A atividade de garimpo ilegal é responsável pelo aumento de casos de assassinatos em Aripuanã (1,2 mil quilômetros a Noroeste de Cuiabá), além do aumento da criminalidade de forma geral. Mesmo distante 14 quilômetros da sede do município, a zona urbana sentiu os reflexos pela vinda de milhares de pessoas para a Serra do Expedito, onde foi criada uma minicidade desorganizada, a partir de outubro de 2018, com cerca de três mil pessoas no local.
Antes disso, a atividade era mais discreta, embora ainda que ilegal, com lavra manual. Depois do boom, passou-se a promover a entrada de pessoas com maquinários pesados, causando danos ambiental e social graves. Também nesse período começaram a explodir casos de malária, de crimes, de roubos, homicídios, consumo de drogas, o que foi chamando a atenção.
De janeiro a agosto de 2018, Aripuanã teve registro de três homicídios, e no mesmo período de 2019 foram 11 casos registrados, de acordo com os dados da Coordenadoria de Estatísticas e Análise Criminal (CEAC) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT).
Esses são os casos que chegaram ao conhecimento das autoridades competentes, fora os subnotificados, de toda a sorte de crime. O delegado municipal de Aripuanã, Henrique Espíndola, explica que a subnotificação é muito presente nessas localidades em razão do temor daqueles que lá ficam de serem alvos de represálias em caso de denúncias. Casos de tráfico de drogas, porte e posse ilegal de arma de fogos, menores em casas de prostituição, por exemplo, acabam nem chegando às autoridades competentes.
“O garimpo tem uma forma clandestina de organização e propicia que muitos delitos ocorram naquela localidade. Havia comércio de drogas e de produtos furtados e roubados e a dificuldade de deslocamento no local. Com certeza, o aumento dos casos de homicídio tem a ver com garimpo, tanto homicídios, tentativas de homicídios, quanto ameaças, na tentativa de um garimpeiro se sobrepor ao outro, conseguir melhor local para extração”, explicou.
O comandante adjunto do Comando Regional 8 (Juína) da Polícia Militar, tenente-coronel PM Alex Fontes Meira e Silva, disse que a preocupação é com a segurança pública em Aripuanã e reforça que o garimpo ilegal trouxe mais violência para o município.
“Ficou notório que em Aripuanã a atividade do garimpo trouxe reflexo direto na segurança pública. Posso dizer isso, pois há pouco tempo estava aqui como comandante da companhia de Aripuanã e vi todo esse processo ocorrer. Os índices de roubo aumentaram, ocorrências envolvendo arma de fogo que até então não eram uma realidade para esse município, passaram a ser mais frequentes”.
Com o fim da segunda fase da Operação Trype, nesta quarta-feira (09.10), após a conclusão da sentença judicial que determinava a cessação do garimpo ilegal e a destruição dos maquinários e das cavas, os policiais vão permanecer na cidade por prazo indeterminado para garantir a ordem pública.
Os garimpeiros têm culpado a mineradora pela ação policial e no segundo dia da operação chegaram a protestar em frente à sede da empresa, impedindo a saída dos funcionários e cortaram a energia do prédio. Foi necessária a atuação do delegado da Polícia Federal (PF), Carlos Henrique Dangelo, acompanhado por policiais federais, além de militares da Rotam e do Bope, para negociar com os revoltosos. Ninguém foi preso e até o fim da operação não houve registro de nenhuma ocorrência envolvendo o garimpo.
“Já fizemos planejamento para trabalho de varredura e não deixar que nada mais grave aconteça, que a revolta dessas pessoas não chegue a fatos graves. Vamos continuar na cidade até cessar estas ameaças”, garantiu o tenente-coronel PM Alex Meira e Silva.
Policiais da Rotam, Força Tática e Grupo de Operações Especiais, além de policias civis e militares da Região Integrada de Segurança Pública (Risp) de Juína vão reforçar o policiamento na região.