O técnico Rogério Ceni, do São Paulo, segurou a empolgação com a vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, em clássico disputado na noite desta quarta-feira, no Allianz Parque. Diante do importante resultado, que alivia a situação Tricolor na briga contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o treinador adotou um discurso ponderado.

– Quando você ganha é gênio, quando perde… Nem tão bom, nem tão ruim. Acho que o time tem que evoluir bastante para aspirar coisas melhores e sair desse lugar que o clube não merece estar – declarou o treinador.

O resultado positivo no Allianz Parque deixou o São Paulo com 41 pontos na tabela de classificação. O time ocupa a 14ª colocação depois de 33 partidas disputadas.

Depois do triunfo desta quarta-feira, Rogério Ceni possui uma semana para trabalhar o elenco antes do próximo compromisso. O Tricolor só retorna a campo na próxima quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), data da partida contra o Athletico-PR, no Morumbi.

Depois do encontro com o Furacão, que decide a Copa Sul-Americana no fim de semana, São Paulo e Ceni encaram no dia 27 o Sport, novamente no Morumbi. Dois resultados positivos afastam de vez qualquer chance de rebaixamento para a Série B.

Confira mais respostas de Rogério Ceni:

Jejum de Rigoni
– Continua sendo um dos principais jogadores da equipe. Eu atribuo à lesão. A volta da lesão é complicada, parte física fica comprometida. Hoje ele fez o melhor jogo desde que estamos aqui, participou mais, próximo ao gol, fazendo o facão. Rigoni tem sido muito útil, hoje mais do que nunca. Tenho certeza que será importante nessa reta final. Independente do gol, a participação de uma atleta não se dá só com o jogo, mas tudo que representa.

– Sem dúvidas é um jogador muito importante para a equipe. Foi muito profissional dessa vez, porque não só falamos com ele ontem. Ele chegou hoje por volta de 12h no CT, conversamos, ele descansou e veio para o jogo de noite. É um jogador essencial, muito boa bola aérea. Precisávamos, pois não tínhamos um time alto e hoje é importante, sim, que ele fique para o ano que vem. A diretoria está tentando da melhor maneira. Acho que o contrato vence no meio do ano. A diretoria dentro da melhor maneira possível financeiramente e está tentando fazer ao máximo para que fique com a gente. A gente é muito favorável à permanência dele.

Rogério Ceni antes de Palmeiras x São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Rogério Ceni antes de Palmeiras x São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Mudança tática e Sara
– Fazer uma comparação com o Flamengo é impossível, porque nós não tivemos 95 minutos de jogo. Foram 85 minutos com um jogador a menos. Em 10 contra 11 contra o Flamengo, você não vai conseguir fazer finalização. No jogo anterior, com o Fortaleza, com a equipe fechada, assim como nós complicamos o Fortaleza. Hoje remeteu aos quatro primeiros jogos que tivemos com um sistema parecido com os primeiros. As mudanças que fizemos pensando como o Palmeiras joga, independente de quem estivesse em campo. Como a gente não tinha a certeza de quem jogaria, nomes, escolhemos um sistema melhor.

Relação com o elenco
– Nenhum. Fácil, um dos clubes mais fáceis de trabalhar com jogadores. Sinto até mais falta que eles perguntem, que façam contrapontos, acho importante, para achar soluções. Não tenho problema nenhum de cobra-los dentro do campo. Falo que trabalho a semana inteira para entregar os 90 minutos para fazer o máximo. Essa é a regra que temos. A amizade é sempre a mesma, a cobrança é sempre a mesma. Quando acaba o jogo, o futebol é deixado de lado e a amizade volta normalmente. Qualquer bronca acaba quando o jogo acaba. Eu falo para que nunca levem para o pessoal, quando levo de correção, eu cito o nome do jogador por erro. Sempre para o profissional, nada para o pessoal. Eu falo que meus grandes amigos foram os que me ajudaram a vencer. Hoje, eles tiveram um a postura exemplar.

Criação com rapidez
– O gol foi uma marcação pressão do Igor. Quando você não tem velocidade, você pode marcar pressão no adversário. Quando tem velocidade é importante, mas, quando abaixa a pressão, você tem chance. O Palmeiras joga em um sistema assim com Rony e Dudu, quando está todo mundo, então era uma preocupação que a gente tinha. Com Luiz Adriano, um jogador de referência, a saída do Rony melhorou isso. O sistema de jogo foi que analisamos para essa partida.

Condução do elenco por ser ídolo
– Minha condução é a mesma. Às vezes é sucesso, às vezes é fracasso. Nem sempre você consegue jogar bem. Quando tem jogos em sequência, a parte física não vai tão bem. Na ausência de Sara e Igor, nós não temos esse jogador de força. Hoje, o Marquinhos entrou e fez um bom jogo; Igor Vinicius foi bem, algo que fazia tempo que não acontecia com nossos laterais.

Torcida
– Inclusive, o torcedor que for nesse jogo deveria ser ressarcido, não financeiramente, mas com a oportunidade de ver o time jogar no Morumbi no próximo jogo. Afinal, ele pagou o ingresso com 50 mil pessoas e não viu o time jogar. Não foi porque o time não quis, mas porque não teve a oportunidade. Talvez importante pensar em algo assim.

Evolução do time
– Quando se ganha a palavra do vencedor sempre é difícil. O vencedor sempre tem razão. Hoje, o time conseguiu pegar a bola e jogar, teve jogada de profundidade, com Rigoni e depois com Marquinhos, mas as palavras do vencedor sempre é…Quando você ganha é gênio, quando perde… Nem tão bom, nem tão ruim. Acho que o time tem que evoluir bastante para aspirar coisas melhores e sair desse lugar que o clube não merece estar.

Repercussão da vitória e conversa com torcedores
– Pode ser positiva, como foi contra o Corinthians, jogos em que o time jogou bem e mereceu vencer. O número de oportunidade e de chances claras gera positividade. Esperamos entregar o que entregamos com a presença do torcedor.

– Sobre os torcedores que foram ao CT, realmente não vi os torcedores. Quando me comunicaram que falaram que eles queriam conversar com os atletas, fui o primeiro a ficar à disposição e falei que eu conversaria com os torcedores para não expor os atletas. São torcedores que defendi durante 25 anos trabalhando aqui, sempre fazendo o melhor pelo clube. Infelizmente não quiseram falar comigo, queriam só falar com os jogadores e a direção achou melhor falar com os jogadores. Me coloquei à disposição para não expor os jogadores, como não houve aceite, tive que deixar os jogadores para não ter consequências piores no futuro.

– Lamento o torcedor não querer falar comigo, porque falei com eles por 25 anos e deveriam pensar que alguém que defende mais esse clube do que eu, que tenta defender esse clube, mas faz parte do processo. Parece que foi uma conversa cordial. Quem sabe na próxima oportunidade a gente não possa conversar. (Globo Esporte)