Rústico, resistente e versátil, o cavalo pantaneiro se apta facilmente a provas esportivas e ao trabalho no campo. Em um momento de superação de crise econômica, é uma opção para alavancar os negócios no campo e colocar os criadores Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em destaque no mercado nacional.
Atualmente, há cerca de 5 mil cavalos pantaneiros puros registrados na Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP) e mais de 130 criadores localizados em 21 sub-regiões. O número total estimado de equinos no Pantanal é 100 mil, o que revela uma grande quantidade de animais mestiços.
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Pecuarista há muitos anos, comecei a criar a raça e me apaixonei. Na cheia eles cavalgam em terrenos alagados e na seca enfrentam as areias quentes, são valentes e que não recusam trabalho. Também possuem personalidade própria, sabem exatamente o que estão fazendo e demostram o que querem! Cuidar deles é algo que aprendi com meu avô e o meu pai e que agora ensino aos meus dois filhos.
Descendente dos animais utilizados pelas tropas portuguesas, eles fazem parte da história do Brasil e foram fundamentais para a sobrevivência dos povos que o utilizavam como meio de transporte, manejo de gado e caça. Uma vez introduzidos no Pantanal, adaptaram-se bem às condições ecológicas, um processo que fez parte da seleção natural em centenas de anos.
Sem dúvida, um dos principais motivos para a conservação do cavalo pantaneiro é o seu valor genético. São animais de porte médio, ótimo desempenho funcional e agilidade para provas equestres (enduro e rédeas), com exemplares bem colocados em competições nacionais. Mesmo assim quase foram extintos por causa de doenças e cruzamentos indiscriminados com outras raças.
O sucesso na manutenção e aperfeiçoamento da raça se deve principalmente ao trabalho feito por instituições como ABCCP, criada em 1972, que em parceira com a Embrapa e as associações regionais, oferece apoio aos criadores. Aliás, a associação vem buscando continuamente a melhoria genética da raça e para isso agregando novas tecnologias, como manejo nutricional, doma racional e fertilização.
Aliás, as parcerias entre criadores e pesquisadores também tem ajudado a promover a diversidade genética do cavalo pantaneiro. A partir dela foram criados sistemas orientados de acasalamento e avaliação das características de adaptação, como a resistência dos cascos à umidade e a tolerância ao calor. Essa união de esforços vem sendo fundamental.
Sou criador, de família de pecuaristas, um filho de Poconé, que vem trabalhando incansavelmente para que a raça pantaneira se expanda pelo Brasil, mas sem esquecer as suas origens. É muito gratificante estar aqui onde tudo começou, participar mesmo das lutas e vencer as inúmeras dificuldades. Posso assegurar, que além de um bom negócio, o cavalo pantaneiro é um patrimônio do Brasil!
*BRENO MOLINA é diretor da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro em Mato Grosso; presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT). Pecuarista em Poconé e empresário em Cuiabá
E-MAIL: bmolina@terra.com.br e/ou neloremt@terra.com.br