Servidores do Ministério da Agricultura ligados ao PT têm se mobilizado para tentar desgastar a imagem do ministro Carlos Fávaro (PSD-MT), a partir da produção de um dossiê com denúncias supostamente acobertadas por ele com o intuito de manter um grupo que ocupa cargos importantes na Pasta.
O material, composto por uma relação de medidas consideradas suspeitas, foi encaminhado à liderança do PT no Congresso, que o repassou ao Palácio do Planalto.
A reportagem teve acesso a parte dessas informações. Os petistas enumeram supostas irregularidades cometidas por secretários e diretores na celebração de convênios e procedimentos para transferência de terras. Um dos responsáveis por levantar os dados contou a VEJA que existe até suspeita de fraude na liberação de licenças para fabricação e uso de agrotóxicos. Esses diretores, de acordo com o com o dossiê, foram nomeados para os respectivos cargos durante o governo Bolsonaro e mantidos nos postos por Fávaro.
O material já passou pelas mãos da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Fávaro tem sido alvo de intrigas e críticas nos últimos dois meses — e não oriundas apenas do PT. Os ataques são produto de uma disputa pelo comando do ministério. A pasta tem um orçamento de quase 14 bilhões de reais e mais de 100 cargos cobiçados pela classe política em superintendências, diretorias e secretarias espalhadas pelo país.
Nos últimos dois meses, Fávaro tem sido alvo de um bombardeio de intrigas, maledicências e até de dossiês que
circulam dentro do próprio governo. Os petardos vêm de várias direções. O PT, por exemplo, tem atuado em várias
frentes para fragilizar o ministro. Um grupo de servidores ligados ao partido reuniu documentos que mostrariam supostas irregularidades praticadas por diretores do Ministério da Agricultura. O material foi encaminhado ao ministrochefe da Casa Civil, Rui Costa.
Um dos funcionários encarregados da coleta de material contra Fávaro contou a VEJA que assessores do ministro estariam envolvidos num esquema de liberação ilegal de licenças de fabricação de agrotóxicos e favorecimento a empresas. Esses assessores, de acordo com o dossiê, foram nomeados para os respectivos cargos durante o governo passado e mantidos em seus postos pelo ministro. Fávaro foi informado sobre as denúncias, as considerou inconsistentes, nada fez e, por conta disso, está sendo acusado pelos petistas de conivência. Como disse Lula, o governo não é um clube de amigos.
Nos últimos dias, no gabinete do ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), esteve
em discussão a recente liberação de 140 milhões de reais do orçamento do Ministério da Agricultura para a recuperação de estradas em áreas rurais e a compra de equipamentos agrícolas. Desse total, 130 milhões foram direcionados para sete cidades de Mato Grosso, o estado de Carlos Fávaro. O ministro não consultou os partidos, nem os deputados e senadores aliados.
Fávaro foi acusado de usar os recursos para semear a própria candidatura ao governo de Mato Grosso, em 2026. Resultado: furiosos, alguns parlamentares bateram na porta da SRI para reclamar. Disseram que Fávaro teria descumprido um acordo informal feito entre o governo e o Congresso e ameaçaram uma rebelião. Para contornar o problema e sem consultar o ministro, a equipe de Padilha estuda uma forma de cancelar os empenhos e rever a destinação dos recursos. É improvável que isso aconteça.