Três dias depois do abatimento pela derrota de virada para o Palmeiras no Brasileirão, Rogério Ceni estava orgulhoso do São Paulo nesta quinta-feira, após a vitória por 1 a 0 sobre o rival, no duelo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil.
– A maior lição que eu tive foi acreditar nas próprias convicções, com os jogadores de segunda sendo os mesmos de hoje. Em 194 minutos estivemos na frente, em apenas um minuto o Palmeiras esteve na frente. Acreditar nas convicções e trabalhar – disse.
– Preservamos os jogadores que jogaram na segunda e quero ressaltar o mérito deles pela dedicação, entrega. Mesmo jogo. Talvez não tenha que acreditar mais no que as pessoas escrevem ou falam. É acreditar nas convicções – acrescentou.
O treinador ainda questionou o tratamento recebido, especialmente desde a segunda-feira, quando o Palmeiras venceu o São Paulo de virada, com dois gols nos acréscimos, pelo Brasileirão.
– Às vezes as pessoas gostam de atacar o treinador porque ele representa muito a instituição. Eu garanto que o cara que melhor pode representar a instituição nesse momento de dificuldade está aqui. Mas eu entendo. Vocês me batem bastante, mas eu fui feito para apanhar dessa maneira. Eu faço escolhas. O clube pode fazer a escolha de me tirar. Mas trabalhar com o trabalho no clube e que conheço? Desculpa, você não vai encontrar ninguém que sabe tanto e trabalha tanto – disse.
O treinador ainda contou um bastidor sobre os últimos dias no CT da Barra Funda. Ceni comentou que a diretoria deu respaldo total na escolha da equipe desta quinta-feira, permitindo ao treinador optar por poupar atletas no mata-mata.
Ceni, porém, escolheu manter os 11 titulares da segunda-feira e foi recompensado com a vitória. O resultado permite ao São Paulo jogar por empate no duelo de volta, marcado para 14 de julho, às 20h (de Brasília), no Allianz Parque.
– Hoje de manhã conversei com o Belmonte. Ele me chamou na sala dele, eu sentei e ele falou: “Quero que você fique à vontade, a decisão é sua. Se quiser colocar todo time reserva, ou titular, será apoiada e respeitada pelo clube”. Foi a única conversa que tive com ele – detalhou.
– Conversei com os jogadores também. Foram exatamente essas palavras, fico contente. É um cara que está lá sempre com a gente, sempre atua com Muricy, Rui, Nelson. Conversei com ele por 10 minutos e ele falou que era para eu fazer minha escolha – acrescentou.
Confira mais declarações de Rogério Ceni:
Clima
– O clássico por si só já desperta o jogador. O Palmeiras é muito forte. Se você não jogar com um nível de concentração alto, dificilmente você vai ganhar. Jogamos seis vezes, ganhamos três, perdemos três. Por ser o melhor time da América, mantivemos o equilíbrio, e a nossa equipe soube se comportar bem. As alterações foram corretas no último jogo e hoje também. Lamentar só a lesão do Arboleda, que pela televisão parece séria. O aprendizado é quando o Dudu troca de lado a gente estar preparado. O Palmeiras não chutou nenhuma bola no nosso gol.
Gabriel Neves
– Ele (Gabriel) é bom de trabalhar. Jogar de primeiro volante é mais difícil, quando faz lado a lado é melhor. Ele às vezes é afoito de marcar nas costas. Hoje marcou um cara como o Scarpa. Em alguns momentos, falhamos na marcação.
– Para mim foi a melhor partida dele desde que estou aqui, a mais bem jogada. Ficou mais tempo dentro de campo, saiu extenuado, mas ajudou muito no dia de hoje. Hoje eu dou os méritos ao time pelo que os jogadores se comportaram, dentro do São Paulo que a gente conhece.
Orgulho
– Tenho orgulho de trabalhar no São Paulo e feliz em enfrentar grandes equipes do futebol brasileiro. No momento de dificuldade que o clube atravessa e disputar de igual para igual com o líder do Brasileirão, melhor da Libertadores, é motivo de orgulho para o torcedor.
Convicção
– A convicção era o melhor time que eu tinha, igual a segunda-feira. Palmeiras tentou fazer uma movimentação para confundir o meio de campo. Sofremos em alguns ajustes, mas taticamente foi um desenho muito bom. Único trabalho de 20 minutos. Demoramos para encaixar o jogo, fazer um quadrado no meio de campo. Primeiro com Igor e Nestor por trás. Igor Vinicius e Reinaldo foram bem. Um time seguro que na segunda-feira poderia ter saído com o mesmo resultado, mas às vezes fazemos as análises de trás para frente, aí vem as críticas. Temos que elogiar os caras, porque foram bem.
Lesões
– Não quero mais perder ninguém, talvez eu tenha perdido o Arboleda para o resto da temporada. Não posso mais perder, a não ser por infelicidades como a de hoje.
Críticas
– É uma profissão pública e é natural você sofrer críticas. Gente buscando like, outros fazem chamadas. Nós provamos hoje que fizemos um bom jogo na segunda-feira e a estratégia foi correta. Hoje tivemos a mesma equipe, mesmas ideias e tivemos a felicidade de ter a vitória. Mas por isso o pessoal tem a mesma visão. Ganhar ou perder, nós vamos. Temos muita gente no departamento médico, eu já digo que teríamos mais chances de sucesso.
– Sem contratação nenhuma, com todos que estão lá ainda, me deem esses caras e você vai ver como teremos mais sucesso. Quando o elenco é curto, atacar três frentes é difícil. Não temos nenhum à vista para voltar nas duas próximas rodadas. Dia 18 não chega, e você vai complicando, os lesionados não retornam.
Torcida
– A gente só tem agradecimento a fazer ao torcedor de maneira geral. Ele empurra o time, ajuda muito e se frustra. (GE)