Tenho escrito neste espaço uma série de artigos na tentativa de, quem sabe, recompor a sofrida História recente no Brasil no tocante à ocupação da Amazônia e do Centro-Oeste a partir do começo da década de 1970. No último, recordei quais as linhas filosóficas, políticas e estratégicas que levaram à construção de Brasília. E daí à posterior ocupação das duas regiões. Sem Brasília não teria sido possível. Recordo-me que cheguei a Brasília no dia 31 de janeiro de 1961, exatamente no dia em que o presidente Juscelino Kubitscheck entregava o governo ao presidente eleito no ano anterior, Jânio Quadros.
Leia também:
-Dante, Mauro, desafios
-Procura-se líderes
-Amadurecimento…
-Questões da ferrovia
Estudei no colégio Elefante Branco e na Universidade de Brasília nos áureos anos de sua fundação. Ela era uma alavanca de partida que formaria os técnicos capazes de empreender a ocupação regional, partindo de Brasília. A formação era humanista. Todos os alunos de todos os cursos tinham dois anos de ensino básico na área de humanismo: histórias, geografias, economia, filosofia, sociologia, etc. A ideia era a da convivência comum, e que esses técnicos fossem capazes de ocupar a região, levando o conhecimento, mas respeitando as origens histórias e a cultura regional, na época muito frágeis devido ao longo isolamento geográfico.
Depois de quatro anos de exercício profissional como jornalista em Brasília, vim pra Mato Grosso em 1976, dentro do contexto político da divisão territorial que se avizinhava. De fato, ele aconteceria pela Lei Complementar 12 de outubro de 1977. A separação física se daria a partir de 1º de janeiro de 1979 com o funcionamento do estado de Mato Grosso do Sul.
A própria divisão de Mato Grosso já se daria dentro do contexto de ocupação da Amazônia via Centro-Oeste, tendo como pontos de origem Brasília e Cuiabá. Brasília, a saída política. Cuiabá, a saída econômica. Prometi no artigo anterior, e vejo que terei que adiar pro próximo, a história da “nova civilização no Centro-Oeste” com a construção de Brasília.
A verdade final deste artigo é a de que sem Brasília não teríamos a ocupação da Amazônia, nem do Centro-Oeste, Haveria de ter uma motivação geoestratégica. Ela veio com a tese da França, sob o governo de Georges Pompidou, em 1972, de internacionalizar a Amazônia.
Mas é assunto pro próximo artigo.
*ONOFRE RIBEIRO é jornalista e escritor em Mato Grosso – CONTATO: onofreribeiro@onofreribeiro.com.br — — www.onofreribeiro.com.br