“Eu não tenho nenhum motivo para recuar, pelo contrário. Se o nosso grupo definir, vamos para cima. E agora diferente, com o chicote na mão”.
A declaração é do deputado federal Neri Geller (PP), que foi cassado por sete votos a zero pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na noite desta terça-feira (23), por abuso de poder econômico ao ter usado a conta corrente do filho para “triangular” dinheiro em sua campanha em 2018 (leia abaixo).
Apesar de ter sido declarado inelegível por oito anos, ele disse que manterá sua candidatura ao Senado.
“Eu fui cassado nesse caso de forma injusta. Não vou sair pela porta dos fundos. Porque eu não devo uma vírgula. Se acham que vão dar W.O., estão enganados”, afirmou.
“Estou habilitado e já venceu o prazo de impugnar o registro da minha candidatura. Eu não tenho medo de fazer enfrentamento”, completou.
Neri afirmou que deverá ingressar com recurso contra a decisão (embargo de declaração) assim que o acordão do julgamento for publicado pelo TSE.
“Ninguém vai me imputar um crime porque sou agricultor ou porque estou apoiando o presidente Lula. Para mim, isso dá força para fazer o enfrentamento, para ganhar ou perder”, disse.
“Ninguém respeita o Poder Judiciário mais do que eu, mas o Ministério Público Federal, nesse caso, induziu os juízes ao erro”, completou.
Filho “laranja”
O parlamentar chorou quando falou do filho Marcelo Piccini Geller, que aparece na ação, tendo sido citado pelo ministro relator Mauro Campbell Marques como “laranja”. “Ele me pediu uma coisa, que não recuasse”, disse.
Segundo o Ministério Público Eleitoral, Neri Geller teria feito triangulações com doações de empresas, o que é proibido pela legislação, por meio da conta do filho.
“O MP Eleitoral narra que houve verdadeiro estratagema engendrado pelo investigado consubstanciado no mascaramento da utilização recursos de pessoas jurídicas por meio de atuação de pessoa física interposta (“laranja”), no caso o filho do investigado”, escreveu o ministro relator em seu voto.
“Alega-se que o investigado, ao receber recursos financeiros de pessoas jurídicas, repassava tais montantes à conta de seu filho, o qual em ato contínuo restituía tais numerários à conta de seu genitor, conferindo ares de licitude a movimentações bancárias”, relatou o ministro, que foi seguido pelos outros seis colegas.
Além da triangulação com Marcelo, Geller respondeu por ter realizado doações que totalizaram R$ 1,327 milhão. Tais doações, somadas aos próprios gastos de sua campanha, que foram declarados ao valor de R$ 2,4 milhões, ultrapassariam o limite dos gastos de campanha estipulado em R$ 2,5 milhões.
Com a cassação de Neri, deve assumir a cadeira na Câmara Federal a suplente Gisela Simona (União).
Fonte: Da Redação