A rodada 29 do Brasileirão foi excelente para o Botafogo. A vantagem na liderança da classificação que era de apenas um ponto para o vice-líder Palmeiras agora aumentou para três: o Botafogo está com 60 pontos, e o Palmeiras, com 57. Ao derrotar como visitante o Athletico-PR, o Botafogo voltou a ser a equipe com maiores chances de ser campeão, passando de 40,5% ao final da rodada passada para 57,06%. Em consequência, o Palmeiras, que também fora de casa empatou com o Bragantino, teve reduzido seu potencial de título: a probabilidade de conquistar o tricampeonato caiu de 44,38% para 33,19%.

O terceiro colocado Fortaleza foi derrotado como visitante pelo Grêmio. Com isso, perdeu contato com o líder, e suas chances de título que estavam em 11,38% foram reduzidas para 5,42%. Ao final da rodada passada, apenas dois pontos separavam o líder do terceiro colocado. Agora, essa diferença passou para cinco pontos, o que se reflete nas chances de cada um.

As derrotas de Bahia e Cruzeiro zeraram a probabilidade estatística de essas equipes serem campeãs quando considerados o nível dos adversários que enfrentarão e os desempenhos ofensivos e defensivos que vêm mostrando na competição. Apesar de matematicamente os times ainda terem pontos a disputar suficientes para alcançar o Botafogo, a probabilidade estatística de isso ocorrer é nula: todos os times que estão à frente teriam de perder muitos jogos, o que não é provável que aconteça.

 — Foto: Infoesporte/Espião Estatístico

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As chances são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de todas as finalizações e resultados de 4.464 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.

Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances desse visitante vencer são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros.

Estêvão jogou o segundo tempo de Bragantino x Palmeiras — Foto: Marcos Ribolli

Estêvão jogou o segundo tempo de Bragantino x Palmeiras — Foto: Marcos Ribolli

Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada.

Veja a tabela e todos os números das chances de título na Série A em 2025.

Chances de permanência

 

A luta pela permanência na Série A foi muito dinâmica na rodada 29: oito dos últimos dez colocados pontuaram: Criciúma, Cuiabá, Fluminense e Grêmio venceram; Bragantino, Corinthians, Juventude e Vitória empataram; Athletico-PR e Atlético-GO perderam.

Melhor para o Fluminense, que derrotou em casa o Cruzeiro, e deixou o Z4 que leva para a Série B, trocando de lugar com o Vitória, que apesar do empate fora de casa com o Atlético-MG, é agora o 17º colocado.

 — Foto: Infoesporte/Espião Estatístico

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A probabilidade de o Fluminense ficar na Série A passou de 48,16% para 57,73%. O Fluminense, assim como o Cuiabá, tem um jogo a mais ainda por disputar devido a adiamentos: a equipe carioca teve adiado o jogo como mandante contra o Athletico-PR, e o Cuiabá, a partida como visitante contra o Vasco. Apesar de seguir no Z4, com a vitória em casa sobre o São Paulo, o Cuiabá ampliou suas suas chances de permanecer na elite nacional de 18,61% para 27,56%.

O Corinthians ainda tem mais de 50% de chances de permanecer na Série A, mas ao sofrer o empate em casa contra o Internacional, a probabilidade de o Corinthians seguir na elite passou de 61,2% para 53,05%

Libertadores

Enquanto Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não estiverem decididas, os quatro primeiros colocados no Brasileirão se classificam para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto o quinto e o sexto colocados disputam uma fase preliminar.

 — Foto: Infoesporte/Espião Estatístico

— Foto: Infoesporte/Espião Estatístico

Caso os campeões das três competições estejam entre os primeiros colocados do Brasileirão, novas vagas classificatórias para a Libertadores serão abertas no nacional. Por enquanto, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão até a quarta e até a sexta colocações.

Metodologia

 

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.464 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Igor Mattos, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti. (GE)