Deu no Valor Econômico: Após cinco meses de governo, o primeiro churrasco de confraternização com ministros e lideranças do Congresso promovido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta sexta-feira no Palácio da Alvorada, também contou com a
participação de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula reuniu o grupo em meio a turbulências com o Congresso e ao suspense quanto à indicação do sucessor do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril e compareceu ontem ao evento. Segundo um dos presentes, desde a posse, o ministro da Agricultura, senador Carlos Fávaro (PSD), havia prometido a Lula trazer a Brasília carnes de sua fazenda para oferecer um churrasco para os colegas de governo. Lula prometeu fazer o churrasco no Alvorada assim que surgisse a oportunidade. Nos governos Lula 1 e 2, o presidente era reconhecido pela tradição de reunir ministros e aliados em churrascos ou partidas de futebol no Alvorada.
A oportunidade surgiu, relatou a fonte, porque esta foi a primeira sexta-feira que Lula passou em Brasília, depois de sucessivos meses em viagens para o exterior, ou em meio a feriados, quando os ministros tendem a estar fora da Capital.
Fávaro levou carne de cordeiro, uma das especialidades de sua fazenda, além das carnes tradicionais. Pilotou o churrasco vestindo uma camisa do Santos, time para o qual torce – e é rival do Corinthians de Lula –, personalizada com o número 55 (do PSD) nas costas, segundo descrição de um dos presentes.
Para dar o ar de descontração, a maioria dos convidados foi acompanhado dos respectivos cônjuges e companheiros.
Além do titular da Agricultura, compareceram os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Comunicação Social), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Margareth Menezes (Cultura) e Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), e os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
Do Supremo Tribunal Federal (STF), estavam presentes Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril. Um dos presentes negou ao Valor que o assunto das rodas de conversas tenha sido a turbulenta relação com o Congresso ou a indicação do futuro ministro do STF.
Não foi um jantar de articulação política, foi para jogar conversa fora”, afirmou. Embora os temas tenham sido ventilados, o objetivo de Lula e da primeiradama, Rosângela Silva, a Janja, era promover uma confraternização para arejar o ambiente.
Além do momento de relação tensa com o Congresso, o jantar também ocorreu em meio ao suspense quanto à indicação do sucessor de Lewandowski. O nome de Cristiano Zanin, que defendeu Lula na Lava-Jato, é o mais forte na bolsa de apostas, mas um dos presentes assegura que o presidente ainda não sacramentou sua escolha.
Na quarta-feira (24), Lula havia recebido Alexandre de Moraes – que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – para um almoço no Palácio do Planalto. Naquele encontro, foi batido o martelo para a escolha dos dois novos ministros da Corte eleitoral, que tinham a simpatia de Moraes: André Tavares e Floriano de Azevedo Marques Neto.
Um dos participantes do churrasco negou ao Valor que tenha havido clima de constrangimento com os ministros do STF, porque cada um tem seu candidato para a Corte. Enquanto Lewandowski tenta emplacar o jurista Manoel Carlos, que trabalhou em seu gabinete, Moraes torce pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luiz Felipe Salomão.