Os casos de violência política no Brasil atingiram níveis recordes no terceiro trimestre deste ano, com 338 casos registrados contra lideranças políticas ou familiares entre os meses de julho e setembro, um aumento de 115,3% ante o trimestre anterior.

Os dados integram o 19° Boletim do Observatório da Violência Política e Eleitoral (OVPE), elaborado pelo GIEL (Grupo de Investigação Eleitoral) da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro).

O terceiro trimestre de 2024 foi o período com maior número de casos na série histórica dos boletins – o período em questão também aborda datas importantes no calendário das eleições municipais, como a fase de definição de candidaturas (20 de julho a 05 de agosto) e de início formal das campanhas eleitorais (16 de agosto).

“O número elevado de episódios de violência registrados permite que inúmeras avaliações sejam feitas acerca do 3° trimestre do ano”, explica o Giel/Unirio, destacando a ocorrência de episódios violentos em meio a atos de campanha e os casos de agressão entre candidatos protagonizados em debates para a Prefeitura de Teresina/PI e de São Paulo/SP.

 

Quanto mais perto das eleições, mais registros

Ao se apurar os episódios violentos do trimestre pelos meses, o estudo afirma que o quantitativo de episódios aumenta conforme a data da eleição se aproxima.

Enquanto julho reportou 51 casos, o número cresceu para 107 em agosto, e em setembro chegou ao patamar de 180 casos. Ao todo, desde 2019 com o início do monitoramento do OVPE, foram notificados 2.673 casos de violência política no país.

A Região Nordeste lidera com o maior número de casos: 129 (38,2%). Em seguida, surge o Sudeste com 122 casos (36,1%), Norte com 39 (11,5%), Centro-Oeste com 26 (7,7%), e Sul com 21 (6,2%).

Os casos de violência contra lideranças políticas ocorreram em ao menos 26 estados – a exceção ficou com o Distrito Federal, que não possui eleições municipais.

São Paulo se destaca como a unidade da federação mais atingida: 58 episódios violentos (17,1%), seguido pelo Rio de Janeiro, com 47 episódios (13,9%), e Bahia, Ceará e Paraíba com 23 episódios cada (6,8% cada).

Ao se verificar a distribuição dos tipos de violência, a violência física foi testemunhada em 25 estados do Brasil, com destaque para São Paulo com 37 casos.

No que diz respeito aos homicídios, foram registrados 88 episódios em 20 estados, sendo 55 atentados e 33 assassinatos. São Paulo e Rio de Janeiro lideram com o maior número de casos de homicídios, com 16 e 15 episódios, respectivamente.

As lideranças que no momento da agressão não possuíam cargos representam a maior parte das vítimas. No trimestre, 166 episódios foram contra essa categoria, que inclui, por exemplo, pré-candidatos e candidatos (sem mandatos) no ciclo eleitoral municipal, e ex-políticos.

Quando a base de análise engloba apenas os pré-candidatos e candidatos a cargos locais, desconsiderando se já possuíam algum cargo ou não, 263 lideranças sofreram algum tipo de violência no período: 38 eram pré-candidatos e 225 candidatos. Juntos, representam 77,8% de todos os casos registrados no trimestre.

Veja mais a respeito do assunto na íntegra do 19° Boletim do Observatório da Violência

Política e Eleitoral (OVPE) do Giel/Unirio.

(Fonte: Jornal de Todos os Brasis)

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