ALUISIO ARRUDA

Logo após a fundação de Cuiabá em 1917, o primo de Miguel Sutil, buscando terras adequadas para produzir alimentos subiu a Serra da Chapada e encontrou o que considerou um paraíso, não só pelas suas belezas exuberantes, mas pelas terras férteis em abundância.

Instalou um sítio no local até hoje denominado Buriti e fez uma grande roça. Nesse local chegou a ter cerca de 150 escravos que produziam todo tipo de alimento consumido na época.

Esses escravos construíram cerca de 4 trilhas pelas escarpas da Chapada e em lombos de burros abasteciam Cuiabá. Essas trilhas (Carretão, Top de Fita, do Francês e outras, existem até hoje e inclusive são rotas das cavalgadas em comemoração a festa de SantÀna, que era também a protetora dos escravos em suas duras labutas de produção e transporte.

Por incrível que pareça, há mais de 300 anos já se sabia que o acesso para Chapada deveria ter várias alternativas, no entanto hoje os gestores do governo de MT, responsável pelas rodovias, pelo direito de ir e vir, não tiveram a capacidade e a inteligência que os produtores e os escravos tiveram, mesmo sendo a grande maioria analfabetos.

Além de apedeutos, são terrivelmente adversos e hostis a qualquer tipo de sugestão, a ponto do próprio governante de plantão responder a um especialista em geologia, em alto e bom som, que o governo não aceita pitaco, e que o Retaludamento será feito, e ponto final.

Cabe a essa “sumidade”, ou melhor, ao esse gestor menos inteligente que antigos escravos e seus burros, uma pergunta òbvia: Quem vai pagar os prejuízos que estão tendo toda uma população, estudantes, comerciantes, empreendedores, a própria Prefeitura tendo reduzido enormemente a arrecadação de impostos, etc., há quase um ano pelas interdições da Rodovia Cuiabá-Chapada nos períodos chuvosos e no sistema Pare e Siga?

E mais, uma pergunta que não quer calar: Quem vai assumir a responsabilidade e os graves prejuízos que poderão haver em caso de iminentes acidentes na construção desse tal Retaludamento, principalmente se houver desabamento sobre o já debilitado viaduto do Portão do Inferno, e interditar de vez a Rodovia e consequentemente o acesso para a cidade de Chapada?

Mais uma pergunta òbvia: Não deveriam esses “gestores” por sinal arrogantes e sabichões, já terem há muito tempo construídos outras alternativas de acesso para Chapada, como fizeram os escravos há mais de 3 séculos???

Insistindo nas perguntas; porque não foi construída até hoje a Rodovia na parte baixa, lateral dos paredões, no mesmo sentido dos linhões de energia que sai da usina de Casca para Cuiabá, com apenas 30 Km???

Porque não foi asfaltada apenas alguns Kilometros do trecho da Rodovia do Manso até a Água Fria, que seria também uma rota alternativa para Chapada???

Garanto que aqueles escravos mesmo iletrados, porém muito mais inteligentes que nossos atuais gestores, já teriam criado várias outras alternativas de acesso, antes de partir para uma aventura temerosa, extremamente arriscada, altamente prejudicial ao meio ambiente, à vegetação, a beleza cênica que é o histórico Portão do Inferno, condenado a ser destruído de forma sumária e imbecil.

Evidente que existem outras soluções até sem prejuízo ao cenário exuberante, mais principalmente à toda população da Chapada dos Guimarães.

Eu mesmo no início dessa novela, sugeri em outro artigo que um viaduto estaiado (como na ponte Sergio Mota) resolveria o problema sem necessidade de interromper a rodovia. Sugeri na época também a construção das outras alternativas rodoviárias citadas neste artigo e que a rodovia 251 se transforme em uma Estrada Parque, apenas para veículos de passeio.

Mas infelizmente esses “gestores” toscos, fizeram ouvidos moucos.

(*) ALUISIO ARRUDA é Jornalista, Arquiteto e Urbanista.

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