Não é de hoje que os animaizinhos fazem parte das nossas vidas, e com o “boom” das redes sociais, eles estão cada dia mais presentes no mundo virtual, seja nas divulgações fofas quanto nas denúncias de maus-tratos.
Toda essa popularização gerou, nos últimos anos, um fenômeno chamado causa animal. E falar dessa causa, logo nos remete aos números de animais abandonados.
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No Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), esse número chega a cerca de 30 milhões, sendo 20 milhões de cães e 10 de gatos.
Em Mato Grosso, a realidade não é diferente. Analisando a partir dos números da capital, podemos dimensionar a problemática no estado. Só em Cuiabá, concentram-se 14 mil animais em situação de vulnerabilidade.
Quantitativo esse, que só cresce devido ao cenário pandêmico. Infelizmente, não somos exemplos de políticas públicas voltadas à causa animal (tanto no âmbito nacional quanto no estadual).
Porém, engana-se quem pensa que essa inexistência afeta somente aos animais. O debate é bem mais profundo – e este cenário de pandemia, que estamos inseridos há quase dois anos, me faz refletir sobre várias vertentes.
Uma delas, sendo o conceito de saúde única e a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades, como a Covid-19.
Mas Faissal, investir na causa animal no combate à pandemia? Sim, pois o abandono de animais gera grande consequência à saúde pública. Vejamos isso a partir das definições de saúde única.
Os seus três componentes são: humana, animal e ambiental. Desses, o que se mostra mais crescente é a da saúde animal ligada à disseminação de doenças infecciosas humanas.
Essa informação é detalhada em números pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em seus relatórios, a Organização aponta que 60% das doenças infecciosas humanas são zoonoses; 75% dos agentes de doenças infecciosas no homem são de origem animal, seguindo esses números, cinco doenças novas no homem surgem por ano, sendo três de origem animal; e, 80% dos agentes causadores de doenças que podem ser utilizados como armas biológicas são zoonóticos.
Ainda de acordo com esses levantamentos, anualmente, dois milhões de pessoas morrem por causa de doenças zoonóticas negligenciadas.
Esses surtos também trazem doenças graves, mortes e perdas de produtividade em rebanhos, principalmente em países em desenvolvimento.
O cenário vem deixando milhões de pequenos agricultores falidos. Nessas últimas duas décadas, essas doenças causaram imensas perdas econômicas. Foram mais de 100 bilhões de dólares.
Isso, somado aos custos com a pandemia de Covid-19, que poderá chegar a nove trilhões de dólares nos próximos anos, nos acende uma luz vermelha e mostra o quanto o nosso estado necessita de investimentos em programas mais efetivos e eficazes voltado à causa animal.
Como representante público – e diante da compreensão da dimensão desse problema – tenho desenvolvido ações voltadas aos animais. Estamos em Alta Floresta com a castração de cães e gatos, ação essa que vamos estender aos demais municípios de Mato Grosso em breve. Também estamos em constante arrecadação de medicamentos e ração.
Lucas do Rio Verde é uma das cidades onde foi entregue mais de uma tonelada de ração. Além dessas ações, apresentei, no dia 14 de abril, uma indicação, ao governo do estado, para a implantação de uma Delegacia Virtual Especializada de Combate aos maus-tratos animais.
São pequenas ações que pretendo transformar em projetos efetivos, alinhando aos demais componentes da saúde única. Essa estratégia nos possibilita uma equalização em ações integralizadas, para que alcancemos um sistema de saúde pública mais completo, eficaz e, assim, preparado para combater cenários pandêmicos e demais surtos de outras doenças.
Políticas públicas da causa animal não impactam somente no bem-estar de animais. Desenvolvê-las soma-se à qualidade de vida de toda uma população – na saúde e na economia, principalmente.
*FAISSAL CALIL FILHO é advogado e deputado estadual em Mato Grosso.
CONTATO: www.facebook.com/faissalcaliloficial