Ao derrotar o Juventude, em Caxias do Sul, neste domingo, o Palmeiras voltou a ter as maiores chances de ficar com o título e conquistar o tricampeonato brasileiro consecutivo. Após a rodada passada, seu potencial era de 33,19%, mas agora subiu para 53,44%. A alta se deve também ao empate do Botafogo, em casa, contra o Criciúma, resultado que fez as chances de título do Botafogo caírem de 57,06% para 42,39%.

O Botafogo tem um ponto de vantagem na classificação (61 pontos contra 60 pontos do Palmeiras), mas o vice-líder tem apresentado desempenho superior em campo, o que estatisticamente lhe dá um maior potencial. O Botafogo tem o desgaste extra de ainda disputar a Libertadores, enquanto o Palmeiras tem compromissos apenas pelo Brasileirão, o que lhe permite se preparar melhor para cada jogo. Os dois times têm agendado um confronto direto na rodada #36, com mando palmeirense.

Ao empatar em casa com o Atlético-MG, o Fortaleza desperdiçou uma oportunidade para diminuir para três pontos a desvantagem para o Botafogo e, com uma rodada a menos para tirar essa diferença, suas chances de título caíram de 5,42% para 2,06%.
As chances são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de todas as finalizações e resultados de 4.475 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.

Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances desse visitante vencer são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros.

Raphael Veiga celebra gol do Palmeiras contra o Juventude — Foto: Luiz Erbes/AGIF

Raphael Veiga celebra gol do Palmeiras contra o Juventude — Foto: Luiz Erbes/AGIF

Porém, conforme novos jogos são disputados, os potenciais futuros mudam, rodada a rodada. Essas são algumas possibilidades que explicam quando as chances não acompanham exatamente as posições atuais da tabela de classificação: os potenciais futuros são diferentes dos resultados já conhecidos, entre outros motivos, devido à inversão de mandos no returno.

Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada.

Veja a tabela e todos os números das chances de título na Série A em 2025.

Chances de permanência

Juventude e Bragantino foram os grandes derrotados da rodada. A disputa paralela pela permanência na Série A, mais uma vez, foi dinâmica: dos últimos seis colocados, três venceram e apenas um perdeu, o Athletico-PR em um confronto direto contra o Corinthians. Com isso, a diferença de pontos do 17º colocado, o Corinthians, primeiro do Z4 que leva para a Série B, para o 10º da classificação, o Vasco, é de cinco pontos, embolando ainda mais a disputa entre quem permanecerá na elite nacional.

A consequência imediata disso foi a entrada do Athletico-PR no Z4, no lugar do Vitória. As chances de a equipe paranaense permanecer na Série A diminuíram de 85,70% ara 78,55%, terceira maior queda da rodada: 7,15 pontos percentuais. Suas chances de ficar na Série A seguem altas porque a equipe tem dois jogos adiados para realizar. Fez apenas 28 partidas contra 30 da maioria das equipes.

Os jogos adiados serão contra o Fluminense, fora de casa, nesta terça-feira, um confronto direto para se afastar do Z4, às 19h30, no Maracanã, e contra o Atlético-MG, em casa, mas ainda sem data definida. O Fluminense tem apenas dois pontos a mais que o Athletico-PR na classificação e sua probabilidade de ficar na Série A passou de 57,73% para 76,33%.

A rodada foi pior para o Bragantino e Juventude. Ao perder um confronto direto contra o Vitória, o Bragantino perdeu parte da vantagem de cinco pontos que tinha para o 17º colocado ao fim da rodada passada. Com os resultados da 30ª rodada, essa margem caiu para apenas dois pontos.

A probabilidade de o Bragantino permanecer na elite nacional diminuiu 12,13 pontos percentuais, passando de 80,51% na rodada passada para 68,38% agora. Na próxima rodada, o Bragantino será mandante contra o líder Botafogo.

O Juventude perdeu em casa para o Palmeiras e se complicou. Embora tenha dois pontos de vantagem para o Z4, o redimento em campo está ruim, o que reduz seu potencial para jogos futuros e faz cair suas chances de permanecer na Série A de 74,28% para 61,85%, uma redução de 12,43 pontos percentuais, a maior da rodada.

Vai sobrar emoção na próxima rodada para as torcidas envolvidas na luta para ficar na elite nacional: o Cuiabá receberá o Corinthians; Vitória e Fluminense se enfrentarão em Salvador, e o 12º colocado Grêmio, fora do Z4 por três pontos, receberá o último colocado Atlético-GO.

Libertadores

A projeção do Espião Estatístico indica que Botafogo e Palmeiras já está estatisticamente 100% garantidos no G6, com vaga assegurada ao menos nas fases preliminares da Libertadores. O Palmeiras tem potencial de 99,36% de se classificar para uma vaga direta para a fase de grupos, e o Botafogo tem 99,14% de chances de ir diretamente para a fase de grupos.

 — Foto: Info esporte

— Foto: Info esporte

Ainda há 24 pontos em disputa, e o sétimo colocado, o Bahia, está 15 pontos atrás do líder Botafogo, mas devido a confrontos diretos (enfrentará São Paulo e Palmeiras, ambos em Salvador) e ao poder ofensivo e defensivo das equipes, o modelo estatístico já aponta o Botafogo e Palmeiras com 100% de chances de terminar o Brasileirão entre os seis primeiros colocados.

Enquanto Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não estiverem decididas, os quatro primeiros colocados no Brasileirão se classificam para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto o quinto e o sexto colocados disputam uma fase preliminar.

Caso os campeões das três competições estejam entre os primeiros colocados do Brasileirão, novas vagas classificatórias para a Libertadores serão abertas no nacional. Por enquanto, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão até a quarta e até a sexta colocações.

Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.475 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Igor Mattos, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti. (GE)