As fortes chuvas que causaram estragos no Rio Grande do Sul nos últimos dias chegaram aos municípios de Santa Catarina. O governo federal adiou o CPNU (Concurso Público Nacional Unificado), que seria realizado no próximo domingo (5).

O que aconteceu

Um portão do rio Guaíba rompeu na manhã desta sexta (3). A água invadiu a rodoviária de Porto Alegre e os CTs do Internacional e do Grêmio, além de ruas do centro histórico. Porto Alegre tem 29 pontos totalmente bloqueados pelas enchentes até por volta das 18h30.

A recomendação da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, à tarde, foi de “evacuação imediata” de parte do centro histórico da capital. Caso o nível do Guaíba ultrapasse seis metros, a região inundaria rapidamente, informou o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS. Às 18h desta sexta-feira, o nível estava em 4,69 metros.

“Temos um grande dique, o Arroio Feijó, e ele começou a vazar água agora”, disse o prefeito Sebastião Melo (MDB), citando que “12 vilas populares” podiam ser prejudicadas. O emedebista saiu da coletiva às pressas após dar a informação a jornalistas. Mais tarde, em entrevista à RBS Notícias, ele recuou e negou o rompimento do dique.

Cheias do Rio Grande do Sul Foto: Reprodução/Uol

Temporais deixaram pelo menos 41 mortos no RS. Há 39 mortos e 68 desaparecidos confirmados no último boletim da Defesa Civil do RS, divulgado às 18h desta sexta-feira (3). Às 20h, mais duas mortes foram confirmadas pelo Corpo de Bombeiros de Gramado. No total, a cidade tem seis óbitos. Ao todo, 265 dos 497 municípios gaúchos — ou seja, 53% deles — foram afetados pelas fortes chuvas que se estenderam desde o início da semana. Há ainda uma morte confirmada em Santa Catarina.

Imagens registradas por moradores e autoridades mostram casas sendo levadas pelas enchentes e pontes destruídas. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública na quarta-feira (1º), com prazo de 180 dias — há cidades catarinenses que anunciaram a mesma medida.

Há pelo menos 68 pessoas desaparecidas no Rio Grande do Sul e centenas de ilhadas em ambos os estados. “É o pior desastre já registrado na história do estado”, disse o governador Eduardo Leite (PSDB). Segundo ele, algumas regiões receberam mais de 800 milímetros de chuva.

Um escritório de monitoramento do governo federal será instalado a partir de segunda (6) em Porto Alegre. Os ministros Waldez Góes (da Integração e do Desenvolvimento Regional) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) viajarão para a cidade.

Cheias do Rio Grande do Sul Foto: Reprodução/Uol

Leite pediu ajuda do governo federal e afirmou, antes da chegada do presidente Lula (PT), que o momento não era apenas de “sobrevoos”. O petista ficou apenas um dia no estado.

O Ministério da Gestão afirmou que a nova data para o Enem dos Concursos será anunciada “assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova”. Mais de 2,1 milhões de pessoas se inscreverem em todo país. Os editais não previam uma reaplicação.

“Sei que as pessoas ficam curiosas, querem saber, mas nesse momento buscar, como curioso, estar perto de lugares que estão inundando pode ser também algo de alto risco. Então, a gente pede que as pessoas levem a sério os alertas que estão emitidos e que se coloquem em segurança”, afirma Eduardo Leite, governador do RS.

Veja imagens da enchente

Falta de água e luz em Porto Alegre

O centro histórico de Porto Alegre ficará sem luz devido a um “desligamento preventivo”, informou a CEEE Equatorial. A empresa, responsável pela distribuição de energia elétrica em Porto Alegre, anunciou a medida na tarde de sexta-feira.

A suspensão afeta o abastecimento de 4 mil clientes, segundo a empresa. Na quinta-feira (2), cerca de 7 mil moradores cidades do RS já havia sido impactados com o desligamento da energia e 55 mil pela falta de luz provocada pelas chuvas.

O fornecimento de água também será suspenso em algumas regiões. O Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos) informou a interrupção em mais de 20 bairros, além do centro histórico.

Governador do RS destacou necessidade de doação de colchoes, cobertores, roupas de cama e banho. São os itens mais demandado no momento, para dar suporte aos abrigos.

É importante esclarecer que não haverá desligamento geral da energia elétrica nos municípios. As áreas que precisam ter o desligamento preventivo da rede elétrica, para segurança da população, são mapeadas conjuntamente entre os técnicos da CEEE Grupo Equatorial, Corpo de Bombeiros e os órgãos das prefeituras municipais e Defesa Civil”. (UOL)