Membros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) asseguraram que estão empenhados em garantir a transparência no futebol brasileiro e em combater possíveis manipulações de resultados. Tais afirmações foram feitas durante depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas na tarde de segunda-feira (29).

O diretor de Competições da CBF, Júlio Avellar, explicou que o aumento não controlado das apostas representa uma ameaça séria à integridade do esporte e à economia popular. Avellar destacou algumas medidas em curso pela CBF para enfrentar as possíveis manipulações de resultados no futebol brasileiro.

Colaboração da CBF com a Fifa

Segundo Avellar, a CBF está colaborando com a Fifa e a Conmebol para evitar a manipulação de resultados. Ele também mencionou que a CBF é a única entre as associações filiadas que mantém um escritório permanente na Fifa para monitorar os acontecimentos no mundo do futebol. Avellar afirmou que mais de 100 iniciativas estão em andamento para profissionalizar o futebol brasileiro, tornando a CBF uma referência mundial, especialmente no combate à manipulação de resultados.

“Contamos com o apoio contínuo da Fifa e da Conmebol. Nosso objetivo é posicionar a CBF como líder global no combate à manipulação de resultados”, declarou Avellar, que foi convidado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), vice-presidente da CPI (REQ 48/2024).

Avellar reconheceu que o problema da manipulação de resultados é antigo, mas salientou que, com a internet e as plataformas de apostas internacionais, a situação se agravou. Ele informou sobre um protocolo de cooperação entre a CBF e a Polícia Federal para lidar com casos suspeitos e enfatizou a necessidade de uma resposta rápida das entidades esportivas e do governo.

Avellar também mencionou uma queda nos casos suspeitos registrados pela CBF no futebol nacional. Em 2022, foram 139 casos, envolvendo várias competições e divisões. No ano passado, foram 110. Este ano, foram registradas apenas 15 situações suspeitas. Ele atribuiu essa diminuição a medidas de monitoramento e punições mais rigorosas, tanto no campo esportivo quanto penal.

Convenção de Macolin

Avellar mencionou os esforços da CBF há mais de um ano para a adesão do Brasil à Convenção de Macolin. Ele forneceu à CPI uma cópia traduzida da convenção, destacando que é o primeiro instrumento jurídico internacional contra a manipulação de resultados esportivos. Avellar ressaltou a importância da adesão do Brasil a esta convenção para formular uma estratégia nacional sólida e integrada de combate à manipulação de resultados.

Ele também sugeriu a colaboração com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) para implementar no Brasil o Programa Global de Salvaguarda do Esporte contra a Corrupção e o Crime, criado em 2017.

Eduardo Gussem, oficial de Integridade da CBF, também apoiou a adesão do Brasil à Convenção de Macolin. Ele enfatizou que essa adesão seria um avanço significativo para o futebol brasileiro.

“Precisamos assinar essa convenção, que é o primeiro passo. Isso nos integrará ao contexto mundial, trazendo segurança e integridade para o futebol”, disse Gussem.

Questionamentos

Os diretores da CBF responderam a várias perguntas dos senadores. Romário perguntou se o VAR poderia identificar suspeitas de manipulação. Avellar explicou que a CBF usa uma metodologia estatística e admitiu a possibilidade de utilizar inteligência artificial no futuro, mas não tinha conhecimento sobre o uso do VAR com inteligência artificial em competições oficiais.

“A CBF está aberta a utilizar qualquer ferramenta que ajude a combater a manipulação de resultados”, respondeu.

Gussem explicou o trabalho da CBF em parceria com a Polícia Federal e o Ministério da Justiça para desenvolver o passaporte do atleta, que registra informações confidenciais sobre o atleta em casos suspeitos. Ele destacou que, em casos de suspeita, a CBF analisa as evidências e as encaminha às autoridades competentes.

Carlos Portinho, portanto, perguntou sobre o contrato de monitoramento da CBF com a empresa Sportradar. Avellar explicou que há um contrato da Fifa com a Sportradar que inclui a CBF, além de um contrato adicional direto com a empresa. Portinho também questionou sobre os canais de denúncia da CBF, e Avellar esclareceu que os e-mails da entidade estão disponíveis para qualquer pessoa denunciar suspeitas de irregularidades.

Portinho, em seguida, também perguntou se as casas de apostas são informadas sobre suspeitas de manipulação de resultados. Avellar, em suma, respondeu que não há um documento de conformidade específico. Mas os regulamentos abordam a integridade dos campeonatos e a importância do cumprimento das regras.

Respondendo a Chico Rodrigues, Gussem mencionou que outros países têm casas de apostas como patrocinadoras de ligas e campeonatos de futebol, bem como em outros esportes.

Ausência

Hélio Santos Menezes Júnior, diretor de Governança e Conformidade da CBF, também recebeu convite para falar na CPI. Todavia, não compareceu devido a uma reunião da CBF no mesmo dia. Ademais, o presidente da comissão, Jorge Kajuru, informou que Menezes Júnior está disponível para depor em 16 de maio. Kajuru, por fim, convocou uma nova reunião da comissão para 13 de maio, para ouvir o ex-árbitro Glauber Cunha. (Jogada 10)