana do Laboratório Forense, Alessandra Puertas.
Uma das soluções de caso mais recente foi a do envenenamento de uma menina de 11 anos. Contudo, mais casos podem ser descobertos, pois há uma demanda represada.
O aparelho que chegou à Politec em 2014, voltou a funcionar em 2018, após um tempo parado.
“O equipamento ficou parado muito tempo sem manutenção, entre 2016 e 2017, há dois freezeres lotados de vestígios para serem analisados e pode ter outros casos de envenenamento que podem ser descobertos. O ideal seria que tivéssemos dois cromatógrafos para atender a toxicologia e outro para análises químicas”, destacou a gerente de Perícias de Toxicologia Forense, Kesia Renata Lopes Lemos Melo.
A Politec inscreveu no Finep (Financiadora de Inovação e Pesquisa) para conseguir outro aparelho de Cromatografia Líquida Espectrometria de Massas, cujo valor custa cerca de R$ 1,6 milhão.
“A ciência é cara e precisa de investimentos e manutenção. Se comparar com os resultados trazidos, como a solução de crimes, a prisão dos culpados, o investimento é baixo. O Estado precisa investir na ciência e na tecnologia e assim, poderemos trazer mais resultados positivos para a sociedade”, destacou a gerente.